Comissão busca Identificação Geográfica para erva-mate em São Mateus do Sul

O registro de Identificação Geográfica (IG) é dado a produtos que são característicos de determinada região e com qualidade única. Em São Mateus do Sul, uma comissão foi organizada em dezembro de 2014 para garantir o selo de qualidade à erva-mate, um dos produtos mais tradicionais produzidos pela região.

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A IG é concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial, o reconhecimento se assemelha ao do vinho do Porto, em Portugal e ao champagne, na França. O registro confere qualidade, reputação, valor e identidade própria a determinado produto, fazendo com que ele se destaque de seus similares disponíveis no mercado.

Antes do projeto para Identificação Geográfica, o Conselho do Jovem Empresário (Conjove), da Associação Comercial de São Mateus do Sul, montou o projeto “Despertar do Ouro Verde” com o objetivo de fomentar a produção e comércio da erva-mate através da valorização dessa cultura cultivada no município. Segundo o presidente do Conjove e integrante da comissão para IG, Helintom Lugarini, foi a partir do material recolhido para o projeto do Conjove, que o Sebrae-PR incentivou e escolheu apoiar a Identificação Geográfica da erva-mate para São Mateus do Sul.
A comissão para a IG reúne produtores, industriários e representantes de entidades, como o Sindicato Patronal da Erva-Mate (Sindimate) e o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Segundo a comissão, a erva-mate tem todos os requisitos necessários para receber a Identificação Geográfica: as indústrias, o clima que torna o produto diferenciado e a importância histórica.

A comissão é responsável por organizar os documentos necessários que afirmam que a erva-mate de São Mateus do Sul é única e típica dessa região. Com toda a documentação reunida, uma pasta será encaminhada para aprovação. O encaminhamento do projeto está previsto para outubro de 2015 e a aprovação do selo leva de um a três anos. “O selo da IG não vai beneficiar só São Mateus do Sul, toda a erva-mate que é produzida na região e que carrega as mesmas características da produção em São Mateus, vai receber o selo e isso trará um enorme benefício para toda a região”, explica Helintom.

História
A erva-mate já existe desde os primórdios do povoamento na região de São Mateus do Sul. “Quando os imigrantes chegaram a São Mateus, principalmente os poloneses, eles acabaram se adaptando com a exploração da erva-mate por ela ser nativa da região, pois era a maneira mais adequada de sustento até que as lavouras começassem a produzir”, explica a professora e integrante da comissão para a IG, Hilda Dalcomuni.

A navegação a vapor veio para complementar e melhorar o transporte da erva-mate produzida. De lá para cá, a erva-mate nunca deixou de fazer parte da economia do município, passando por altos e baixos, principalmente na década de 1920, quando houve uma grande crise, mas atualmente a produção está em alta.

Hilda é responsável por registrar a história da erva-mate que será incluída no documento a ser entregue em outubro. “No artigo, eu cito historiadores que falam da erva-mate, por exemplo, desde 1900 uma citação do historiador Sebastião Paraná, diz que São Mateus já era uma região produtora de muita erva-mate. Foi por essa produção que a região de São Mateus do Sul conseguiu se desenvolver”, conta.

Outros produtos que buscam a ID
Além da erva-mate em São Mateus do Sul, mais nove produtos buscam a Indicação Geográfica no Paraná: a uva de Marialva; o mel do Lago do Itaipu; o melado de Capanema; os queijos de Witmarsum; a goiaba de Carlópolis; a farinha de mandioca; o barreado, a cachaça e os derivados de banana do litoral paranaense. No país, há 30 produtos reconhecidos desde 2005, um deles é o café produzido no norte pioneiro do Paraná.

Ana Paula Schreider/Hoje Centro Sul