Claudinei Devebida |
Pais
presentes: A importância da figura paterna para a formação dos filhos
Não é de hoje que
ouvimos dizer que mãe e filho tem uma ligação muito forte, devido ao processo
de gestação, de amamentação, etc. Mas, hoje em dia, não é difícil perceber a
ligação que também se estabelece entre pai e filho.
O papel do pai mudou
muito no decorrer dos anos. Antigamente, o pai tinha como função sustentar e
garantir a segurança da família. Hoje, muito além disso, o papel do pai é
extremamente importante na criação e educação dos filhos.
Celso Specht |
O pai começou a se
aproximar mais do contexto familiar, porque também houve uma evolução na função
da mulher. Hoje, normalmente as mulheres saem de casa para o trabalho e as
tarefas domésticas passaram a ser divididas, e uma delas é cuidar das crianças.
A psicóloga Vanessa
Aparecida Hecavei desenvolve programas para melhorar o relacionamento entre
pais e filhos. “Com o meu trabalho eu percebo que a maioria dos pais sempre
estão presentes, sempre querem saber das crianças e acompanham mais esse
período da infância e adolescência”, explica.
Vanessa realizou uma
pesquisa sobre a importância do pai na gravidez e pôde verificar como os pais
estão mais presentes desde o momento da gestação. “Hoje em dia ouvimos muito
falar em ‘estamos grávidos’, porque não é só a mulher que está grávida, mas é o
casal que está à espera de um bebê”.
Já a partir da gravidez
que começa um trabalho de envolvimento do pai com o filho. “As tarefas acabam
sendo divididas para que o bebê perceba que ambos, pai e mãe, se preocupam com
ele. Por exemplo, enquanto a mãe amamenta, o pai fica responsável por dar banho
e trocar a fralda”, comenta a psicóloga.
A presença do pai faz
muita diferença na formação do filho. Vanessa explica que é perceptível a
diferença entre crianças que tem a figura paterna presente e as que não conseguem
usufruir disso. “O pai ainda representa uma maior segurança para a mãe, para a
casa, então é importante para a criança ter essa segurança paterna”.
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Gabriel Maravieski |
Segundo a psicóloga, a
convivência do pai com o filho acaba trazendo benefícios para os dois. “Não só
a criança se sente amada e protegida, mas o pai também encontra, no tempo que
passa com o filho, uma espécie de descontração, é um relaxamento de todo
estresse que o dia-a-dia lhe proporciona”, ressalta.
Dicas
A psicóloga Vanessa Aparecida Hecavei ressalta algumas
dicas para que os pais estejam mais presentes na vida dos filhos:
-
Reserve um tempo para as brincadeiras: Isso vai aproximar
muito pai e filho. O pai não é a figura durona que só aparece na hora de impor
limites. A criança precisa ter ambas as visões: do pai que ama e que brinca,
mas que também coloca regras. A partir do momento que o pai tira um tempo para
dar amor, carinho e atenção para o filho, ele consegue ganhar crédito para
também colocar os limites necessários.
- Estar
disponível: Com a correria do dia-a-dia, muitas vezes o filho solicita a
atenção do pai e este não corresponde. Atender ao filho é algo primordial. É
preciso ter um tempo não só para as brincadeiras, mas para dialogar e tirar as
dúvidas que podem surgir na cabeça do filho. A criança vê o pai como um super-heroi,
então ela busca as respostas para a vida nessa figura exemplar. Por isso é tão
importante estar disponível para ouvir a criança.
-
Demonstrar amor: Muitas vezes os pais querem suprir a
falta na vida dos filhos com presentes, substituindo o carinho pelo dinheiro.
Mas não é isso que as crianças precisam. Os filhos querem atenção. E se o pai
dedicar pelo menos 15 minutos do seu dia para o filho, a criança vai perceber o
quanto o pai também o ama.
-
Dialogar: Os pais precisam assumir esse papel que, em muitos
casos, acaba ficando só com a mãe. O pai também precisa perguntar sobre as
tarefas da escola, sobre os amigos do filho, sobre as brincadeiras. São nessas
conversas, de uma forma mais tranquila, que o pai também consegue colocar
regras e educar o filho.
-
Contato: As demonstrações de afeto são muito importantes e,
hoje, é o que as crianças mais sentem falta. O contato físico através do
abraço, de beijos, é essencial. Os pais devem perceber como o seu filho gosta
de ser amado: há crianças que gostam de cafuné, outras detestam; algumas gostam
de massagem, de cócegas. Portanto, não adianta o pai dar o carinho que ele
quer, é preciso descobrir como seu filho gosta de ser amado.
Depoimentos:
Celso
Specht – “Eu fui criado no interior e eu também fui padre,
então eu tive um tipo de educação e tento passar isso para ele da melhor forma.
O Davi está com 6 anos e ele tem alguns problemas comportamentais na escola e o
meu papel como pai é aconselhá-lo e estar sempre presente. Mais do que um pai,
eu sou um amigo, gosto de brincar, de correr, rolar no chão. Pai não é só
aquele que chama a atenção, acredito que tudo tem que ser na base da conversa,
às vezes é difícil controlar, mas com diálogo tudo vai se resolvendo”.

Gabriel
Maravieski - “Ser pai hoje já não comporta mais relegar a
criação somente à mãe. A presença deve ser constante na vida do filho, em cada
passo, em cada sorriso, em cada choro. É triste ver que muitos homens ainda não
percebem a grandeza do dom de ser pai e deixam passar em branco muitas
oportunidades de maior aproximação com o filho. Porque ser pai vai além de um
título, e transborda a completude da palavra em ações que demonstram carinho e
afeto. Ser pai é ser rocha e lume, mas também é ser poesia e serenidade na vida
do filho”.
Ana Paula Shereider/Hoje Centro Sul