Uma nova família na terceira idade

Teixeira Soares - Em 1980, Ovídio Ismael Gubert fundou a Associação Teixeirassoarense de Amparo ao Idoso (Atai). 20 anos depois, a instituição está bem estruturada e é o abrigo de 35 idosos que não tem família ou que foram abandonados pela sua.
A Atai é mantida na sua maior parte com os benefícios de cada idoso e também por subvenções sociais. O presidente Matias Streiechen está há 12 anos a frente do abrigo e conta que no final da década passada, o lar de velhinhos passou por um momento de dificuldades financeiras devido a problemas de administração e quase foi fechado.
Diante da situação autoridades municipais procuraram Streiechen e o pediram para tomar conta da Atai. O maior obstáculo enfrentado foi a falta de verbas. “Como não consegui nenhum auxílio na região, consultei alguns amigos que moram no exterior e eles se prontificaram a me ajudar a recuperar o abrigo”, lembra o presidente.
A verba liberada foi de R$ 300 mil e colaborou para que a Atai passasse por uma reforma na sua estrutura. Assim foi possível a construção de mais alojamentos, quartos, calçadas e muros. “Também construímos a Capela, fizemos um poço artesiano e instalamos um aquecedor solar e uma câmara fria. Mas o repasse foi destinado para esse investimento, não para manutenção do lar”, acrescenta Streiechen.
Segundo o presidente, foram construídos quartos separados depois que surgiu a proposta de abrigar casais na Atai. “Isso garante uma maior intimidade para os dois”, completa. Além da estrutura já citada, o lar oferece aos idosos um jardim, horta e também uma cozinha para serviços gerais que os próprios velhinhos utilizam muitas vezes, para preparar o tradicional chimarrão. “Outra conquista importante foi a instalação de um fogão industrial a lenha, que reduziu o consumo de gás de cozinha”, observa.
Hoje a manutenção do abrigo gira em torno de R$ 20 mil por mês, pagos na maior parte com os benefícios dos idosos. “Os repasses do poder público são muito pequenos e cobrem cerca de um quarto das nossas despesas. Além de verbas que são destinadas pelas prefeituras de Fernandes Pinheiro e Teixeira Soares, recebemos do Governo Federal através da Comunidade Solidária. Mas vale dizer que esses repasses somam pouco mais de R$ 5 mil”, lamenta Streiechen.
Há algum tempo atrás a Associação abrigava somente idosos oriundos dos municípios de Fernandes Pinheiro e Teixeira Soares. Porém, devido a denúncias de maus tratos o Ministério Público interditou um abrigo de Ponta Grossa e alguns velhinhos foram transferidos para a Atai.
O presidente diz que se sente compromissado com o trabalho na Atai e que enquanto puder continuará a frente da instituição. “Eu assumi um compromisso aqui e vou cumprir. Mas, além de tudo para mim é uma satisfação poder estar sempre conversando com os velhinhos porque é como se nós fossemos a família deles”, conclui.
Texto: Marina Lukavy, da Redação.
Publicado na edição 527, em 14 de julho de 2010