Na região Centro Sul, a plantação de trigo é maior
representante da cultura de inverno. Segundo levantamento do Núcleo Regional da
Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) em Irati, dos 36
mil hectares plantados no período de inverno, 25 mil são plantações de trigo.
As demais culturas são aveia branca e preta, com
plantação aproximada de 8 mil hectares; canola (cultura nova na região que está
sendo implantada nos últimos três anos em áreas menores) com 450 hectares;
centeio com 150 hectares; cevada que totaliza 1200 hectares; e o triticale (espécie
que tem as mesmas características do trigo, porém mais rústica, serve como uma
mistura na área das farinhas e como alimentação animal) com plantação de 1200
hectares.
A engenheira agrônoma, Adriana Baumel, explica que
mesmo a cultura do trigo sendo a mais difundida na região e o total de plantio
chegar a 36 mil hectares, as culturas de inverno representam apenas 14% da área
de plantio feita no verão, onde as plantações de milho, soja e feijão chegam a
260 mil hectares. “Isso acontece por conta do preço das espécies, são culturas
mais caras que não trazem tantas vantagens para o produtor”, explica Adriana.
Segundo a engenheira agrônoma, ainda pode haver
redução no total da área plantada. “Foi feito um levantamento em março sobre a
intenção de plantio de trigo na região, que era maior, mas devido ao preço dos
insumos teve uma redução de área plantada”.
A engenheira explica que nas demais áreas onde não se
cultiva a cultura de inverno, os agricultores fazem adubações ou a cobertura de
solo com pastos, além disso, há plantação de cebola e batata.
O clima chuvoso também interferiu no processo de
plantio do trigo. O zoneamento para plantação do trigo estava previsto do dia
1º de junho à metade de julho. Entretanto, alguns produtores não conseguiram
terminar de plantar. “Os agricultores estavam esperando melhorias no clima e
como já está passando a época é provável que algumas áreas nem sejam
plantadas”, explica Adriana.
É o caso do agricultor Sidnei Benski. Ele começou a
plantar trigo há cerca de dez anos em sua propriedade de 150 hectares. Segundo
o agricultor, o plantio foi antecipado também por conta da colheita, pois quando
a mesma está em seu pico, a entrega acaba sendo mais demorada.
Sidnei também comenta da preocupação em relação ao
clima úmido. Ele é um dos produtores que não conseguiu finalizar todo o
processo de plantação. “Nós estamos com excesso de água na região e o terreno
já é bastante acidentado, por isso é difícil colocar o maquinário. Ainda não
conseguimos fazer a limpeza e nem aplicar os fungicidas”, conta o agricultor.
A colheita do
trigo está prevista para novembro, mas a preocupação está no atraso do plantio.
“Isso também vai atrasar a colheita e a cultura que vem na sequência é a soja,
e o plantio da soja não é interessante que atrase”, conclui Adriana.
Ana Paula Schreider / Hoje Centro Sul
Fotos: Ciro Ivatiuk / Hoje Centro Sul