O De Olho no Campo tem foco na zona rural de Irati
[caption id="attachment_23275" align="aligncenter" width="420" caption="As escolas serviam como bases para o projeto"]
Irati - O projeto "De Olho no Campo" foi constituído em parceria da Secretaria Municipal de Bem Estar Social, Conselho Municipal do Direito da Criança e do Adolescente e Conselho Tutelar. Preocupados com a questão do trabalho infantil, a ideia é a erradicação desta mazela, principalmente no interior do município, como explica a secretária municipal de Bem Estar, Maria Helena Orreda.
Os três órgãos supracitados fizeram o projeto que foi enviado para a empresa Souza Cruz que liberou recursos financeiros para que ele fosse efetivado. Esta verba é relativa ao Imposto de Renda da empresa. "Nós aproveitamos esta oportunidade para pedir às empresas que destinem parte de seu IR para projetos sociais", pede a secretária de Bem Estar. A ação, que começou no mês de julho, tem os recursos válidos por 12 meses, sendo assim, mesmo com a mudança de gestão, ele continua para o próximo ano.
A partir disso, foi possível contratar uma equipe técnica composta por uma psicóloga, uma assistente social, uma pedagoga e uma coordenadora que também é assistente social. Com os recursos, também foi possível adquirir materiais de papelaria, alimentação, equipamentos como câmeras fotográficas, filmadoras, computadores, além de livros infantis e material esportivo.
O projeto é uma extensão do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) do governo federal e que tem oito polos na zona rural de Irati. "Nós queríamos reforçar as ações do PETI, não só no atendimento às crianças, mas também em um trabalho preventivo fazendo ações também com as famílias", explica Maria Helena.
Além de visar a erradicação do trabalho infantil, o projeto também presa pela melhoria do convívio familiar, a prevenção da violência contra crianças e adolescentes e também o desenvolvimento dos infantes da zona rural. "Queremos levar uma atenção especial às famílias do interior, pois hoje a assistência social está bastante voltada para o centro, aonde há um acúmulo de problemas, mas sabemos que no interior também existem problemas de ordem social que ficam muitas vezes escondidos", diz a secretária. Maria Helena afirma que isto sempre foi motivo de angústia para ela como gestora do Bem Estar Social e afirma que o "De Olho no Campo" é o primeiro passo para atendimento das crianças das localidades mais afastada do centro do município.
A comunidade elegida para ser o polo das ações foi o Guamirim. Em seguida, este projeto deve ir para outras comunidades a fim de levar a mesma proposta. Ele será divido em ações desenvolvidas nas escolas para as crianças e os adolescentes e também com os pais, com o objetivo de levar cidadania aos moradores do interior. "Queríamos oferecer a essas famílias os serviços sócio-assistenciais para que elas pudessem ter suas ações atendidas de acordo com suas necessidades através de orientações e encaminhamentos", aponta Maria Helena.
Ela afirma que este é um projeto piloto, mas que a partir dele é possível, para o futuro, instaurar os Centros de Referência em Assistencia Social (CRAS) itinerantes para que a zona rural também possa ser atendida com os serviços do CRAS. "É uma proposta diferente, mas esse projeto dá indicativos sobre os dados e como se trabalhar no interior", explica.
A coordenadora do projeto, Fernanda Teresinha Costa, conta que a primeira ação do "De Olho no Campo" foi fazer o reconhecimento da demanda. Foi realizada uma busca ativa pelas famílias, principalmente aquelas que já participavam do PETI. "Nossos QGs foram as duas escolas do Guamirim: a Escola Rural Estadual Nossa Senhora de Fátima e Escola Rural Municipal Esperança", comenta. A partir disso, foram feitas visitas às famílias cadastradas no PETI e outras que eram indicadas pelas escolas. Assim, foram realizados encaminhamentos para a Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente, Secretarias de Educação, Saúde e Bem Estar Social para serviços socio-assistenciais.
A partir das demandas, também foram formados grupos dentro das escolas para trabalhos em conjunto. "Uma vez por semana nós estávamos com eles e com isso tivemos as pontes com as famílias. Assim, realizávamos palestras, apresentações, entre outras ações de conscientização", explica a psicóloga do projeto, Bruna Alves.
Além de realizar as ações de erradicação do trabalho infantil, as funcionárias do programa também cumpriam funções de outras instituições municipais por estarem em contato com os moradores da zona rural com mais frequência. "Entidades como o Conselho Tutelar, o CREAS, entre outras, nos passavam alguns casos. Então acabamos extrapolando as ações do nosso projeto", afirma Maria Helena Orreda. Como a intenção do "De Olho no Campo" era também prestar serviços sociais às famílias, foram atendidos casos violência contra o idoso e contra a mulher que são atendimentos específicos do CREAS.
Apesar de estar funcionando conforme o plenejado, Maria Helena afirma que, por ser uma experiência nova, ainda é preciso aprimorar e melhorar o projeto. "Quando se começa algo, se tem uma ideia, mas na prática a demanda é outra. Diante desta experiência de seis meses, podemos ter uma visão mais qualificada para interagir com a comunidade", afirma a secretaria de Bem Estar Social.
Texto: Guilherme Capello, da Redação
Fotos: Arquivo De Olho no Campo
Publicado na edição 651, 27 de dezembro de 2012.