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Edição do dia 01/07/2015 |
Contrassenso
A publicidade dos atos do poder público é desnecessária.
Este é o conceito defendido por entidades que teoricamente primam pela
transparência e cotidianamente procuram jornais e emissoras de rádio para expor
seus pontos de vista. Há um contrassenso, por um lado, os meios de comunicação
são imprescindíveis para que a população em geral tome conhecimento das ações
de fiscalização realizadas por entidades como o Observatório Social de Irati e,
por outro, são completamente desnecessários para a divulgação legal das ações
do poder público, sobretudo se o meio utilizado for a publicidade.
É isso que defende uma petição/recomendação assinado por
diversas entidades: Associação Comercial e Empresarial de Irati (Aciai), Conjove, Rotary Club, Loja Maçônica, Igreja Católica, Conselho da
Comunidade, Sindicato dos Servidores Públicos, Ordem dos Advogados do Brasil-Subseção
Irati, protocolada na Câmara Municipal de Irati, em 26 de junho.
O manifesto é contra um processo de licitação da Câmara Municipal de Irati para contratar uma Agência de Publicidade ao valor anual de até R$ 60 mil (até R$ 60 mil porque nas licitações os preços costumam baixar). Neste contexto, seriam menos de R$ 5 mil mensais que poderiam ser utilizados pelo Legislativo em um plano de comunicação que, caso contemplasse apenas a divulgação em veículos de imprensa sediados em Irati, seriam em cinco rádios, dois jornais bissemanais, além de revistas e outras.
O manifesto é contra um processo de licitação da Câmara Municipal de Irati para contratar uma Agência de Publicidade ao valor anual de até R$ 60 mil (até R$ 60 mil porque nas licitações os preços costumam baixar). Neste contexto, seriam menos de R$ 5 mil mensais que poderiam ser utilizados pelo Legislativo em um plano de comunicação que, caso contemplasse apenas a divulgação em veículos de imprensa sediados em Irati, seriam em cinco rádios, dois jornais bissemanais, além de revistas e outras.
Um plano de
comunicação é um estratégia de ação para aproximar o que é feito por
determinada entidade pública ou empresa
privada das pessoas com as quais deva interagir. No caso de uma empresa
privada para tornar mais conhecidos os
seus produtos e aumentar o faturamento.
No caso do setor público, para tornar mais conhecidas as ações e
serviços realizados, o que melhora o relacionamento com a população. De forma
mais específica e direta, a comunicação
e publicidade governamental servem para
que as pessoas tenham subsídios para
buscarem mais os seus direitos; para
esclarecer sobre temas relacionados à saúde - pois a prevenção de doenças
repercute em economia -; para divulgar
eventos voltados à população; para em longo prazo formar conceitos, como por exemplo, o de que é importante
separar o lixo - o que colabora para a preservação ambiental e também repercute
na redução despesas para o poder público.
No caso do Poder Legislativo ressaltamos que, muitas vezes,
sequer a função do vereador é compreendida por grande parte da população. Não
caberiam ações nos planos de comunicação das câmaras municipais brasileiras
voltadas à explicar que é o vereador que tem a importante função de fiscalizar
o Poder Executivo? Em tornar claro o
quanto esta função, quando bem exercida, pode trazer economia aos cofres
públicos e pode evitar irregularidades, como o superfaturamento em licitações? As Câmara Municipais precisam sim investir em comunicação, em boas campanhas
publicitárias que informem, que enfatizem a relevância da fiscalização, da criação de
leis adequadas às necessidades do cidadão.
Apenas quando os cidadãos não tiverem qualquer dúvida quanto
ao papel do vereador, quanto a atuação
do vereador, as democracias poderão ser fortalecidas. Se nem mesmo o que o vereador que está
próximo faz e qual a sua real função é
de conhecimento geral, que se dirá sobre o deputado, o senador. Falta a
consolidação de conceitos fundamentais quanto ao sistema político brasileiro. É
preciso que as pessoas entendam mais sobre política e acompanhem o que está
acontecendo ao seu redor.
Defender que a Câmara Municipal de Irati deva deixar de
buscar uma comunicação eficiente com os cidadão para devolver verbas ao
Executivo é um raciocínio precário. Cada Poder é independente. Há leis que determinam quanto do orçamento
municipal pode ser utilizado pelas câmaras municipais em todo o país. Não é
prerrogativa de Irati. Pontuar que o investimento em comunicação é menos
importante que os gastos em obras é o mesmo que dizer que devem ser extintas
todas as secretarias municipais e estaduais de cultura, afinal, também é
difícil mensurar o quanto o acesso à arte, à música, ao teatro interferem na
formação intelectual de um cidadão e o quanto isso muda a sua vida.
Da mesma forma, a informação que leva as pessoas interagirem de forma diferente com a realidade que as cerca, as campanhas para que novos conceitos sejam formados no imaginário popular. São questões intangíveis, mas há exemplos reais de que a mudança acontece.
Da mesma forma, a informação que leva as pessoas interagirem de forma diferente com a realidade que as cerca, as campanhas para que novos conceitos sejam formados no imaginário popular. São questões intangíveis, mas há exemplos reais de que a mudança acontece.
Um deles foi a propagação no imaginário dos curitibanos do
conceito de que separar o lixo é fundamental. Uma ampla campanha foi feita há
mais de vinte anos e os adultos de hoje, que cresceram com este conceito, ainda fazem a separação do
lixo, morando ou não em Curitiba.
Na esfera privada, caso a propaganda não servisse para nada,
as Casas Bahia não seriam um dos maiores anunciantes do Brasil. As outras redes
do mesmo segmento também desprezariam a mídia.
Não é o que acontece.
Entretanto, na defesa encabeçada pelo Observatório Social - que negou tal atitude apesar de
representantes de outras entidades que assinaram o documento terem confirmado - nada
disso foi considerado. A comunicação é
algo supérfluo e desnecessário, disseram, em síntese. Mas, quem conheceria o que é o próprio
Observatório Social caso os meios de comunicação deixassem de ceder espaço para
a divulgação de conceitos e ações? É inaceitável e inadmissível a tese
defendida.
Editorial Jornal Hoje Centro Sul