Obras de infraestrutura e gasoduto serão destaque em São Mateus do Sul

O prefeito de São Mateus do Sul, Clovis Ledur, acredita que o maior legado de seu governo é a
inovação. Ele conta quais iniciativas tem tomado para alterar positivamente a realidade do
município nos mais variados setores

Em São Mateus do Sul, o ano de 2015 será marcado por significativas obras de infraestrutura e desenvolvimento socioeconômico. Em entrevista ao Jornal Hoje Centro Sul, o prefeito Clóvis Ledur contou que o projeto executivo para o gasoduto Lapa - São Mateus está pronto, há orçamento estadual  e vontade política para os obras -  previstas para 2015/2016, num investimento de mais de R$ 120 milhões.

Ciro Ivatiuk/Hoje Centro Sul
Outras obras que ocorrerão no município são de pavimentação de ruas e ampliação de rede de esgoto. Ledur destaca que os maiores pedidos da população referem-se à infraestrutura e que, para atender aos anseios das pessoas, estão previstos investimento de R$ 5 milhões em pavimentação.
Outras iniciativas ressaltadas pelo prefeito são a instalação de câmeras de segurança na cidade, implantação do estacionamento regulamentado e as negociações em torno da construção de um novo hospital. Além disso, chamam a atenção os expressivos investimentos no setor de saúde que, segundo Ledur, em São Mateus do Sul chegam a 30% do orçamento.

De modo geral, como foi  o ano de 2014 para o município de São Mateus do Sul?

Para São Mateus não foi diferente do que foi para qualquer município do Brasil. Por mais que durante a campanha política se negue que há recessão, a gente vive um momento de pouco dinheiro. Há contenção de despesas em todos os ministérios, então a gente também, na ponta, acaba sofrendo com isto. Então 2014 foi um ano de recessão.  Mas nós, com nossos recursos próprios, mais alguns convênios que assinamos e verbas que conseguimos junto à União a gente sente que mesmo assim a tivemos êxito.

Quais as prioridades da administração na área de saúde?

A saúde pública, que andava com muita dificuldade por falta de investimentos. Nós aumentamos em mais de 50% os investimentos em saúde e isto repercutiu em grandes melhoras, como a ampliação de estratégias de saúde da família, em suporte aos 10 médicos cubanos que nós recebemos - aumentam os custos em exames, remédios, em toda a logística - , nós ampliamos um médico a mais nos plantões de final de semana, compramos três ambulâncias.  Nós ampliamos o número de atendimentos em pediatria. Pediatria nos bairros, ortopedia nos bairros, ampliamos as especialidades médicas, temos um dermatologista na rede, um urologista que atende aqui, nós temos um otorrino. Nós trouxemos mais um pediatra para atender no sistema e um anestesista, que é pago por nós, de sobreaviso no hospital. 

Também  fizemos um convênio com o Hospital Nossa Senhora do Rocio de Campo Largo e hoje nenhum cidadão de São Mateus morre mais no nosso Pronto Atendimento sem ter para  onde transferir. A partir deste convênio, o hospital recebe todos os pacientes, principalmente das urgências.  A fila de cirurgias eletivas também diminuiu, tempo de espera para exames de ressonância, tomografia.

Como funciona exatamente este convênio com o Hospital Nossa Senhora do Rocio?
Nós temos um contrato direto com o hospital para atendimento de emergências,  pagamos por emergência atendida. Mas, em contrapartida, nos oferecem exames, oferecem cirurgias eletivas para também ter uma forma de compensação.

Você citou que há médicos especialistas (otorrino, urologista) atendendo na rede municipal de saúde em São Mateus do Sul. A maioria dos municípios têm dificuldades para contratar especialistas. Como o município consegue isto?

O segredo de tudo isto é o investimento de dinheiro.  Hoje uma consulta nossa com credenciado, que faz credenciamento direto com a saúde,  com o município, a gente paga R$ 33,00 por consulta e o retorno ele recebe novamente, então uma consulta equivale a R$ 66,00, o que é muito melhor do que atender por planos de saúde como  Unimed,  Amil, que pagam R$ 40,00.  Por isto que o dermatologista vem, que o urologista vem, o otorrino vem. O segredo é pagar bem e nós estamos fazendo.  Hoje nós estamos próximos a 30% de investimento em saúde. 

O próximo passo da saúde é construir o novo hospital. Estamos em negociação com a atual entidade, que é uma entidade filantrópica, mas é particular. Nós vamos comprar esse prédio [onde funciona atualmente o hospital] para ser uma nova sede da para a prefeitura e com este dinheiro essa entidade vai construir um novo hospital.  Este é o projeto para 2015, 2016.

No setor de Educação, o que merece ser destacado?

Primeiro, que nós colocamos números verdadeiros no Plano de Ações Articuladas (PAR), que é o local no Ministério da Educação em que você descreve os seus dados. Os números estavam todos mascarados. Para, na campanha eleitoral, dizer que se tinham bons indicadores na educação, o que na realidade era uma fraude, era mentira.  Então nós regularizamos o PAR no início da gestão. Tivemos dificuldades em receber recursos porque para o MEC nós tínhamos uma educação de excelência, o que não é verdade. Para este ano, estamos priorizando a construção de salas de aula. Nós temos deficiência de salas de aula. Estamos verificando terrenos para a construção destas salas, preferencialmente salas padrão para educação em período integral.  Nós temos várias escolas rurais já com o Mais Educação, que é o ensino em período integral. Ampliamos em grande quantidade o número de professores, principalmente na educação infantil - anteriormente trabalhava-se muito com estagiários. Temos o uniforme escolar, que antes não tinha. Nós compramos o material do Positivo para todas as crianças da educação infantil. Hoje, reconhecidamente São Mateus vive um novo momento na educação pública. 

Qual o legado da sua administração para São Mateus do Sul?

O nosso legado é a inovação. Nós estávamos estagnados há muitos anos, sem nenhum prefeito ter tido a coragem de mexer em funcionalismo público,  porque  aqui cada um defendia o seu espaço, o seu território e cobrava caro isto, não só da prefeitura, mas do cidadão. O serviço público era distribuído por ilhas de domínio de alguns grupos e isto nós estamos quebrando totalmente. 
Continuando a comentar o legado da inovação, nós temos um trânsito caótico aqui e  ninguém nunca pensou na municipalização. Agora nós já estamos com o trânsito municipalizado  e estamos implementando o estacionamento regulamentado. 

Estamos implantando um novo padrão de calçadas, que é a calçada cidadã. Vamos licitar, fazer um registro de preços, para que todo o cidadão que possuir um terreno urbano onde já exista pavimentação tenha a obrigatoriedade de construir a calçada cidadã, ou se ele não construir, nós vamos construir para ele e lançar na sua dívida ativa. Para nós terminarmos com o abandono das calçadas. Há terrenos baldios onde sequer tem calçada.  Além disso estamos fazendo concurso público para fiscais, contratando mais dois fiscais, só temos um fiscal no sistema. Sempre se teve medo de fiscalizar e agora não se tem mais. Tem muita coisa irregular que, devagar,  a gente está conseguindo cobrar.  Esta transição daquilo que era muito clientelista, para o novo, que nós  estamos fazendo, não é do dia para a noite. É um sistema lento, você tem que instituir de maneira lenta, mas as coisas estão acontecendo.

De inovação, estamos comprando câmeras de alta resolução para monitorar toda a área central, entradas e saídas do município, é um projeto importantíssimo.

Implantamos o sistema de informação do município. Quando nós assumimos, o servidor tinha que vir de madrugada  para acessar a internet e ter um pouco mais de velocidade para encaminhar relatórios a outros entes federados.  Atualmente temos fibra ótica alugada e fomos  beneficiados com o Programa Cidades Digitais. Aí entra o parênteses de enterrar.

Por que "o parênteses de enterrar"? Quais obras estão sendo ou serão feitas embaixo da terra?
Nós estamos fazendo muita coisa debaixo da terra.  Vamos fazer a preparação para implantar o Cidades Digitais em que todos os setores públicos  e várias áreas públicas, como praças, vão ter internet aberta, o que também vai interligar todos os órgãos públicos do município.  São mais de 25 pontos de ligação de internet de fibra ótica, construído por um sistema próprio da prefeitura. Debaixo da terra ampliamos de 35% para 65% o esgotamento sanitário da cidade em dois anos. Nós conseguimos, em parceria com a Sanepar, mas por lobby político do senhor prefeito junto a Funasa (Fundação Nacional da Saúde), mais de R$ 5 milhões de investimentos em captação,  tratamento e distribuição de rede de água. A falta de água aqui é um problema crônico que se arrasta há anos e anos e por isto eu consegui este investimento. E para completar, a quinta coisa que estamos enterrando é o gasoduto Lapa - São Mateus, que assinei nos últimos dias a anuência do município ao projeto executivo que já está pronto. É um programa de governo estadual para 2015/2016, estamos trabalhando juntos, para trazer o gasoduto, que terá investimento de mais de R$ 120 milhões.  Tem dinheiro e orçamento, do governo e da Compagás,  e tem vontade política. É um programa do governo Beto Richa trazer o gasoduto para São Mateus.  Isto vai transformar o nosso município.

Que trabalho foi feito no condomínio industrial em 2014? 

Tínhamos uma área no condomínio industrial que estava parada há muitos tempo, abandonada.  Ninguém mexia porque é um assunto que gera polêmica, você distribuir áreas, acha que beneficia um, não beneficia outro.  Nós tivemos a coragem de destinar áreas para duas empresas que nos solicitaram, o que vai gerar em torno de 120, 150 empregos diretos, fora os indiretos, da construção civil. As empresas tem  um prazo de construção. Ainda acabamos com o lixão que existia lá no condomínio.

Quais as principais ações na área de Agricultura?

No setor de Agricultura houve uma reestruturação. Tiramos o que era do Meio Ambiente, como a jardinagem, a limpeza da cidade, o lixo.  Tudo isto nós tiramos da Agricultura e passamos para o Meio Ambiente. Ampliamos os serviços da assistência direta aos agricultores, os agrônomos que antes se ocupavam em outras funções, estão trabalhando direto com os agricultores. Além disso, nós temos o Programa Porteira à Dentro, cuja  lei já foi aprovada. Não conseguimos ainda regulamentá-la por problema de orçamento, não tinha dinheiro no ano passado, tivemos os mesmos perrengues de  outros municípios, mas agora já está no orçamento 2015. O cidadão poderá, dentro da sua
propriedade, fazer serviços de forma subsidiada com o equipamento da prefeitura.  Até hoje se fez na forma de clientelismo, a pessoa precisou era feito e depois passava-se lá cobrar o voto. Não vai ser mais assim, vai ser regulamentado. O cidadão quer fazer a valeta, vem aqui, paga a taxa, enquadra em toda uma sistemática. Nos baseamos em Canoinhas/SC, onde funciona, já experimentam isto há 10 anos e chegaram a um denominador comum que funciona. 

Nos setores de Esporte e Cultura, o que deve ser destacado?

No esporte, temos orgulho de termos sediado os Jogos Abertos e os Jogos da Juventude pela primeira vez. Temos muito mais eventos esportivos do que antes.

Nós regulamentamos o uso do Parque de Exposições,  que antes permanecia fechado praticamente todo o ano, só abria na Festa da Erva Mate. Hoje semanalmente tem eventos, o cidadão pode pagar uma taxa e utilizar o parque. Os rodeios grandes voltaram a acontecer. Inclusive está previsto um agora para o final de janeiro.

Nós temos hoje uma ligação muito mais próxima com quem cuida da Cultura no município,  como  Grupo Polonês Karolinka e a Braspol.  Hoje nós damos uma estrutura para eles desenvolverem o seus trabalhos tanto locais como fora do município.  Os eventos culturais são muito mais frequentes. 

E no setor de Turismo?

Estamos trabalhando com uma Linha de Turismo, que vamos lançar este ano ainda. Não sei se vai atrair muita gente de fora, mas o nosso cidadão vai conhecer o município,  vai fazer visitas a igrejas históricas, visitas aos locais em que os tropeiros passaram em São Mateus.  Vão visitar o barbaquá antigo de erva mate. Outra coisa importante é que São Mateus está conseguindo o IG, Identidade Geográfica, que tem o apoio da prefeitura mas é uma iniciativa do Sindimate. Então nós vamos nos tornar uma cidade com o IG da Erva Mate.  São poucos os municípios no Paraná que tem isto, acho que quatro ou cinco apenas.  Na nossa Casa da Memória nós temos toda a história da erva-mate catalogada, deste o começo até hoje, por nós sermos o segundo produtor de erva mate do Paraná.
Há alguma novidade sobre o projeto de pavimentação da estrada Irati - São Mateus?

A  única novidade é que não está dentro da  Lei Orçamentária do Estado para 2015. Então você descarte o início das obras para 2015. A expectativa é para 2016.

Quais as ações mais relevantes da área de Promoção Social? 

São realizadas várias promoções com a terceira idade, Pastoral, clubes de mães, os programas funcionam. E os programas do Governo Federal, como o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), vão muito bem. Os nossos convênios da Secretaria de Assistência Social com algumas entidades, que antes tinham uma dificuldade imensa de trabalhar junto com a prefeitura, que é o caso do Adolescentro e o Lar São Mateus, que atendem muitos jovens no contraturno.  O Centro da Juventude que dá opções de lazer, arte, dança para os jovens.

Quais as principais reclamações da população que merecem atenção da administração?

As principais reclamações feitas, principalmente através das redes sociais,  são relacionadas à infraestrutura urbana, pavimentação de ruas, limpeza da cidade. A gente passa um mês no facebook sem as pessoas reclamarem da saúde pública, da educação, da  assistência social.  

Quais os grandes desafios da sua administração?

Nós temos os desafios de construir um novo hospital, que é prioridade absoluta, e temos o desafio de pavimentar nossas vias públicas. Ocorreram muitos loteamentos irregulares e também não se exige a pavimentação asfáltica em novos loteamentos. Então, existe uma grande área que não tem cobertura de pavimentação. Nós fizemos, no primeiro ano,   cerca de 100 quadras de pavimentação entre asfalto novo, massa asfáltica sobre pedra irregular e massa asfáltica de recape.  Agora, nós estamos iniciando uma nova fase com investimento previsto de mais de R$ 5 milhões em pavimentação em  2015.

Letícia Torres/Hoje Centro Sul