Pacientes passam horas esperando transporte

Ônibus da prefeitura quebra em Curitiba deixando paciente mais de 24 horas fora de casa; Secretário de Saúde conta como será a reestruturação do setor de transportes e Burgath se desculpa 




[caption id="attachment_24314" align="alignleft" width="420" caption="José de Paula Borges, de 74 anos, paciente em tratamento de câncer, estava entre aqueles que esperaram pela vinda do novo ônibus"][/caption]

Irati - Às três horas da manhã do dia 31 de janeiro, 22 pacientes embarcaram no ônibus disponibilizado pela Prefeitura Municipal de Irati e seguiram rumo à Curitiba para realizarem tratamento médico em hospitais de referência, como o Erasto Gaertner. Uma sucessão de problemas mecânicos no veículo e a falta de atitudes rápidas para a resolução da questão, segundo relato dos pacientes, fez com que o retorno a Irati ocorresse mais de 24 horas após a partida, às 3h30, do dia 1° de fevereiro.
Indignada com o ocorrido, a profissional de saúde Jussara de Paula Borges, acompanhante do pai José de Paula Borges, de 74 anos, paciente em tratamento de câncer, fez um desabafo em redes sociais. Para a equipe do Hoje Centro Sul, ela detalhou os acontecimentos.
Segundo Jussara, o atendimento do pai e de outros dois pacientes com câncer, que chegaram ao Hospital Erasto Gaertner às 5h30, foi feito logo no início da manhã e estava previsto que o ônibus retornasse para buscá-los às 13h30. Entretanto, isto não aconteceu. Eles esperaram até às 15h30, quando Jussara diz ter telefonado para o motorista. "Ele falou que estava com o ônibus quebrado desde as 12h e que entrou em contato com Irati e mandaram um eletricista para resolver o problema", conta.
Como até as 17h o ônibus não foi buscar os pacientes, ela telefonou novamente para o motorista e foi informada que, em poucos minutos o veículo chegaria ao hospital, o que aconteceu. Após o embarque dos pacientes, ainda no pátio do hospital, Jussara relata que "houve um barulho enorme, escapou a mangueira do freio e todos que estavam no ônibus se assustaram". Então, segundo ela, outros acompanhantes de pacientes tentaram ajudar o motorista a reparar os problemas e fazer o ônibus voltar a funcionar.
Por volta das 19h30 foi possível retomar a viagem. O veículo seguiu em direção ao Hospital de Clínicas buscar outros dez pacientes. Pela terceira vez, por volta das 20h15, o veículo apresentou problemas quando estava no centro de Curitiba, na Avenida Tibagi. "O motorista ia se comunicando com a Secretaria de Saúde para contar o que estava acontecendo, ao mesmo tempo em que tentava tranquilizar os pacientes, dizendo que ia ser resolvido", diz.
"À meia noite o outro ônibus chegou, mas o guincho para levar o veículo quebrado veio antes, e todos tivemos que ficar mais ou menos uma hora esperando na calçada; acomodamos idosos e uma criança deficiente na escadaria de um prédio", lembra Jussara.




[caption id="attachment_24315" align="alignleft" width="420" caption="Prefeito se desculpa com os pacientes e fala que novo ônibus será aquirido"][/caption]

Prefeito se desculpa
Do meio dia, quando há relatos de que o veículo teria apresentado os primeiros problemas mecânicos até a meia noite, doze horas se passaram. O secretário municipal de Saúde, Leandro Ditzel, que estava em Brasília no dia do acontecimento, acredita que "houve problema na condução da situação no momento". Já o prefeito Odilon Burgath pede "desculpas aos pacientes pelo desconforto enfrentado". Ambos afirmam que o setor de transportes da Secretaria Municipal de Saúde deverá ser reestruturado, com a compra de novos veículos para o transporte de pacientes.
"Temos a previsão de adquirir mais um veículo, pois o ônibus mais velho apresenta condições instáveis, e não é de hoje; não podemos ficar sujeitos a ter que locar ônibus às pressas", define Burgath.
Segundo Jussara, que acompanha o pai há dois anos no tratamento do câncer, nos últimos meses de 2012, o transporte era feito por empresa terceirizada, devido à necessidade de manutenção do ônibus. Questionado sobre o porquê do veículo - quebrou três vezes - ter sido colocado novamente na estrada, Ditzel alega que o custo da terceirização é elevado e Burgath destaca que a "empresa que fez o reparo do ônibus atestou que ele tinha condições para viajar".
O prefeito e o secretário enfatizam que se passaram poucos dias de governo e que está sendo avaliada a questão financeira para verificar como será possível adquirir novo ônibus. "Nossa preocupação é possibilitar condução mais segura e com maior conforto para que os pacientes não precisem passar pelo constrangimento de ficar na estrada por causa da situação do ônibus", defende Ditzel. O secretário de Saúde conta que a intenção é de gradativamente renovar toda a frota (ônibus, ambulância e veículos leves). "Ao comprarmos veículos novos é mais barata a manutenção", finaliza.


Prioridade para idosos e deficientes
Uma das situações mais difíceis enfrentadas quando o ônibus quebrou, segundo Jussara, foi uma criança deficiente estar entre os pacientes. A mãe sofreu bastante com a longa espera. Segundo Ditzel, em breve já serão normatizados os direitos das pessoas da terceira idade e dos deficientes, que devem ter prioridade no transporte.


Outras ações previstas
A pretensão da Secretaria Municipal de Saúde é adquirir dois micro-ônibus para facilitar a vida dos pacientes que precisam de transporte para tratamento fora do domicílio. De acordo com o secretário, haverá um planejamento quanto aos horários de consulta para que as pessoas não tenham que sair tão cedo de casa e esperar por muito tempo em Curitiba até retornarem a Irati. Normalmente o ônibus sai às 3h da manhã e chega em Irati por volta das 19h30, de segunda a sexta-feira.


 

Texto: Letícia Torres, da redação


Publicado na edição 657, 06 de fevereiro de 2013.