Laudo aponta que Juziel não foi vítima de abuso sexual

Delegado Eduardo Mady Barbosa diz que a Polícia Civil
 tem dez dias para concluir inquérito

Foto: Arquivo / Hoje Centro Sul

Uma semana depois de a equipe do Serviço Reservado da 8ª Cia ter prendido três acusados do assassinato de Juziel Marcos Remes de Andrade, de 17 anos, a comunidade ainda pede justiça e aguarda com expectativa o encerramento do inquérito que irá apontar as causas da morte do adolescente. Na manhã de quinta-feira, 3, a reportagem da Najuá procurou o Delegado Eduardo Mady Borbosa, que responde provisoriamente pela Delegacia de Polícia Civil de Irati, durante as férias do titular da pasta Jorge Luiz Wolker, para saber detalhes do interrogatório dos suspeitos.
Questionado se a vítima morreu somente em decorrência de agressões físicas ou se foi atingido por pauladas e pedradas, o Delegado disse que não poderia falar sobre o assunto. Mesmo assim, ele fez questão de negar que Juziel tenha sido vítima de crime sexual. “Só para acabar com os comentários, não houve nenhum crime sexual. A vítima não sofreu nenhum abuso. Foi uma morte com lesões traumáticas em várias partes do corpo, conforme confirmado pelos autores que se encontram presos. Ouvimos muitos comentários absurdos no facebook”, enfatiza o Delegado.

Eduardo disse a justiça decretou a prisão preventiva dos três acusados do crime e que as investigações estão sendo feitas sob segredo de justiça. O Delegado interino explica que a Polícia Civil tem o prazo de dez dias para concluir o inquérito. Ele também relata que algumas informações não podem ser repassadas para a comunidade, pois o crime envolve um adolescente, que está amparado pela legislação, que evita exposição de casos como esse. “São várias versões, vários comentários no facebook, mas o que podemos dizer é que já chegou o laudo, o qual apontou as lesões que a vítima sofreu. A gente pede só um pouquinho mais de paciência da comunidade. Eles são réus confessos, é evidente, só precisamos definir a real participação nas agressões, quem participou e a quantidade. São réus confessos e a filmagem aí é a prova cabal da participação desses três no homicídio. As investigações estão prosseguindo, os fatos à gente quer realmente apontar e apurar com clareza e levar ao Ministério Público e ao promotor de justiça, para apontar quais são os culpados e o que eles praticaram”, comentou Eduardo.

Ele conta que existe discrepância no depoimento dos três acusados do crime, pois eles estavam embriagados no dia que supostamente cometeram o crime. “Pelas provas colhidas até agora, esses três são os autores e até o presente momento são os únicos autores do crime”.

Eduardo diz que o laudo da morte de Juziel não aponta o horário que o crime ocorreu. O Delegado também nega a participação de outras pessoas no homicídio ou até o possível envolvimento de pessoas que estavam em um carro, conforme relatado por alguns moradores nas redes sociais.


“Pedido um pouco mais de paciência para todos e a família da vítima. Temos o prazo de dez dias para apontar com clareza e certeza o que aconteceu e que são os autores do crime. Os suspeitos se encontram presos e foi decretada a prisão preventiva deles. Existem muitos boatos tumultuando a condição do inquérito e a vida dessa família”, afirma.

O Delegado também comenta que a polícia chegou até os suspeitos com base nas imagens de câmeras de segurança instaladas nas ruas da área central de Irati.

Acusados do crime

Luiz Fernando dos Santos, 23, morador do bairro Pedreira, Marcelo Padilha, 21, que reside no loteamento Santa Fé, e Kléber Fabiano Farias de Souza Martins, 18 anos, que mora no Joaquim Zarpelon, foram presos na manhã de sexta-feira, 28, acusados da morte de Juziel.

Corpo localizado

O crime teria ocorrido após uma briga de rua na madrugada de domingo, dia 23 de março. Neste momento, Juziel havia deixado uma casa noturna e se deslocava para sua residência. O corpo do adolescente foi localizado na manhã de segunda-feira, 24, em um terreno baldio na Avenida Vicente Machado. Pertences de Juziel foram encontrados em uma construção abandonada. Já o corpo do menor apresentava diversos ferimentos na cabeça e no rosto.

A mãe de Juziel, Marlicéia Remes, disse que chegou a fazer em torno de 100 chamadas para o celular do filho até o meio-dia de domingo, 23. A partir daí, iniciou as buscas por Juziel, a começar pela casa do amigo onde ele disse que iria para jogar vídeo game, mas a família não estava em casa. Ela ligou para vários amigos do filho a fim de obter informações. Mais tarde, ela encontrou com o amigo que estava com Juziel na festa e ele contou que o viu pela última vez perto das 4h da manhã, quando teria ido ao banheiro porque estaria passando mal, com enjoo. “Depois das 4h da manhã ele começou a passar mal e foi para a área dos fumantes. Teve uma pessoa que me falou que o viu ir para a área dos fumantes depois das 4h, mas que achou que ele ia apenas vomitar”, relatou.

Mensagem suspeita

O amigo com quem Juziel costumava jogar vídeo game disse que recebeu uma mensagem de celular que ninguém conseguiu entender. A mãe de Juziel cogita a possibilidade de que a mensagem desconexa possa ter sido digitada acidentalmente pelo fato de o celular estar com a tela desbloqueada e guardado no bolso. Depois desse momento, os amigos não se viram mais.

Clique aqui e veja esta reportagem e ouça a entrevista no site da Najuá

Texto: Rodrigo Zub, com reportagem de Tadeu Stefaniak / Najuá