Saúde Mental Coletiva e o Janeiro Branco

    




COLUNA: Saúde Mental & Psicanálise - Janeiro de 2022 

Saúde Mental Coletiva e o Janeiro Branco


O janeiro branco é considerado o mês de conscientização da saúde mental. É uma campanha que trouxe visibilidade ao tema da saúde mental. As campanhas, porém, seguem a linha hegemônica de cuidado à saúde, que trata o sofrimento psíquico como transtorno mental, individualizando a questão e tratando o sofrimento como se fosse um déficit da pessoa que sofre, e não decorrente de muitas variantes que não dependem só do indivíduo, mas também de problemas coletivos. 

O desemprego, a falta de moradia, a crise na saúde pública e a falta de acesso à alimentação são exemplos de problemas políticos que afetam a saúde mental das pessoas. Outra problemática é sobre o que consideramos ou não normal em relação à saúde mental, pois isso está de acordo com normas construídas numa sociedade que busca a produtividade a todo custo, sem dar espaço à subjetividade. Não há como pensar em tratar questões relacionadas à saúde mental sem antes garantir os direitos básicos. E muitas vezes enxergar o sofrimento como um transtorno mental acaba atribuindo a culpa ao indivíduo e desresponsabiliza o coletivo de construir mudanças na sociedade. 


Embora na clínica os tratamentos sejam individuais, levando em conta a questão do sujeito, é necessário ter em mente o contexto em que a pessoa atendida está inserida e saber que nem todos os problemas se resolvem com terapia ou análise. E por isso é importante entendermos as questões de saúde mental como algo coletivo, que depende também de mudanças estruturais na sociedade e não apenas da implicação de cada um com seu próprio sofrimento. 


Paula Benato
CRP: 08/26034

Graduação em Psicologia pela UNICENTRO
Especialização em Saúde Mental e Psicanálise pela PUC-PR
Percurso em Psicanálise

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