Feijão safrinha é boa oportunidade para o aumento de renda

Além da rotação de culturas que o safrinha proporciona, o custo para o manejo é baixo


De Kaio Ribeiro


Uma boa oportunidade para os agricultores que cultivam fumo, após a colheita, é o plantio do feijão safrinha.
Altair Ganz, coordenador de produção vegetal da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), ressalta que a expectativa dos programas de feijão que a Emater realiza é deflagrar uma safrinha, com a utilização das áreas que vão sendo liberadas do fumo, após sua colheita, aumentando assim a renda do agricultor, bem como propiciando a rotatividade de culturas, essencial para manter a qualidade do solo e o controle de pragas. “Nós aqui da extensão queremos que o produtor ganhe mais dinheiro, que ele aproveite a sua área disponível pra fazer um ganho a mais, até porque o feijão preto com 125 reais  por saca é um bom preço, comparando com os 70, 80 reais de dois, três anos atrás,” explica.
O engenheiro agrônomo da Emater, Flávio D´Angelo, afirma que há uma expectativa em relação ao feijão safrinha pelos produtores de fumo da região. D´Angelo observa que em função de algumas chuvas de pedras localizadas em certas áreas do Centro Sul, os produtores não tiveram o efeito econômico desejado com a lavoura de fumo. “Eles têm uma expectativa que o feijão da seca, o feijão safrinha, possa cobrir esses prejuízos,” explica o agrônomo.

 

[caption id="attachment_35390" align="alignleft" width="300"]@ Kaio Ribeiro Na propriedade de José Pires o feijão das águas deu bom rendimento, ele espera agora plantar o feijão safrinha. Foto: Kaio Ribeiro[/caption]

O ciclo da safrinha é de 65 dias, sendo o dia 31 de janeiro o último dia oficial para o plantio, porque assim não há riscos da lavoura enfrentar uma geada ou o frio que pode surgir no mês de abril. “No feijão safrinha não há o risco de chuvas como na safra longa,” completa Ganz, explicando que o feijão de safra longa, também chamado de feijão das águas, pode sofrer com a chuva de janeiro, que coincide com a época de sua colheita.
Outro benefício do plantio do feijão safrinha é a economia. “Pra você produzir a folha de fumo, a tecnologia recomenda uma quantidade grande de fertilizantes, então terminou a colheita de fumo, existe um residual do fertilizante que não foi aproveitado, você prepara a terra mas sem fertilizante, aproveita a soquera do fumo pra plantar o feijão,” explica Altair Ganz.
Flavio D´Angelo também ressalta a importância da rotatividade de culturas. “Se houver rotação de cultura, tem algumas doenças que se manifestam na safra seguinte com menos intensidade,” comenta. Além de que as pragas do fumo não vão afetar o feijão.
Os técnicos da Emater orientam aos pequenos agricultores que plantam o feijão safrinha, a fazer a colheita mecânica.  “Pra você arrancar feijão são três trabalhos sacrificados, você arranca os pés, coloca em feixes pequenos, deixa secar, daqui a pouco você faz um feixe maior e bate, tudo isso é muito desgastante,” explica Flávio D´Angelo.
O preço da hora-máquina de uma colheitadeira é praticamente o mesmo da mão-de-obra, explica. Assim, o agricultor também foge de riscos climáticos, pois a colheita mecânica é rápida. E simplifica sua colheita, já que a mão-de-obra não é encontrada facilmente na região.
Mercado
Paulo Wasilewski, comprador de feijão e gerente da empresa Cereais Bramil Ltda, explica que esse ano diminuiu a área plantada do feijão preto, contanto o preço aumentou para R$ 125 a saca. Ele ainda afirma que ano passado muitos agricultores plantaram o feijão carioca, devido ao bom preço, de até R$ 240 a saca. Esse ano o feijão carioca está a R$ 70, e há uma grande quantidade de agricultores esperando pra vender, mas a procura é pouca.
Wasilewski ainda completa que o preço atrativo da soja incentivou muitos agricultores a investir na cultura, e deixar de plantar o feijão safrinha. O risco, segundo Wasilewski, é de que falte o feijão preto, mais comum na região, nas prateleiras do supermercado se não houver um aumento do plantio do feijão safrinha.