Manifestações

@Arquivo: planalto.gov.br
Praticamente simultâneas, duas greves começam, a dos professores universitários, que tem um aspecto estadual e a dos caminhoneiros, com ações nacionais. A primeira vista, não há nenhuma relação entre elas, já que as propostas encaminhadas em nada convergem. Entretanto, os dois atos têm em comum a sua simbologia, a de mostrar uma classe que não vê seus direitos atendidos e que busca as ferramentas disponíveis para alcançar seus objetivos.

O Brasil tem um grande histórico de manifestações, prova disso é a eleição do ex-presidente Lula, um político marcado por movimentos grevistas ligados a causa dos metalúrgicos do ABC paulista. Outros movimentos não grevistas, mas ligados a insatisfação da sociedade como um todo também têm grande força na recente história do país, como os ‘caras pintadas’ na década de 1990, os protestos de 2013, que começaram com o foco no transporte público paulistano e que acabaram se tornando um movimento nacional, assim como as marchas contra a corrupção, em 2015.

Todas essas ações mostram o mesmo caminho: a importância de um estado plenamente democrático. François Voltaire, filósofo iluminista francês, nunca conheceu o Brasil e muito menos teve tempo de em vida conhecer as revoltas recentes daqui, mas proferiu uma frase que deveria ser seguida por qualquer governante: “Discordo daquilo que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de o dizeres”.

Esse é o espírito que o governo estadual e federal tem que adotar frente às greves de agora. Mesmo que discordem ao máximo da pauta dos manifestantes, acreditando que o que pedem é inviável e até mesmo absurdo, é necessário dialogar em busca de um ponto comum, ou no mínimo, não reprimir com o uso da força policial o seu direito de protestar. Se isso não bastar, eles devem lembrar que o povo que os colocou em suas cadeiras é o mesmo povo que pode juntar forças para derrubá-los.