Moradores pedem obras no Rio das Antas antes que ocorram enchentes

A região registra alagamentos desde a década de 80, o que causa indignação nos moradores, que solicitam  medidas eficazes

Problemas com enchentes nos rios que cruzam o perímetro urbano dos municípios são recorrentes em diversas partes do país. O crescimento das cidades acaba tomando as margens desses rios que, em épocas de chuva enchem, e retomam suas margens originais, causando prejuízo aos moradores do lugar.
Em Irati, a bacia do Rio das Antas apresenta diversos pontos críticos, onde as margens estranguladas pela terra acumulada nas barrancas  acabam por ocasionar enchentes. Fora isso, árvores caídas às margens do rio, fazem uma espécie de “contenção”, que acaba atenuando a situação.

Nilo Adelmo Langner, dono de um bar próximo ao Rio das Antas, reclama do problema. Diz que há muitos anos não acontece uma limpeza significativa no rio. As enchentes ocorridas na área devido às fortes chuvas, e ao represamento no encontro do Arroio do Pereira com o Rio das Antas, já o fez perder móveis de sua casa e do bar. Seu filho, Nilo Langner, também teve prejuízos na funilaria em que trabalha, ao lado da casa do pai.
Outro morador do local, Evaldir do Bonfim, também já perdeu móveis e eletrodomésticos nas enchentes. “O rio está abandonado, há vizinhos que jogam lixo e ninguém limpa.” Desde que Evaldir reside no local, já ocorreram três alagamentos.
Há alguns quarteirões dali residem José Augusto Soares e Mariluci Trindade, vizinhos do Rio das Antas, na Travessa II – Coronel Sabóia. O casal está há quarenta anos no local e pede melhorias na área. “Dragaram aqui, mas não tiraram a terra toda, e ela volta pra dentro rio”, afirma Jose Augusto Soares. José e Mairluci contam que eles mesmos carpem às margens e até já plantaram árvores na tentativa de segurar a terra da barranca do rio. O casal não quer abandonar o local, pois, pra eles é muito agradável viver ali, apesar do problema.

Abaixo-assinado
Em 02 de outubro de 2013 foi protocolado por Roberto Thomaz um abaixo-assinado na Prefeitura Municipal de Irati, sob nº 5238,  com 400 assinaturas.  No documento, os moradores  reivindicam melhorias nas áreas atingidas pelas enchentes.
Segundo Ravilson Chemin, morador atingido pelos alagamentos, as 400 assinaturas foram conseguidas em apenas três dias. Prova de que o problema é sério. Chemin foi responsável por anexar ao protocolo fotografias de lugares críticos, como a ponte na saída pra Imbituva, onde grandes árvores estavam caídas no rio. Chemin mora à rua 7 de Setembro há 70 anos, e sua indignação representa a de todos os moradores. “Nós não vamos sair daqui, o rio não vai mudar, tem que dar um jeito”, diz.

Ações  a serem desenvolvidas

A Prefeitura Municipal de Irati deu resposta ao abaixo-assinado com uma carta na qual constam os registros das ações legais feitas para o início das obras. Dentre elas, uma licença do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), nº 12.101.008-9 de 19/08/2013, que libera a remoção das árvores caídas. E também o pedido de liberação para dragagem, que foi enviado para o Instituto das Águas, sob nº12.122.400-3, correspondente à 12,8 Km dos rios Lagoa, do Meio, Planalto e das Antas. O mesmo documento era finalizado com o aviso de que estavam tramitando na Secretaria de Planejamento do município o processo para vias de orçamento.

Rozenilda Romaniw Bárbara, responsável pelo andamento do projeto na Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal, afirma que em dezembro foi entrado em contato também com a Defesa Civil do Estado e o Exército para que fosse feito um projeto de roçada nas barrancas desses rios. Segundo Rozenilda, o prefeito já liberou acesso à um fundo de uma conta específica do Conselho Municipal do Meio Ambiente de Irati, e promete para o fim do mês uma reunião com o conselho para a liberação dessa verba.

Mas o problema não terá resolução. “A gente fará nos trechos mais críticos, não vai dar pra fazer os 12,8 km,” afirma Rozenilda. E ainda prevê dois a três quilômetros apenas de obras. “Provavelmente esse mês, por intermédio da Assembleia Legislativa, a gente deve fazer uma visita ao Instituto das Águas e até da Codapar para agilizar o processo” .

Problema antigo   
Os locais atingidos pelas últimas enchentes correspondem à área central da cidade. Desde a década de 80 são registradas ocorrências de alagamentos ali. Os moradores estão revoltados com a demora no processo, pois é um problema que vem se arrastando de gestão em gestão, e nada ou muito pouco é feito. Segundo moradores da região, quando está chovendo durante o dia, e chega a madrugada, dá pra ver um punhado de janelas acesas próximas ao rio. São os moradores cuidando o nível da água, a próxima enchente.

De Kaio Ribeiro, da Redação