Dados do comércio revelam uma maior independência feminina

Em 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, em Nova York, realizaram uma grande greve. Entre as reivindicações, melhores condições de trabalho, como, redução na carga horária de 16 horas para 10 horas, equiparação de salário com os homens – na época, as mulheres recebiam um terço do salário dos homens para realizar as mesmas atividades –, além do tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi violentamente reprimida, aproximadamente 130 tecelãs foram trancadas dentro da fábrica e morreram carbonizadas por um incêndio proposital.


 A ideia de existência do Dia Internacional da Mulher surgiu em 1910, numa conferência na Dinamarca, no contexto da Segunda Revolução Industrial e da Primeira Guerra Mundial. A data escolhida para comemoração foi o dia 08 de março, em homenagem às mulheres vítimas do incêndio em 1857. Mas, somente em 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU, Organização das Nações Unidas.



Com o passar do tempo as manifestações de 08 de março perderam a vertente política. Hoje, a data virou uma ocasião onde se demonstra o amor e gratidão pelas mulheres. Mas, ainda que o dia tenha perdido o significado original, os movimentos feministas continuaram na luta por seus direitos e, desde então, muito foi conquistado.


O comércio é um grande exemplo da independência conquistada pelas mulheres. Sivonei Cruz, gestora de uma loja em Irati, diz que o número de mulheres que compram na loja é bem maior do que o número de homens. “Elas compram de tudo, hoje o que mais vende para mulheres são os televisores e os smartphones. As mulheres estão mais independentes e não precisam mais que os homens venham comprar os eletros para a casa”, conta.

Fotos: Ana Paula Schreider/Hoje Centro Sul

Quando o assunto é vestuário, Patrícia das Graças Ferreira, encarregada de uma loja no centro de Irati, afirma que as mulheres não procuram produtos específicos. “Elas já chegam dizendo ‘vou dar uma olhada’, e sempre acabam levando coisas a mais. Diferente dos homens, que só compram o que precisam”, explica.

Alguns podem pensar que isso só prova a superficialidade feminina em relação ao exagero de gastos, mas na verdade, só exemplifica a conquista que as mulheres adquiriram no mercado de trabalho, com uma equiparação maior de salários, entre muitos outros direitos, garantindo que muitas delas, hoje, sejam chefes de família e assumam cargos que antes eram restritos a homens.


Até mesmo em um mercado dominado por homens, como a compra e venda de carros, as mulheres tem se destacado. Pesquisas realizadas por empresas automobilísticas, em 2014, chegaram a resultados parecidos quanto à influência da mulher na hora de comprar um carro. Elas são responsáveis por 40% a 42% das compras de automóveis, além de exercer influência de 70% a 80% na decisão de compra dos homens. Isso demonstra que a equiparação ocorreu em todos os sentidos e a mulher, ao longo do tempo, tem conseguido mostrar que não há nada de frágil em sua feminilidade.

Ana Paula Schreider/Hoje Centro Sul