Som alto desagrada a todos no rodeio de Irati


Participantes de CTGs e comerciantes reclamam do som alto e fãs do som automotivo acreditam que encontro de carros poderia ser realizado fora do rodeio.


O tradicional Rodeio Crioulo de Irati sempre acontece durante as comemorações do aniversário do município, ocorrerá nos dias 10, 11 e 12 julho deste ano. 

Realizado há muitos anos, o evento também tem a participação de fãs do som automotivo, que, anualmente, costumam encontrar-se durante o rodeio. Para os Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) de Irati, rodeio e encontro de som automotivo deveriam ser realizados separadamente.

Mario Pianaro Ângelo
Mario Pianaro Ângelo, do CTG Estância Jacumasso, ressalta que alguns anos atrás, a organização do rodeio já tentou separar os eventos, porém, sem sucesso. “O pessoal quer participar, porque quer fazer parte das comemorações do aniversário da cidade. Há alguns anos, tentamos fazer uma separação, mas não funcionou. Então, foi decidido que eles deveriam desligar o som à meia-noite”, afirma. Ele ainda destaca que o ideal seria realizar um evento de som automotivo antes do rodeio. “O pessoal que participa desse meio toca um tipo de som que não tem nada a ver com o tradicionalismo. Eles vão para o rodeio, porque não têm um espaço só para eles. Acho que se fosse organizado algo antes, só para eles, seria muito melhor para todos”, diz.

Para tradicionalistas, som automotivo atrapalha
o andamento do rodeio
Ico Ruva, do CTG Terra dos Pinheirais, conta que, algumas vezes, o encontro de som acaba atrapalhando as provas do rodeio. “No tradicionalismo, precisamos usar o som para fazer o acompanhamento das provas. Muitas vezes, o som alto acaba atrapalhando o andamento das provas, porque os competidores não conseguem entender”, completa. Ele também afirma que ainda não participou de um rodeio que tivesse outras atividades conflitando com o evento principal.

“Já fomos em rodeios de todo o Brasil e nunca vimos um rodeio com mostra de som automotivo. Isso de parar o som à meia-noite não dá certo. Muitos tradicionalistas, de outras cidades, que participavam do rodeio daqui, já falaram que não querem mais vir por conta disso. Acaba desconfigurando o evento”, afirma Ico Ruva.

Os comerciantes que participam do rodeio também demonstram insatisfação com o som alto. Adriano Dias Borges é um deles e comercializa seus produtos no rodeio há vários anos. Segundo ele, o encontro de som automotivo diminui a participação de CTGs, o que gera perdas tanto para os vendedores do evento quanto para a economia do município. “Muitos tradicionalistas deixam de comparecer ao evento por causa do som alto. Eles são fregueses, movimentam o rodeio e o município, pois usam hotéis, lanchonetes, etc. Sem contar que os donos das barraquinhas ficam até meio surdos com o barulho”, conta.

Para Adriano, a solução é proibir a participação dos carros de som automotivo na festa e realizar um evento separado. “Muitas vezes, a iniciativa privada já realizou eventos desse tipo e deu certo. Além disso, tinha que proibir e comunicar a todos da proibição desse tipo de evento dentro do rodeio. Assim, não tem confusão pra ninguém”, completa.  

“Seria bacana ter um evento só pra nós” 
 Itamar Matias Kolicheski, 
O dono de uma loja de som automotivo em Irati, Itamar Matias Kolicheski, explica que o público do rodeio gosta de assistir os carros com som. Porém, segundo ele, um evento em separado poderia ser uma opção mais interessante. “O rodeio de Irati é uma festa popular. Acho que, se nem todo iratiense foi, ao menos, já ouviu falar. Entretanto, seria bacana ter um evento só para nós. O pessoal libera o som até 1h ou 2h da manhã. Eu acho que não tem necessidade ser até tão tarde, porque as potências dos sons são altas e incomodam os vizinhos do local. Além disso, já percebemos pelos outros anos que até os cavalos da PM se assustam com o barulho alto e avançam nas pessoas que estão ao lado”, conta. Para ele, ter um evento separado garantiria também um maior público. “Às vezes, algumas das pessoas das equipes de som não vão, porque acaba muito cedo. Se fosse um evento só para o pessoal dessa área, com certeza mais pessoas iriam participar e assistir”, completa.








Perturbação do sossego
O artigo 42 do decreto 3.688/1941 estabelece os critérios e penas para a perturbação do sossego. A tenente Angélica, da 8ª Cia. Independente da Polícia Militar de Irati, explica que muitas pessoas ainda não entendem a lei. “Muitas pessoas ainda acreditam naquele mito de que só podem ligar pra polícia depois das 22h. Isso não existe. A lei não limita um horário. Se o barulho te incomodar, você pode acionar a polícia a qualquer momento”.

A tenente ainda ressalta que nos dias de realização do rodeio, a Polícia Militar de Irati recebe muitas reclamações muitas vezes de pessoas que residem distante do CTG pois o som é tão alto que dá pra ouvir no centro da cidade. “Nesse momento, precisamos agir com bom senso. Entendemos que é uma data festiva e muitos querem aproveitar, mas também há pessoas que precisam trabalhar e querem sossego. Geralmente, estipulamos um horário para que o som pare. Muitas vezes, as pessoas que reclamam dizem que os sons dos carros acabam incomodando mais do que o barulho do rodeio”, completa.

O decreto 3.688/1941 estabelece reclusão de 15 dias a 3 meses e multa para quem perturbar o sossego alheio. Ainda segundo a lei, em casos de algazarras, trabalhos barulhentos ou uso de aparelhos com som alto, a pessoa incomodada pode entrar em contato com a polícia. Em casos de flagrantes, o policial pode entrar na casa do morador e apreender o aparelho.

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Kyene Becker/Hoje Centro Sul