Audiência pública aponta sugestões para diminuir o consumo do álcool entre adolescentes

Uma das sugestões apontadas é de que haja mais locais de cultura e lazer para os jovens de Irati

O início do consumo de bebidas alcoólicas têm ocorrido cada vez mais cedo, em muitos casos, antes mesmo da puberdade. Segundo dados médicos, 51,2% das crianças entre 10 e 12 anos já tiveram contato com o álcool.

@Augusto Travensolli/Hoje Centro Sul
Diante disto, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente de Irati organizou  uma audiência pública no último dia 29, com o objetivo de discutir e planejar ações  para o combate à prática da venda de bebidas à menores e o consumo de bebidas alcoólicas entre crianças e adolescentes.

Para apresentar o tema estiveram presentes o Procurador de Justiça do Estado do Paraná, Murillo José Digiácomo; o  Promotor de Justiça da Comarca de Irati  Ronaldo de Paula Mion; o médico  João Henrique S. Duarte; e o psicólogo Felipe Rosa, do CRAS Lagoa.

O uso excessivo do álcool traz sérios danos à saúde. Além dos prejuízos ao fígado, o álcool traz danos ao cérebro e aos ossos. A iniciação precoce na bebida aumenta principalmente a predisposição aos danos no hipocampo do cérebro, causando lapsos de memória no indivíduo. Segundo estudos científicos, jovens entre 15 e 16 anos que se embebedaram mais 100 vezes, atingiram um desempenho menor em testes de memória do que adolescentes da mesma faixa etária que não consumiram bebidas alcoólicas.

“O uso do álcool em crianças e adolescentes traz prejuízos ao crescimento e ao desenvolvimento neuropsicomotor, déficit cognitivo e alterações orgânicas crônicas irreversíveis”, informa o médico João Henrique S. Duarte.

Adolescência

A adolescência é um período de transformações psicológicas e corporais no jovem, é nessa fase que há as descobertas. Por todos esses motivos, a adolescência, que é uma fase de transição, acaba sendo fundamental para o desenvolvimento do adulto.

A adolescência, segundo a Organização Mundial da Saúde vai dos 10 aos 19 anos, sendo dividida em duas fases: 10 aos 14 – pré-adolescência; 15 aos 19 anos. – adolescência.  Já o Estatuto da Criança e do Adolescente define o período dos 12 aos 18 anos.

O psicólogo Felipe Rosa explica que os pais e professores devem tentar entender os jovens e orientá-los sobre o risco do álcool ao corpo. “A fase da adolescência é crucial, porque é ali que o indivíduo vai coletar as informações necessárias para que seja um adulto. Ele está naquela fase de deixar de ser criança e passar para ser adulto. Que uma hora os pais os vêem quando criança, mas ao mesmo tempo ele já é cobrado pelo futuro, portanto não é só uma fase,” explica o psicólogo.

Discussão

A audiência não serviu apenas para serem expostos dados técnicos e explicados os riscos e danos do álcool na adolescência, mas também apontar soluções para que se possa resolver o alcoolismo na adolescência. 

Foram sugeridas quatro ideias para o problema:
- Lei para que haja uma notificação as crianças e adolescentes que forem atendidas na rede de saúde alcoolizadas; 
- Efetivação da lei que prevê palestras nas escolas sobre os riscos do uso do álcool e outras drogas;
- Através da Câmara Municipal uma medida administrativa, sugerindo punição aos estabelecimentos em que os jovens forem flagrados consumindo cigarro e bebidas alcoólicas;
- Solicitação através da Câmara Municipal de leis de incentivo a cultura e lazer no município e interior;

O presidente do Conselho Tutelar Ademir Carneiro avalia que os resultados da audiência foram positivos, mas que é só um pequeno passo para resolução do problema. “É um avanço, começamos a fazer alguma coisa. Agora precisamos que as políticas públicas funcionem e que haja cobrança da sociedade para efetivação das sugestões. Ainda precisamos de mais, mas já é um passo grande,” conclui Ademir.


Por Augusto Travensolli