Palácio do Pinho em Irati, Patrimônio Histórico do Paraná

Casa histórica retrata o auge do glamour e riqueza no período do ciclo de ouro da madeira, assim como, carrega a memória do município de Irati, interior do Paraná

Pertencente originalmente à família Xavier de Miranda, a casa, conhecida como Palácio do Pinho, construída em 1912, fica em meio à Flona, Floresta Nacional de Irati e foi tombada como patrimônio histórico na década de 90.

O imóvel é parte de uma propriedade com 1200 alqueires, onde funcionava a antiga Serraria Florestal Miranda, umas das maiores e mais modernas empresas da região, naquele tempo. A empresa mantinha 800 funcionários, um armazém, uma capela e uma estação ferroviária particular, além da vila operária e contribuiu diretamente para o crescimento econômico social de Irati e de todo estado do Paraná.

Situada aproximadamente a um quilômetro da BR-277 a casa fica na unidade do Iapar de Irati e possui aproximadamente 500m² de área construída, com quase 40 espaços entre quartos, salas, sótão e porão.

É construída em dois pavimentos, possui uma escada maciça em imbuia e pisos de parquet em todos os cômodos. Possui em sua construção pinturas afrescos, além de ser construída em madeira nobre, carvalho, pinheiro e imbuia, sendo as paredes duplas sem pregos, ou seja, são encaixadas. O portão art nouveau fechado, guarda uma raridade única, um palácio elegante por fora e muito suntuoso por dentro.

Segundo o livro Espirais do Tempo, da Secretaria de Cultura do Paraná, "o aspecto mais notável dessa edificação é o seu partido arquitetônico. Construída totalmente em madeira, foge, porém, completamente, dos modelos usuais dessa técnica difundidos no estado do Paraná; tendo como parâmetros comparativos as mansões anglo-americanas do século XIX."

Durante muitos anos a família de Alberico Xavier de Miranda, Maria da Conceição Pinto de Miranda e filhos residiram lá. Sr. Alberico era conhecido como empresário inovador, sempre atento a novas soluções tecnológicas e de negócio. Ele recebeu a casa de seu pai, Guilherme Xavier. 

Em entrevista ao importante político Rafael Greca de Macedo, que esteve e escreveu sobre o local, as filhas de Sr. Alberico, Maria e Odete, recordaram: "quando mamãe foi morar lá, com os primeiros filhos ainda pequeninos, é que papai resolveu construir a casa, lá no meio do sertão. Tinha-se a impressão que era uma casa do centro de uma cidade grande. Foram os operários alemães da serraria que construíram o casarão. Os jardins obra do paisagista italiano Giotto, o mesmo que fez os jardins do Passeio Público de Curitiba, com cerquinhas em cimento, imitando galhos e troncos de árvores, e a gruta romântica, por encomenda do prefeito Cândido de Abreu, nos idos de 1912-1916."

Moradores, filhos de funcionários da antiga serraria, que viviam na vila operária, contam, em entrevista à Casa da Cultura de Irati, o quanto bela foi a residência dos Xavier. "Morei na fazenda florestal por um tempo, meu pai era engenheiro agrônomo da fazenda. Pessoas de Irati iam no sábado e no domingo para tirar fotos, porque lá era muito bonito. Era um ponto turístico da cidade. A casa foi construída pelo Sr. Miranda, e era tudo muito bonito, desde a parte de fora até por dentro da casa, eles trouxeram algumas coisas da Europa.Tinham muito bom gosto", menciona Ceres Caron.

Tombamento e Manutenção
A casa foi tombada no início dos anos 90, amparada pela Lei Estadual 1211/53 que dispõe sobre o patrimônio histórico, artístico e natural do Estado do Paraná. “Com base nesta lei, a casa foi protegida pela singularidade, pela exemplaridade e pela qualidade como foi construída, como ela estava na época, porque é muito raro encontrar na arquitetura de madeira tanta qualidade quanto tem nesta casa, os forros em estuque decorada a mão, esses revestimentos de parede que dão uma nobreza, que isso é mais comum encontrar em casas urbanas e em casas de alvenaria”, explica a Coordenadora de Patrimônio Cultural do Estado do Paraná, Rosina Coeli Alice Parchen.

O governo do estado possui projeto de restauração para o local, reformando desde as paredes até a decoração da casa, porém não há recursos no momento para a reforma. “Se tivéssemos o recurso hoje, eu acredito que levaríamos de oito meses a um ano para fazer uma obra completa, porque aqui tem uma estrutura grande que precisa ser recuperada”, relata Rosina.

O diretor de administração e finanças do Iapar, Altair Sebastião Dorigo comenta qual era a expectativa do instituto para o casarão. “A expectativa  era conseguir o recurso para começar o restauro. Como ainda não foi possível, queremos evitar esse processo de abandono continue. A nossa expectativa é começar a consertar o telhado pra pelo menos tentar manter a casa no estado que ela está e se possível conseguir recurso para o restauro”, explica Altair.

O que será feito de imediato no Casarão será uma restauração na cobertura do local. Mas o restante das obras segue sem definição de data de início, aguardando a liberação dos recursos destinados para a reforma da mansão.

Segundo Claudete Basen, secretária de Cultura, Patrimônio Histórico e Legado Étnico de Irati, "O Palácio do Pinho é uma construção histórica com referências européias, um imóvel de beleza extrema e que mantém ainda as suas características originais. Nesse momento, com autorização do Estado, será feito apenas uma intervenção emergencial, uma reforma preventiva no telhado."
Parte da memória de Irati e de todo Paraná, o Palácio do Pinho, um patrimônio reconhecido, é o retrato de um tempo áureo, de desenvolvimento, de empreendedorismo e de inovação para a época. Como ficará se restaurado e ao que servirá, ainda será resolvido. 
Odilon Burgath, prefeito de Irati, comenta o quão importante o Palácio do Pinho pode vir a ser para o município.

"A importância dessa restauração da construção está em resgatar a memória de nosso povo, bem como, de tornar o local um ponto turístico que pode contribuir novamente para o crescimento econômico e cultural do município".

Odilon comenta que, quando finalizada, a obra deverá atrair muitos turistas para o município. Segundo ele, "estamos preparados com estrutura hoteleira e gastronômica para receber os apaixonados pela história do Paraná e de nosso município, bem como, os interessados em reviver a arquitetura da época", finaliza.

Secom 
Prefeitura de Irati

Serviço
Localização: Rodovia Celso Garcia Cid, km 375.
Data da Construção: Início do século XX
Construído por: Alberico Xavier de Miranda
Proprietário: Instituto Agronômico do Paraná, IAPAR
Tombamento Estadual: Processo nº006/90, inscrição nº 102, Livro do Tombo Histórico de 30/07/1990.