Família iratiense se despede por meio de vídeoconferência de homem que morreu de covid-19

Na data do dia 22 de julho, a secretaria de saúde anunciava a segunda morte por covid-19. Tratava-se de um servidor público de 51 anos. O homem faleceu em Curitiba, estava lutando contra um câncer e acabou sendo infectado por covid-19 e veio a óbito. A família, enlutada, ainda não sabia o sofrimento que seria para que ocorresse o traslado do corpo até Irati. Foi quando a família descobriu que não pode ter um traslado para outra cidade quando a pessoa morre de covid-19 na Capital Paranaense. O sofrimento de uma família que acaba de perder um ente querido, estava aumentando a cada minuto que se deparavam com as leis desta pandemia.  Seus familiares  relataram em redes sociais como foi estes últimos dias, e relataram como que resolveram essa situação. Sem despedida de perto, a única alternativa foi uma despedida via vídeo conferencia, foi o que relatou um dos sobrinhos. Acompanhe este emocionante relato logo abaixo:
Boa tarde amigos, peço que leiam com atenção o relato a seguir:
Essa semana infelizmente perdemos nosso Tio  😭😭😭 digo nosso, pois todos sabem que eu e a Nádia usamos o perfil do Facebook juntos e também porque há 13 anos estamos juntos e há 13 anos a família dela se tornou a minha também! O Tio Celso descobriu um Câncer há uns meses e dia 08/07 veio até o Hospital Erasto Gaertner aqui em Curitiba para fazer a biópsia. Infelizmente de lá ele já não saiu mais com vida. A causa da morte: Pneumonia + Infecção por Cononavírus, Neoplasia (Câncer). Se não bastasse a notícia já ser triste demais por saber que como foi diagnosticado com o COVID19 já não teria velório e teríamos que nos despedir de longe, ainda descobrimos que existe um decreto, o DECRETO 523 de 09 de Abril de 2020 que proíbe o translado de restos mortais de casos confirmados ou até mesmo suspeitos de COVID19, ou seja, se a pessoa morre aqui em Curitiba, tem que ser enterrada ou cremada aqui ou no máximo na região metropolitana...E aí vem a parte mais triste, ligar para Irati, para minha Tia e avisar que além de tudo ela, os filhos, o neto, as outras irmãs, sobrinhas e sobrinhos, não poderiam se despedir nem do caixão dele, pois não poderíamos levar ele até Irati. Gente, é uma situação tão devastadora que chega a ser desumano... Depois de tentarmos todos os meios possíveis e tentar fazer com que entendessem que não era justo com a família, fomos vencidos pelo cansaço e pelo cumprimento da lei tivemos que deixar ele no Crematório Vaticano em Almirante Tamandaré para que depois possamos levar pelo menos as suas cinzas para que a família possa se despedir dele... No Crematório fizemos uma chamada de vídeo para que minhas tias pudessem se despedir, olha eu acredito que tenha sido a cena mais triste que já presenciamos...Optamos por fazer esse relato para tentar informar aos nossos amigos da existência desse DECRETO 523... Pois nós não tínhamos idéia de que isso existisse. Sabemos que muitas pessoas vem de fora para tratamentos aqui em Curitiba, não só no Erasto Gaertner, mas em outros hospitais também, então quantas famílias são pegas de surpresa com essa situação e quantas ainda passarão por isso? A questão é que se a pessoa ainda tem parentes aqui, ainda dá-se um jeito, mas e aqueles que não tem ninguém? E aqueles que vem do nosso interior do Estado e que na sua simplicidade não sabe nem o que é cremação e que optam por enterrar aqui? Ter que além da dor da perda do ente, ter que deixar o corpo em uma cidade longe e ainda ter que comprar terreno ou pagar cremação.  - Então pessoal, por favor, se cuidem mesmo, realmente os relatos que vemos na TV e nas redes sociais são verdadeiros e ainda mais triste quando chega perto de nós e leva aqueles que amamos... Fiquem com Deus e por favor rezem, orem, enviem boas vibrações para nossa família, que nesse momento está tão devastada. Intercedam por nós e por todos aqueles que tem alguém lutando pela vida e pelo direito de se despedir de seus entes!