Estiagem pode atrasar colheita na região

Municípios da região Centro Sul tiveram uma estiagem que durou 17 dias.  O período, além de baixa umidade, teve temperaturas elevadas em relação ao cotidiano da região, chegando a atingir faixas acima dos 34°C. Para alguns tipos de cultura, esse período de seca pode afetar a produtividade ou mesmo a germinação.

Arquivo Hoje Centro Sul
Segundo o gerente local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Walter Coelho,  alguns agricultores podem ter uma pequena perda na produção, pois os níveis de umidade do solo, há duas semanas, pareciam adequados para a germinação, mas a seca dos últimos 15 dias pode paralisar o crescimento da planta e atrasar a colheita da produção. Durante a estiagem, a orientação dada pela Emater aos produtores foi aguardar a chuva para fazer o plantio.

 A falta de chuva aliada a altas temperaturas pode ser um perigo tanto para o plantio como para as culturas já em formação, que têm o risco de sofrer de insuficiência de proteínas, conforme explica o  engenheiro agrônomo da Associação de Fumicultores do Brasil (Afubra), João Paulo Perussolo.  “A alta temperatura pode proporcionar um atraso no desenvolvimento da planta, deixando ela em paralisia. Mas é importante entender que o excesso de chuva também é prejudicial para a germinação, um dos problemas que podem acarretar é o acamamento que leva a uma queda na produtividade”, comenta. O acamamento é quando o caule da planta deita sobre o solo em decorrência da alta umidade.

Alguns produtores, dependendo da cultura, optam por usar da irrigação como alternativa. Produtores de batata e cebola da região usam desta técnica para a germinação e maturação das plantas. No entanto, em áreas extensas de plantio de soja e trigo, ou em plantações de fumo, há  dificuldade nessa forma de manejo. O caso da soja, que corresponde a 59% da área destinada à agricultura na região, com aproximadamente 154.000 ha., é um exemplo. Devido às grandes áreas cultivadas, a irrigação é pouco utilizada. Então, as condições climáticas e a administração do solo são os principais fatores que influenciam no plantio.

O núcleo regional da  Secretaria de Abastecimento e Agricultura (SEAB) em Irati analisa que o percentual de chuva para o período de junho/2013 comparado ao volume de junho /2014, teve um aumento de 12%. No entanto, uma pesquisa realizada pelo Departamento de Economia Rural ao comparar o mês de julho/2014 ao mês de julho/2013 constatou uma queda na precipitação de chuva de 60%.

Adriana Baumel,  engenheira agrônoma da SEAB de Irati lembra que não é possível dizer se esse breve período de seca afetará na produção ou no preço dos produtos com plantio nesses meses, como trigo, soja, batata ou mesmo o tabaco.

Ainda não há previsão quanto aos efeitos das condições climáticas na economia da região, apesar da expectativa de atraso na colheita de cereais, leguminosas e fumo.
“A única previsão é que ocorra um atraso nessa safra, mas não há indicativos de que pode ocorrer perda na produtividade”, comenta João Paulo. Segundo Walter Coelho,  a expectativa é  de que possa acontecer recuperação da colheita em algumas culturas da região,  principalmente o fumo e a soja.

Chuva em excesso também é prejudicial

Para especialistas, a dificuldade maior para algumas culturas nem sempre é a seca, mas as altas umidades, as chuvas intensas e até mesmo  as enchentes.

Nesses casos a água em excesso no solo pode ser prejudicial para o "arranque da germinação", a energia necessária para o desenvolvimento da planta nos primeiros dias de cultivo. Também há o risco de ocorrer um encharcamento da raiz e com isso inibir o desenvolvimento da planta.

Gildo Silva