Presos na delegacia de Imbituva iniciam rebelião

A carceragem tem espaço para apenas oito pessoas, mas abriga 43 neste momento

Cerca de 40 detentos da Delegacia de polícia Civil de Imbituva se rebelaram na tarde desta terça-feira (09). Eles protestavam por melhorias nas condições carcerárias, diminuição da lotação e por melhor tratamento. A situação, no entanto, não resultou em casualidades e foi resolvida através de negociações.
IMG_7638De acordo com o delegado Agostinho Mussilini Junior, durante uma vistoria de rotina na manhã de segunda-feira (08) foi encontrado um buraco aberto até os fundos da delegacia e, para que o mesmo fosse fechado, os detentos foram recolhidos ao solário. Lá eles permaneceram até o final da tarde.
Porém, o delegado explica que poucos minutos depois foi realizada uma nova vistoria e percebeu-se que o buraco havia sido aberto novamente. “A providência foi deixá-los no solário novamente para fazer uma reforma um pouco maior. Mas para fazer essa reforma seria necessário que eles ficassem no solário durante a noite e a reforma terminou hoje pela manhã”, afirma.
Para que os detentos retornassem às celas, seria necessário que o concreto secasse, no entanto, Mussilini afirma que eles estavam pressionando para que voltassem antes. “Nós pedimos para que eles esperassem, mas eles não atenderam ao pedido e entraram nas celas”, explica o delegado. A partir desse momento se deu início à rebelião.
Mussilini diz que a única exigência feita pelos detentos era a presença do juiz substituto da Comarca de Imbituva, Rafael Kraemer e do promotor de justiça, Eduardo Ratto Vieira. Os dois chegaram ao local por volta das 16 horas. “A conversa foi sobre a situação da carceragem e questões processuais de cada preso”, afirmou o delegado.
Nenhum preso escapou da detenção e nenhum refém foi feito durante a rebelião.

Condições precárias
Familiares dos encarcerados aguardavam o desfecho da situação em frente à delegacia. Mães, irmãs e esposas afirmaram à reportagem do Hoje Centro Sul que as condições dos detentos na Delegacia de Imbituva eram “degradantes”. Elas explicaram que a comida que chega aos presos vem pronta de Guarapuava e ao chegar, muitas já está estragada. Outra reclamação foi que as visitas foram limitadas a uma por mês. “Alguns andaram aprontando, mas todos pagam. Nós também pagamos, pois não podemos ver IMG_7663nossos parentes”, disse a mãe de um detento. As familiares ainda disseram que o local é infestado de ratos e baratas. “Eles estão vivendo como animais”, afirmou a esposa de um presidiário.
A delegacia tem espaço para apenas oito presos, mas nesse momento abriga 43. Um funcionário da Polícia Civil que preferiu não se identificar afirmou que existem detentos que já estão presos há anos na delegacia. “Aqui deveria ser apenas passagem”, afirmou.

 

[caption id="attachment_29097" align="alignleft" width="500"]O comandante da 8ª CIPM, Major Taborda, tenta acalmar as familiares dos detentos O comandante da 8ª CIPM, Major Taborda, tenta acalmar as familiares dos detentos[/caption]

Texto e fotos: Guilherme Capello, da Redação