Hubert Rault tem as bandeiras do Brasil e da França pintadas no muro de sua residência em Irati, Pr Foto: Kyene Becker/ Hoje Centro Sul |
Hubert Rault mora em Irati há 13 anos e Daniele Gomes reside na França
há quase 2. Eles falam sobre a reação a respeito dos ataques em Paris, na
última semana
Os atentados terroristas em
Paris, na última semana, abalaram muitos franceses e brasileiros que residem na
França. Os ataques à sede do jornal satírico ‘Charlie Hebdo’, a uma policial
francesa e a um mercado em Paris deixaram 17 mortos. Até o momento, três
suspeitos foram mortos após confrontos com a polícia.
O clima de tensão ainda continua
e os franceses ainda temem novos ataques. A equipe do Jornal Hoje Centro Sul
conversou com exclusividade com um francês que mora em Irati há 13 anos e com
uma brasileira que está em Paris. Eles contaram como se sentiram em relação aos
ataques e relatam a apreensão quanto a novos atentados.
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Foto: Arquivo pessoal |
O francês Hubert Rault trabalha
como técnico de manutenção em Irati desde 2002. Ele conta como reagiu ao saber dos
atentados em Paris e alega que o fanatismo foi o culpado pelos ataques. “O
Charlie Hebdo é um jornal apolítico e satírico. Eles fazem brincadeiras com
todas as pessoas, de todos os tipos. Não acho que a culpa seja de uma religião
ou pessoa. A culpa é do fanatismo. Tudo o que é extremo demais não é bom. Minha
família mora em lugares mais calmos, longe dos ataques. Porém, é natural que
fiquemos preocupados”, afirma.
Segurança
O francês Hubert Rault destaca
que o policiamento na França é um ponto forte do país. “Eu me sinto seguro
andando nas ruas da França. Em Paris, existem policiais em todos os lugares.
Para onde você olhe, você vê um policial. Eu acho que a segurança de lá é
melhor do que no Brasil. Na França, a polícia segue uma lógica: ou prende ou
mata. Se você fez algo errado lá, a polícia não desiste de te perseguir, até
que consiga realizar a prisão”, ressalta.
Para a brasileira Daniele Gomes, muitas
das mortes nos atentados poderiam ter sido evitadas caso houvesse uma melhor prevenção.
“Eu acho a França um país seguro. Mudei para cá em busca de saúde, educação e
segurança para meus filhos. Porém, eu acho que a polícia falhou na prevenção a
esse tipo de ataque. Os terroristas conseguiram armas ilegalmente e circularam
pela cidade sem serem parados. Se os policiais tivessem tido um maior cuidado
com essas pessoas, com certeza os atentados não teriam acontecido. Depois dos
atentados, a polícia agiu de forma cautelosa, mas mesmo assim, 17 pessoas
morreram”, completa.
Manifestações
Após os atentados terroristas que
fizeram 17 vítimas na França, uma grande manifestação pedindo democracia e
liberdade de expressão foi organizada no país. A manifestação, que aconteceu no
último domingo (11), reuniu cerca de 3,7 milhões de pessoas na França. A
multidão carregava cartazes de apoio e gritava slogans como “Vive la Françe” (Viva a França) e “Je suis Charlie” (Eu sou Charlie).
O francês Hubert Rault ressalta que
a manifestação de domingo teve como base uma reivindicação antiga dos
franceses: o direito pela liberdade. “A França é um país democrático e aquilo
que eles pediram na manifestação, é algo que está sendo pedido há tempos. Eles
querem o direito de se expressar sem serem atacados por isso. Se você
acompanhou a cobertura da manifestação, viu que pessoas de várias
nacionalidades e religiões estavam lá. Isso de dizer é assim e pronto não está
funcionando mais”, finaliza.
Texto: Kyene Becker/ Hoje Centro
Sul