COLUNA: Saúde Mental & Psicanálise - Março de 2022
Saúde Mental e Infância
Atualmente, a discussão sobre questões psicológicas na infância vem ganhando força. Fala-se principalmente sobre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e o Autismo, que são bastante diagnosticados em crianças. Juntamente com os diagnósticos, vem a indicação de uso de medicação psiquiátrica, com o objetivo de que os sintomas sejam inibidos. Assim, os medicamentos podem trazer certo alívio ao sujeito e sua família. Mas, vem ao caso discutirmos sobre esta problemática, visto as diversas variáveis em jogo na psiquiatria dominante, que é a que classifica o sofrimento psíquico como transtornos.
Questionando o modelo dominante de se fazer saúde mental, existe outro modelo, que não prioriza o fator neurológico – entendendo que os transtornos são causados por disfunções cerebrais – mas que entende que existe o sofrimento psíquico, que faz parte da vida de todos e aparece em diferentes graus, tendo causas diversas e complexas. Nesse modelo, se considera os fatores culturais, sociais, econômicos, enfim, coletivos que estão em jogo na vida dos sujeitos e não apenas os fatores individuais do sofrimento humano, medicando algo que se entende causado por uma questão cerebral do indivíduo.
Como a criança é um sujeito em constituição, não é possível realizar um diagnóstico fechado, então se trabalha com o sofrimento que ela apresenta, não buscando uma nomeação. Assim, o que se busca é fazer uma leitura de como a criança vem se posicionando na escola, na família e em outros ambientes, e do que é demandado dela. Também é importante levar em conta a forma com que os adultos conseguem lidar com as manifestações de sofrimento na infância, o quanto sustentam a forma de expressão das crianças, e a benefício de quem está a busca pela inibição dos sintomas na infância.
Paula Benato
CRP: 08/26034
Graduação em Psicologia pela UNICENTRO
Especialização em Saúde Mental e Psicanálise pela PUC-PR
Percurso em Psicanálise
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