Presidente do SISMI e prefeito de Irati comentam a data-base e a greve


Bodnar afirma que não houve consenso entre o sindicato e o Município. Burgath enfatiza que, no acordo para o pagamento dos 35% a data-base estava condicionada ao aumento de receita, o que poderá ocorrer ainda neste ano, e  pede compreensão aos funcionários


O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Irati (SISMI) reuniu os funcionários, neste dia 24, em uma assembleia geral  para a discussão da data-base da categoria. Na ocasião, os servidores apoiaram a alternativa da realização de uma greve  no mês de maio.

De acordo com o presidente do SISMI, José Bodnar, não houve acordo entre o sindicato e administração municipal quanto à reposição inflacionária de 5,91%. "A gente tentou e esgotou todos os meios legais", afirmou.  Outra reclamação de Bodnar é que não foi formalizada nenhuma proposta da administração ao SISMI quanto à reposição.

O prefeito Odilon Burgath disse que esteve reunido com a diretoria do SISMI em três ocasiões, mas que espera poder conversar diretamente com os funcionários,  "para saber se a greve é vontade deles ou o motivo é de ordem política". Ele  defende que a reposição salarial seja dada quando houver perspectiva de aumento de receita. Atualmente, segundo Burgath, a projeção de receita é para o cumprimento do acordo referente a ação dos 35%, firmado com os servidores em 2013.  Nele, foi estabelecida  a incorporação parcelada do montante. Ainda, de acordo com Burgath,  "uma cláusula do acordo diz que a administração dará a data-base conforme aumento de receita".  Bodnar não concorda. "O acordo é um direito nosso", enfatizou o presidente do SISMI.

O prefeito relembrou que,  em 2013, quando houve o consenso entre a administração e os funcionário para o pagamento parcelado dos 35%,   o município ainda poderia recorrer.  "Embargos infringentes poderiam ser tentados junto ao Supremo Tribunal Federal, mas nós quisemos acabar com este problema", destacou Burgath, acrescentando que foi feito  um esforço grande, com o intuito de valorizar o funcionalismo.

Ele ainda reclama pelo fato de não ter tido a oportunidade para expor os dados referentes à situação financeira do município ao funcionalismo durante a assembleia realizada no dia 24. O prefeito  cita, embasado na própria exposição do presidente do SISMI, José Bodnar, em entrevista à Radio Najuá, que não houve pagamento da reposição durante três anos na gestão anterior,  o que foi compensado no último ano, e não ocorreram paralisações. A atitude diferente em relação ao seu governo, mesmo com o acordo dos 35%,  levou Burgath a fazer o questionamento: "Será que há algum fato político que não estou sabendo?"

Informações divergentes
De acordo com dados apresentados pelo SISMI aos funcionários, o gasto mensal com pessoal  do Município de Irati é de aproximadamente R$ 3 milhões.  O prefeito informa que são R$ 3 milhões e 418 mil. 
Segundo o SISMI,  seriam aplicados mensalmente R$ 120 mil para o pagamento das funções gratificadas, o que é contestado pelo prefeito, que diz serem  R$ 69 mil - valor que  ele afirma que já era pago em gestões anteriores,  como horas-extras fixas.  
Quanto aos cargos comissionados, Burgath conta que atualmente há 82 funcionários contratados, 20% a menos que o total da tabela, que poderia ser de 102 contratados.
Portanto , de acordo com as projeções do SISMI a reposição  inflacionária seria possível.  Entretanto, o prefeito afirma que "neste momento, em abril, não temos condições de dar".  

Prefeito  solicita compreensão
Burgath pede compreensão aos funcionários e cita que a administração está tomando atitudes para ampliação de receitas. Ele pontua algumas delas: aquisição de uma imagem de satélite para que seja cobrado o IPTU de residências não averbadas (que constam como terreno apenas),  fiscalização das instituições financeiras quanto a pagamento do ISS,  Nota Fiscal Paranaense, implantação do Estacionamento Regulamentado no segundo semestre.  "A arrecadação vai crescer e, com este crescimento, uma fatia vai ser para arcar com a data-base", finaliza o prefeito.

Próximos passos
O SISMI tem o prazo legal de 72 horas para notificar o Município quanto à greve. Quando a notificação chegar, será analisada pela procuradoria para verificação da legalidade do movimento.
Bodnar comenta que foi definida a realização de um manifesto de protesto no dia 1o de maio. Os funcionários seguirão da Prefeitura até o Estádio Municipal, onde estará ocorrendo o Torneio do Trabalhador. "Faremos o manifesto para pressionar  que a prefeitura pague a data-base", disse Bodnar. O presidente do SISMI solicita que a manifestação seja ordeira e que não ocorram, por exemplo, danos ao patrimônio público.
Depois do manifesto, segundo Bodnar, os funcionários serão informados sobre a greve. "Vão ser mantidos os serviços básicos", finaliza.  



Texto: Letícia Torres/Hoje Centro Sul, com reportagem de Rodrigo Zub e Sássa Oliveira 
Fotos: Arquivo/Hoje Centro Sul