Implantação de taxímetro gera debate em Irati

Alguns taxistas apoiam a medida e outros não, a Prefeitura pretende fazer esta e outras regulamentações necessárias à classe

@Ana Paula Schreider/Hoje Centro Sul
A Lei Federal 12468/2011 prevê no Art. 8o que em municípios com mais de 50 mil habitantes é obrigatório o uso de taxímetro. A cidade de Irati já ultrapassou esse número chegando próximo a 60 mil habitantes. Ainda que seja lei, Irati e outros municípios ainda não possuem o sistema do taxímetro nos automóveis. O impasse vem gerando desconforto da população e algumas pessoas acreditam que o preço cobrado por certos taxistas é abusivo.

Rafaela Souza estuda na cidade de Ponta Grossa e costuma visitar sua família em Irati nos finais de semana. Há táxis à disposição na rodoviária, mas segundo Rafaela, o preço vai muito além do que ela imaginaria pagar. “Uma ou duas vezes eu experimentei usar o táxi, fui para o mesmo lugar, para minha casa, mas o preço foi diferente. Em uma corrida paguei R$12,00 já em outra o motorista quis me cobrar R$20,00. Depois disso, prefiro ir de ônibus, mesmo que demore mais tempo”, afirma a estudante.

O aposentado Antônio Barbosa Silva não concorda com o preço cobrado em Irati, comparando com outras cidades, mas muitas vezes se vê obrigado a utilizar o serviço. “Às vezes eu tenho consulta no hospital e para esperar o ônibus é muito demorado, tenho que pegar o táxi. Dá para ver o tamanho da diferença, porque quando vou consultar em outra cidade, por exemplo, pego o táxi e sai muito mais barato se for fazer as contas e comparar”, diz.

Os próprios taxistas concordam que a demanda caiu muito, mas segundo alguns deles a queda no movimento é atribuída à crise econômica que o país está vivendo e não ao descontentamento de alguns usuários quanto ao preço cobrado. Taxista há 36 anos, Paulo Mudrei Júnior já teve taxímetro em seu automóvel e é contra a implantação do mesmo nos carros. “Da minha parte se sair taxímetro eu paro, porque se você for pegar um passageiro você ganha só meia corrida, e tem o custo, porque os técnicos tinham que vir a cada três meses de Ponta Grossa ou Guarapuava, tinham que ficar em hotel e nós que tínhamos que pagar a estadia deles, dá muito prejuízo, não adianta”, afirma. Segundo os taxistas, a classe é desunida e cada um cobra o valor que acha adequado para a corrida. Eles acreditam que alguns vão burlar o sistema do taxímetro, cobrando taxas menores do que o registrado. “Os que não precisam muito cobram o preço lá em baixo e os que precisam ficam no prejuízo”, afirma Paulo.

Já outros taxistas acreditam que a mudança não vai fazer tanta diferença e que é uma questão de adaptação. “Os taxistas tem o taxímetro e está tudo jogado em casa. Quando foi exigido o padrão dos táxis aqui, a Prefeitura disse que ia implantar o taxímetro de novo, mas não aconteceu nada”, afirma João Maneira, taxista há 22 anos. Segundo ele, a implantação tem vantagens e desvantagens. “Ainda assim eu acho que funciona, porque se em toda parte que tem funciona aqui tem que funcionar também, aí acaba com esses motoristas que metem a faca no cliente”, conclui João.

Regulamentação
Em 30 de junho de 1999 foi criada uma Lei Municipal exigindo o uso de taxímetro em Irati, mas a proposta não durou muito tempo e o uso do aparelho não era obrigatório. Em 2012, uma nova lei foi elaborada, mas também não entrou em total vigor.

Segundo o secretário de Fazenda da Prefeitura Municipal de Irati, Luiz Valdir Slompo de Lara, o Município vai criar dentro de alguns dias o Departamento Municipal de Transporte de Passageiros, para que se possa gerir uma lei para os taxistas. “Nós já conversamos inúmeras vezes com os taxistas para que eles criassem uma comissão, ou um sindicato, ou associação dos taxistas, porque lamentavelmente é uma categoria que não é unida e a melhor maneira para se resolver o problema é uma associação. Como isso não aconteceu, a Prefeitura precisa tomar providências. Por isso a criação do Departamento de Transportes, que ficará com a responsabilidade de regulamentar não só a implantação do taxímetro, como disciplinar as ações dessa categoria”, explica o secretário.

Segundo Slompo, a regulamentação da Lei elaborada em 2012, que inclui a criação do Departamento Municipal de Transporte de Passageiros, está prevista para daqui 30 dias.


Ana Paula Schreider/Hoje Centro Sul