Programa de voluntariado traz jovens polonesas a Irati

Intenção era compartilhar a cultura polonesa e também aprender algo sobre a brasileira




[caption id="attachment_23745" align="alignleft" width="420" caption="Na sexta (11), elas conversaram conosco sobre a experiência vivida no Brasil"][/caption]

Irati - Duas jovens polonesas, que participaram do projeto "Czas na Polske" - que significa algo como "Tempo na Polônia", promovido por uma organização chamada "Wspólnota Polska" (www.wspolnota-polska.org.pl), visitaram Irati nas últimas semanas a fim de compartilhar um pouco de sua cultura e, de certa forma, aprender um pouco com os descendentes brasileiros de poloneses, e também oriundos de outras etnias. As duas jovens - a psicóloga Kataryna Ciesla e a relações internacionais Justyna Palewicz, ambas de 25 anos, foram trazidas ao Brasil pela Braspol. Na sexta (11), elas conversaram sobre o projeto com a reportagem do Hoje Centro Sul. Para mediar o diálogo, contamos com o auxílio da presidente do Núcleo da Braspol em Irati, Nelsi Pabis, que atuou como intérprete.
Quanto ao projeto "Czas na Polske", Justyna responde que basicamente, o trabalho consistia em contribuir para a manutenção da cultura. "Viemos para fazer um trabalho junto com a Polônia Brasileira, composta pelos descendentes de poloneses. O trabalho envolve língua, cultura, gastronomia e história da Polônia", relata. De acordo com Kataryna, o objetivo da vinda delas é ajudar a Braspol na questão da preservação e disseminação da cultura, para quem não a conhece.
Kataryna estudou Psicologia e concluiu o curso recente-mente. Trabalhou com grupos de pessoas, agora interrompeu para vir exercer esse trabalho no Brasil. Justyna concluiu no ano passado o curso de Relações Internacionais e, logo em seguida, participou de um programa de voluntariado, como esse de que participou no Brasil. Depois foi para a Georgia, onde ficou por três meses, e logo depois veio para o Brasil. Além das duas, veio com elas uma jovem lituana, que acabou voltando no início do mês para a Europa.
Como elas, outras voluntárias participam deste mesmo programa em outras partes do mundo, em países onde houve imigração polonesa: Rússia, Armênia, Ucrânia, Argentina, Canadá e Estados Unidos.
Aqui no Brasil, as duas jovens polonesas percorreram basicamente a região Sul. Justyna conta que, inicialmente, o destino das duas foi a cidade de Nova Prata, no Rio Grande do Sul, onde permaneceram a maior parte do tempo. Lá, elas trabalharam com o grupo Kalina, que é um grupo folclórico polonês da cidade, e também integra a Braspol. A relações internacionais relata também que além de Nova Prata, as duas percorreram cidades daquela região, como Veranópolis e Cascais, e palestraram para pessoas de todas as idades, tanto crianças, quanto jovens e adultos.
"Fizemos um encontro para mostrar filmes e contar a história", diz a psicóloga. Kataryna explica que esse encontro foi aberto a todos e que nele estavam presentes pessoas de todas as etnias existentes na região, não apenas polonesas, para esse trabalho.




[caption id="attachment_23746" align="alignright" width="420" caption="Quem foi aos encontros pôde aprender um pouco mais sobre os cantos poloneses"][/caption]

Perguntamos se em Irati o trabalho desenvolvido teria sido o mesmo que no Rio Grande do Sul. Justyna relatou que, em Irati, foi comentado aos interessados - não apenas descendentes de poloneses - sobre a história de seu país, sobre a geografia e também sobre música. Além disso, elas ensinaram cantos poloneses e falaram sobre a gastronomia típica. A psicóloga apenas lamentou o curto período de permanência de ambas em Irati, mas disse que o encontro que realizaram aqui - no Clube do Comércio - teve formato similar ao que aconteceu em Nova Prata.
As duas estavam no Brasil desde o mês de novembro e vieram para uma permanência de três meses. A presidente do Núcleo da Braspol em Irati, Nelsi Pabis, emendou que elas chegaram a Irati somente no final da temporada, por uma questão de organização da própria Braspol, que acabou se ocupando de eventos paralelos no final do ano. "Ficaram hospedadas na Vivenda Mariquinha, com a Cleoni Mazur, que as recebeu muito cordialmente e tiveram uma ótima estadia lá", comenta.
A viagem da Europa para o Brasil representa não apenas o fato de elas trazerem e apresentarem história e costumes de um país distante, mas a oportunidade de uma troca, de um intercâmbio cultural. Perguntamos às duas sobre as impressões que tiveram do Brasil, do Paraná e até mesmo de Irati, e o que vão levar daqui para lá. "Uma das coisas boas que gostaríamos de levar, mas não poderemos, são as frutas. Muito deliciosas", elogia Justyna.
A jovem ressalta que, além das frutas, também chamou sua atenção que o povo brasileiro possui uma "uma energia muito positiva, é um povo muito otimista e gostaríamos de levar esse otimismo para lá. O pessoal é muito aberto e coopera muito, sempre tivemos ajuda onde estivemos. O povo é muito alegre, a música é muito alegre", complementa.
"Uma das coisas que achei mais interessantes é a presença da cultura européia no Brasil e toda essa miscigenação entre as etnias e como o povo convive, como as diversas etnias convivem em paz", diz a psicóloga Kataryna.
Como Justyna havia comentado sobre a música brasileira, ficamos curiosos em saber que tipos de músicas agradam aos jovens poloneses, partindo da informação de que a música eletrônica - em especial o subgênero trance - faz muito sucesso por lá, onde são promovidas grandes raves. Ambas disseram que os gostos são bastante variados e que, apesar de haver muitos entusiastas da cena eletrônica, outros tantos gostam do rock e, especialmente, da música pop americana e inglesa.




[caption id="attachment_23749" align="alignright" width="420" caption="Nelsi apresenta Justyna e Kataryna, num encontro realizado no Clube do Comércio"][/caption]

 Saiba mais sobre a associação "Wspólnota Polska"


Existente há quase 23 anos, ela surgiu da iniciativa o então presidente do Senado polonês, professor Andrew Stelmachowskiego, que foi seu presidente até 11 de maio de 2008. Maciej Plazynski o substituiu. Prof. Andrzej Stelmachowski foi o presidente de honra da associação.
A associação, cujo nome, em português, seria "Comunidade da Polônia" possui filiais em várias grandes cidades polonesas, como também dirige várias casas em Cracóvia e Polonia Pultusk.
Os objetivos estatutários da associação são:
- inspirar, promover e desenvolver a cooperação abrangente com a pátria polonesa e estrangeira em áreas pólos: educação, ciência, cultura, religião, economia, turismo e esporte;
- promoção, apoio e realização do ensino do idioma polonês e seu conhecimento, através do apoio entre a comunidade polonesa e poloneses que vivem no exterior;
- disseminação do conhecimento sobre a cultura da Polônia em ambientes da comunidade polonesa e fenômenos contemporâneos da vida social, econômica e política do país;
- avanço do conhecimento sobre a Polônia e a emigração polonesa;
- trabalhando para o património cultural polonesa no exterior;
- ajudar na prestação de cuidados pastorais em polonês;
- apoiar as aspirações da emigração e fundos polonês para reforçar a sua posição sócio-econômica dos países de liquidação;
- defender os direitos da minoria nacional polonesa.
A associação busca tais objetivos pela implementação de alguns programas:
- assistência educacional para todos os níveis de ensino da língua polonesa no exterior;
- promoção, no exterior, da cultura polonesa;
- apoiar a organização da comunidade polonesa no exterior;
- assistência de caridade-ajuda para poloneses no Oriente;
- promover a atividade profissional e econômica;
- desenvolver organizações de juventude, escotismo e viajantes americanos do esporte;
- promoção do polonês.



Texto: Edilson Kernicki, da Redação
Fotos: Da Redação e Acervo Pessoal


Publicado na edição 654, 16 de janeiro de 2013.