Hiperdia realiza cerca de 130 atendimentos diários

Hipertensão e diabetes são duas das maiores causadoras de óbitos de Irati




[caption id="attachment_23929" align="aligncenter" width="420" caption="A sala de espera do Hiperdia está sempre lotada"][/caption]

Irati - O Hiperdia é um programa voltado para os hipertensos e diabéticos de Irati. A intenção é ter um controle sobre a patologia dos pacientes. Todas as pessoas que procuram a saúde pública de Irati e são diagnosticadas com essas doenças são encaminhadas para o Hiperdia e recebem tratamento regular, visto que tanto a hipertensão como a diabetes não têm cura, fato que leva o paciente a necessitar de constante acompanhamento médico.
Em todas as unidades municipais de saúde há um médico responsável pelo atendimento aos pacientes do Hiperdia e no Pronto Atendimento Central uma endocrinologista cuida do programa. Porém, a mesma encontra-se afastada em licença maternidade, o que prejudica o atendimento especializado, mas a enfermeira responsável pelo PA, Ângela Márcia Vieira, afirma que a especialista deve retornar ainda no mês de fevereiro. "O clínico acompanha o paciente, as medicações, o índice da glicose, mas nós teríamos que ter o endocrinologista que é o especialista", diz.
O maior índice de mortalidade por doenças em Irati tem como causa os problemas cardíacos, sendo que destes casos, boa parte têm como motivo a pressão alta. Além disso, os acidentes vasculares cerebrais causados pela diabetes, ou seja, um nível anormal de açúcar no sangue, também são frequentes no município, como explica Ângela. "A maior importância de se ter um programa como o Hiperdia é prevenir e evitar que no futuro o paciente tenha uma complicação deste tipo", comenta.
Ela atenta a população para o fato de que hipertensão e diabetes são doenças crônicas e, portanto, não tem cura. Sendo assim, os pacientes diagnosticados com uma dessas patologias deve estar em tratamento constante. "Algumas pessoas acham que estão curadas da doença. Isso não existe. Ela pode estar sem os sintomas em determinado momento, mas as prevenções e o tratamento não acabam", garante Ângela.
Atualmente, estima-se que Irati tenha em torno de 11 mil diabéticos sendo que destes, cerca de 400 são insulo-dependentes, ou seja, necessitam de aplicação de insulina, que é o hormônio responsável pela redução da glicemia (taxa de glicose no sangue), para poderem sobreviver. Para o controle da doença é necessário que o paciente tenha a máquina que faz o teste de sangue. "Para conseguir essa máquina é preciso que o paciente venha até a Secretaria de Saúde com a receita do médico", afirma a enfermeira responsável pelo Hiperdia. Além deste equipamento, o município também fornece a insula e medicamentos para os diabéticos.
Mesmo que o número de diabéticos seja considerado alto, os hipertensos ainda representam um grupo maior em Irati. No entanto, Ângela explica que não é possível especificar um número aproximado de hipertensos no município, pois, segunda ela, muitas pessoas têm pressão alta, mas não sabem. "Às vezes a pessoa está com uma dor de cabeça, mas melhora com uma medicação. Com isso, ela acaba nem lembrando que pode ser pressão. Tem também quem não apresente nenhum sintoma, mas mesmo assim está com a pressão alta", diz.
A enfermeira explica que os hipertensos precisam checar a pressão no mínimo uma vez por mês. Isso é algo tão importante que os pacientes que vão até a Secretaria de Saúde para pegar seus remédios só os retiram após a verificação da pressão arterial. "Tem gente que não dá muito valor para a hipertensão, mas é algo muito sério, pois gera muitos problemas cardiovasculares", aponta a enfermeira.
Entre hipertensos e diabéticos, o PA faz cerca de 130 atendimentos diários, o que resulta em quase 4 mil por mês. Esse número representa apenas os pacientes do centro, pois os postos dos bairros também prestam esse serviço. "Quando o caso é mais grave, os pacientes que estão nos PAs dos bairros são encaminhados para o centro", comenta Ângela.
A Secretaria Municipal de Saúde realiza uma reunião mensal para os pacientes do Hiperdia. Nelas são oferecidas explicações de profissionais da área de saúde sobre a prática de exercícios físicos, alimentação, medicações entre outras necessárias para pessoas que têm hipertensão ou diabetes.
Todos os pacientes precisam participar destes encontros que acontecem no PA central, da Vila São João e do Rio Bonito. De acordo com Ângela, eles são fundamentais para o tratamento. "Essas reuniões são tão importantes que nós temos uma lista de presença. É necessário que todos os pacientes participem", afirma.
Todos os pacientes que tenham a carteirinha do Hiperdia conseguem uma receita para a obtenção gratuita de medicamentos pelo período de seis meses. Após este período é necessário agendar outra consulta para que ela seja renovada. "Isso serve para que possa ser feito um controle dos pacientes e dos medicamentos", explica Ângela.
O programa funciona em todos os PAs municipais das 7 às 21 horas e todas as pessoas que têm suspeita de hipertensão ou diabetes devem procurar o Hiperdia. O atendimento é gratuito e os exames são indolores.


Hipertensão arterial


A hipertensão é uma doença determinada por elevados níveis de pressão sanguínea nas artérias, o que faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do que o normal para fazer circular o sangue através dos vasos sanguíneos.
A pressão normal em repouso situa-se entre os 100 e 140 mmHg. Para que os valores sejam confiáveis, é preciso que o exame seja feito após um período de repouso de 5 a 10 minutos. A largura da braçadeira deve corresponder a 2/3 do comprimento do braço, com comprimento suficiente para rodear bem todo o braço envolvendo cerca de 80% deste. Uma braçadeira muito estreita origina valores falsamente altos e por sua vez uma larga demais estará na origem de falsos negativos.
A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para a ocorrência do acidente vascular cerebral, tromboembólico ou hemorrágico, enfarte agudo do miocárdio, aneurisma arterial, doença arterial periférica, além de ser uma das causas de insuficiência renal crônica e insuficiência cardíaca. Mesmo moderado, o aumento da pressão sanguínea arterial está associado à redução da expectativa de vida. Esta é a doença crônica que ocasiona o maior número de consultas nos sistemas de saúde, com um importantíssimo impacto econômico e social.



Diabetes


Esta é uma doença metabólica caracterizada por um aumento anormal do açúcar ou glicose no sangue. A glicose é a principal fonte de energia do organismo. Porém, quando em excesso, pode trazer várias complicações à saúde como, por exemplo, o excesso de sono no estágio inicial, problemas de cansaço e em efetuar as tarefas desejadas. Quando não tratada adequadamente, podem ocorrer complicações como ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, insuficiência renal, problemas na visão, amputação do pé, lesões de difícil cicatrização, dentre outras complicações.
Embora ainda não haja uma cura definitiva para a doença, há vários tratamentos disponíveis que, quando seguidos de forma regular, proporcionam saúde e qualidade de vida para o paciente portador.
Diabetes é uma doença bastante comum no mundo acometendo cerca de 7,6% da população adulta entre 30 e 69 anos e 0,3% das gestantes. Alterações da tolerância à glicose são observadas em 12% dos indivíduos adultos e em 7% das grávidas. Porém estima-se que cerca de 50% dos portadores de diabetes desconhecem o diagnóstico. Com o aumento do sedentarismo, obesidade e envelhecimento da população, estima-se que o número de pessoas com diabetes no mundo deve aumentar em mais de 50%, passando de 380 milhões até 2025.


 

Texto e fotos: Guilherme Capello, da Redação


Publicado na edição 655, 23 de janeiro de 2013.