Iratiense alega ter quase morrido por suposto erro médico na Santa Casa

A professora Juciclara de Andrade afirma ter ficado entre a vida e a morte por conta de um suposto erro médico ocorrido na Santa Casa de JuciclaraIrati. Sentindo intensas dores na região abdo-minal, ela foi encaminhada ao hospital para que fossem feitos exames. Após realizada a ecografia, constatou-se que Juciclara tinha uma gravidez ectópica (uma gravidez anormal que ocorre fora do útero) e, portanto,  seria necessário a retirada de sua trompa direita para resolver o caso. No entanto, ela alega que a cirurgia executada pelo médico Ângelo Rodrigo Guerreiro foi realizada de forma errada e ela quase morreu por complicações. Guerreiro nega que tenha havido erro médico.

O caso
Na noite do dia 20 do mês passado, a professora estava sentindo tonturas e dores muito fortes na barriga. Por conta disso, ela foi até o Pronto Atendimento Municipal para passar por exames e ser medicada. Lá, no entanto, foi constatado que sua pressão estava muito baixa e imediatamente Juciclara foi encaminhada ao Pronto Socorro da Santa Casa.
Alguns exames foram rea-lizados por um médico plantonista do hospital, mas para que fosse feito um diagnóstico preciso, a professora deveria passa por uma ecografia.

Suposto erro
O primeiro problema apontado pela professora é o fato de que o aparelho da ecografia só funciona a partir das 8h, pois não há funcionário para operá-lo no período noturno e, como ainda era por volta da 1h da manhã, ela teve de ficar deitada em uma maca por quase sete horas até o responsável pelo equipamento chegar e ela poder fazer o exame. “Se fosse alguém que estivesse pior teria morrido esperando”, conta ela.
Ao ser examinada, foi notada uma anomalia em sua trompa direita. Assim, a professora foi imediatamente internada e, no período da tarde, encaminhada ao Centro Cirúrgico para retirada da gravidez ectópica.
Juciclara afirma ter ficado consciente durante todo o processo cirúrgico e comenta que a displicência do médico a deixou alertada. “Durante a cirurgia toda ele falou de futebol, sorrindo, fazendo brincadeiras. Como que durante uma cirurgia um médico fica comentando sobre essas coisas?”, questiona a professora. Assim, a trompa direita foi retirada e o médico inseriu um dreno para retirar sangue e líquidos no local na cirurgia.
Durante o período de descanso, Juciclara diz que as enfermeiras foram muito solicitas e uma delas percebeu que algo não estava correto, visto a quantidade de sangue que estava sendo saindo pelo dreno. Dessa forma, esta enfermeira consultou um médico que estava de plantão, mais experiente, para verificar a situação de Juciclara.
Novos exames apontaram que a professora estava com quadro de anemia devido à grande quantidade de sangue que havia perdido. “Meu estado era crítico, pois eu tinha apenas metade do sangue necessário no corpo”, aponta.
Este médico, então, afirmou que Juciclara deveria passar por nova cirurgia para que fosse retirado todo o seu útero. De acordo com ela, as palavras do médico que a atendeu foram: “Às vezes eu tenho que dar uma ajuda para essa piazada nova”.
Após a cirurgia, a professora diz que a recuperação, apesar de dolorida, foi mais tranquila e que ela foi muito bem assistida pelas enfermeiras e também pelo médico que realizou o segundo processo cirúrgico. “Quando eu fiquei bem, o médico me disse que meu útero estava com seis coágulos de sangue no útero. Usando uma palavra bem chula, o meu útero estava podre”, afirma.

Médico fala que a complicação ocorreu com a cirurgia
O médico Ângelo Guerreiro diz que no Caso de Juciclara, a gravidez se formou na trompa e havia sangramento na região. “Foi feita a cirurgia sitee retirada a gravidez ectópica. Pela retirada da trompa, havia grande quantidade de sangue, então eu deixei um dreno. Analisando o útero, não havia mais nada que justificasse o prolongamento da cirurgia, então finalizamos”, afirma.
Segundo ele, no primeiro dia de recuperação, o quadro da paciente era estável e apenas no segundo dia houve a complicação. “Eles me ligaram para reavaliar o caso, mas eu estava em Curitiba, então eu pedi para que o outro médico fizesse essa avaliação. Ele a levou novamente para o centro cirúrgico e não achou o foco do sangramento. Então todo o útero foi retirado”, diz Guerreiro.
O médico diz que Juciclara teve que passar por outra operação pelo sangramento, mas não porque o útero estava “podre”. “Nós fazemos o possível para ajudar a pessoa e numa complicação que pode acontecer na própria cirurgia a paciente diz que foi erro médico”, aponta.
Portanto, Guerreiro afirma que não houve erro médico, mas sim uma complicação da paciente.
Denuncie
Quem passar por situação de erro clínico pode fazer uma denúncia ao Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) contra um médico, hospital ou qualquer instituição prestadora de serviços médicos. A denúncia deve ser feita por escrito, assinada e encaminhada à Delegacia Regional do Conselho de Medicina para ser protocolada. Toda denúncia  precisa conter a identificação completa do denunciante (não pode ser anônima) e, se houver, documentos referentes ao caso.
Após o recebimento de uma denúncia, é aberta uma sindicância e, através dela, o CRM faz um pedido de esclarecimento a ambas as partes (denunciante e denunciado). Depois é feita uma avaliação de um conselheiro ou delegado da Regional, que se responsabiliza por tal sindicância, e faz um relatório. O documento é analisado por uma Câmara de Ética e Julgamento que irá decidir se é aberto um processo ético-profissional contra o denunciado ou a situação é arquivada. Em caso de arquivamento, cabe recurso da sindicância ao Conselho Federal.

Texto e fotos: Guilherme Capello, da Redação