A frequência aos balneários e os riscos de afogamentos aumentam nessa época. Houve duas mortes no primeiro fim de semana do verão na nossa região
[caption id="attachment_23522" align="alignright" width="420" caption="Bombeiros resgatam vítima de afogamento em Guaratuba"]
Centro Sul - Com a chegada das férias e do calor, a procura dos banhistas por balneários se intensifica e, com ela, a incidência de registros de afogamentos em rios, cachoeiras, ou mesmo no mar. No nosso litoral, até esta segunda (7), o Corpo de Bombeiros que está mobilizado para dar atendimento aos veranistas realizou 397 resgates e já contabiliza quatro óbitos durante a Operação Verão 2013, que iniciou no dia 10 de dezembro e se estende até o dia 17 de fevereiro. O número de resgates já corresponde a 49,93% dos 795 resgates da Operação Verão 2012, quando houve 21 mortes por afogamento, em todo o estado.
Levando-se em conta as estatísticas de resgates de afogados feito pelo Corpo de Bombeiros no litoral, Matinhos possui as praias mais perigosas: 137 resgates ao todo, sendo que 33 foram realizados somente na Praia da Trombeta. O único afogamento registrado na Praia Mansa teve vítima fatal. Guaratuba é a cidade litorânea com segundo maior quantidade de registros: 132 resgates de afogados; 25 deles somente na Praia de Canoas. Contudo, nenhuma morte. Houve uma morte em Morretes, no Porto de Cima, e outras duas na região abrangida pelo 2º Grupamento do Corpo de Bombeiros: uma morte em Prudentópolis e outra em São Mateus do Sul.
[caption id="attachment_23523" align="alignright" width="420" caption="Nas praias, procure sempre estar em locais atendidos por guarda-vidas"]
De acordo com a tenente Carla Adriana Spak Sobol, responsável pelo 3º Subgrupamento do Corpo de Bombeiros de Irati, oito integrantes da corporação foram mobilizados para prestar atendimento como guarda-vidas no litoral. Entretanto, ainda segundo a tenente, a redução do efetivo local não compromete o atendimento a possíveis ocorrências, inclusive aquáticas. "Além de que vieram somar a nosso efetivo três soldados de segunda classe (alunos-soldados) de estágios, que vão compor nosso efetivo até o término da operação-verão", informa.
O Corpo de Bombeiros apresenta algumas recomendações e orientações aos banhistas a fim de reduzir riscos e evitar tragédias. A primeira delas é que, se não souber nadar, não se deve entrar na água. Os bombeiros usam um lema para alertar sobre os riscos de afogamento: "água no umbigo, sinal de perigo". Ou seja, evite entrar em locais fundos.
Outra recomendação dos bombeiros é evitar entrar na água logo após as refeições, muito menos depois de ingerir bebidas alcoólicas - o efeito alcoólico pode levar uma pessoa a perder a noção de periculosidade. Também não se deve usar objetos flutuantes inadequados e sem ter conhecimento técnico.
Quem for se utilizar de embarcações - botes, barcos e similares - deve sempre utilizar um colete salva-vidas. E deve-se manter a cautela ao entrar na água em locais que você nunca frequentou.
[caption id="attachment_23524" align="alignright" width="420" caption="O engenheiro cascavelense de 27 anos morreu próximo a uma queda d'água em Prudentópolis"]
Litoral
O movimento nas praias tende a continuar pelo menos até o fim do Carnaval (12 de fevereiro) e, até lá, espera-se não aumentar as estatísticas fatais. Desde o início da operação, além dos resgates a vítimas de afogamento, já se contabilizam: 2.328 prevenções; 32.369 orientações; 23.447 advertências; 168 queimaduras por água-viva - número despencou em relação ao ano passado, quando foram mais de 20 mil; e 135 crianças perdidas nas praias. Aliás, frequentar a praia com crianças exige atenção redobrada.
Para quem vai se refrescar nesse verão nas praias, os bombeiros orientam a sempre procurar um guarda-vidas e perguntar as condições de banho no mar. Os postos de guarda-vidas estão sinalizados por bandeiras vermelhas e amarelas, que são os locais indicados para a permanência do banhista sem correr perigo.
Jamais se deve entrar no mar em locais com bandeiras pretas. São áreas sem a cobertura de guarda-vidas e você está, automaticamente, se arriscando. Também não se deve entrar na água durante temporais, para evitar o risco de acidentes com descargas elétricas (raios).
Primeiros socorros
De acordo com a tenente Spak, na região abrangida pelo 3º Subgrupamento não haverá cobertura ostensiva de guarda-vidas, "pois não são pontos específicos e seria impossível cobrir todas as áreas. O número de acidentes em meio líquido e afogamento em nossa região é baixo. Ano passado, no período da Operação Verão, tivemos cinco atendimentos na região do 3º SGB, sendo que três foram óbitos e dois resgatados ilesos. Nosso trabalho está na prevenção, através de orientações e, infelizmente, após ter ocorrido o acidente", explica.
Como não há guarda-vidas na região nos pontos utilizados para banho - rios e cachoeiras - a tenente dá algumas instruções para que o pior não aconteça até a chegada dos bombeiros, em caso de afogamento. A primeira instrução é procurar um objeto ou corda que permita alcançar a pessoa em perigo. Somente tentar ajudá-la se souber nadar bem, uma vez que, tomada pelo pânico, a pessoa tende a se agarrar na que tenta ajudá-la, fazendo com que as duas afundem. "Em muitos casos, teremos mais do que uma vítima. Já tivemos casos onde morreram duas ou três pessoas de um mesmo grupo por tentarem ajudar e acabaram sendo afogados pela própria vítima em desespero", lembra Spak.
Quando a vítima é retirada da água, ela deve ser deitada lateralmente, do lado direito, a fim de facilitar sua respiração. Se a vítima já estiver inconsciente, devem-se administrar manobras de compressão torácica (reanimação cardiopulmonar) até a chegada do socorro, tentando manter 100 compressões por minuto.
Um caso emblemático na região de contrariedade a todas as recomendações dos bombeiros é a ocorrência que resultou na morte do engenheiro Jair Kurmann, de 27 anos, que veio de Cascavel para visitar parentes em Prudentópolis, durante as festividades de Natal e se afogou no dia 23 de dezembro.
Conforme informações repassadas pelos bombeiros, o jovem foi até o Salto do Rio Branco - que possui uma queda de 64 metros de altura, no Rio dos Patos - e pretendia tirar uma foto sobre uma pedra que fica no meio da água. Ele sequer teria chegado ao local onde queria fazer a foto para começar a ter dificuldades para nadar. O rapaz chegou a ser socorrido por duas pessoas e, quando elas estavam quase conseguindo retirá-lo da água, ele escapou e submergiu. O corpo só foi encontrado dois dias depois, no Natal.
"Aqui fica o alerta para as pessoas não entrarem em lugares que não se conhece e não arriscar se não estiver preparado. Em relação à ingestão de álcool, a pessoa diminui os seus reflexos e também há uma queda na resposta, e a vítima pode não conseguir sair de uma situação de risco", reitera.
A tenente ressalta que os períodos de férias de verão são voltados para se aproveitar e voltar para casa com boas lembranças. "Então deve-se ter responsabilidade quando forem escolhidos lugares que possam ocorrer acidentes em meio líquido", finaliza.
Texto: Edilson Kernicki, da Redação
Fotos: CGN/UOL e Corpo de Bombeiros
Publicado na edição 653, 09 de janeiro de 2013.