Medo gera proteção

O medo nem sempre é ruim: ele nos preserva diante da sensação de perigo. O excesso de confiança é que talvez seja prejudicial. A falsa ideia de proteção e de segurança. Sentimento este que revestia os jovens que saíam para se divertir, até o final da semana passada, e que agora estão apreensivos diante do desastre ocorrido em Santa Maria (RS).
A morte de 236 jovens mobilizou todo o país num sentimento de comoção, mas também num ambiente de preocupação: até que ponto estamos protegidos quando saímos nos divertir? Até que ponto estamos seguros em ambientes públicos - não só para entretenimento - que concentrem grande fluxo de pessoas?
Começa agora - um pouco atrasado, mas a tempo suficiente de impedir que estragos assim se repitam - a ser repensada a segurança não só em boates, mas também em escolas, hospitais, aeroportos, igrejas.
A apreensão vai gerar, da parte do jovem que sai para se divertir, uma reflexão que o levará a buscar se proteger um pouco mais. Todos estarão mais precavidos. Todos devem se envolver na responsabilidade de cobrar segurança nas casas de diversão, afinal, é cobrado ingresso e, ainda que parte desse preço deva garantir o lucro do empresário, parte deve ser retornada em benefício de quem frequenta casas noturnas. Afinal, trata-se de uma prestação de serviço.
Que bom que agora será repensado o fluxo nas casas noturnas. Em vez de abarrotar um barracão com uma porta só, com som alto e pouca iluminação, que dificulta acionamento de alarme e evacuação em situações de emergência, que surjam ambientes de frequência controlada, com lotação nunca acima do máximo para que todos circulem em segurança. É chato ficar do lado de fora, numa fila, esperando alguém que está dentro sair? Sim, é. Mas deve-se considerar que esta é uma medida preventiva. A física explica: dois corpos não podem ocupar, simultaneamente, o mesmo espaço. Não conseguiu entrar na balada porque a casa está lotada? Calma! Existem outras boates. Haverá outros sábados. Cautela é a palavra de ordem agora.


 

Publicado na edição 657, 06 de fevereiro de 2013.