Projeções indicam rotatividade de culturas pelos agricultores

A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve alcançar 145,8 milhões de toneladas este ano, 8,8% maior que a obtida em 2009 (134 milhões de toneladas) e 0,1% menor que a safra recorde de 2008 (145,9 milhões de toneladas). Os dados são da quinta estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), de maio, divulgada em junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O técnico rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), em Irati, Josnei Augusto da Silva Pinto, observa que a safra passada foi boa em produtividade de quase todas as culturas, mas foi um ano ruim de preço, muito abaixo do esperado.
“Vemos que irá haver uma diminuição da área do milho, fato que já vem sendo normal nos últimos anos. O agricultor indica que irá deixar de plantar essa cultura devido aos baixos preços, provavelmente, terá um aumento do cultivo de soja e feijão nas próximas safras na região”, acredita.
Segundo Josnei, é normal que o produtor faça esse rodízio de culturas influenciado pela variação dos preços. “Outra área que vemos que irá aumentar é a de fumo, empresas da cidade estimam que haja aumento de 3% a 5% de área. A rentabilidade do fumo é que dá um retorno melhor para o pequeno agricultor. O aumento da soja é relativo ao aumento do preço e a menor suscetibilidade a fatores climáticos comparada ao milho”, esclarece.
A partir de agosto, começa a ser feito o levantamento de área para recolhimento dos dados sobre a agricultura em Irati e região. “Poderemos ver o que vai aumentar e o que vai diminuir na produção. A pesquisa é feita junto a empresas de revenda de insumos, o pessoal da assistência técnica e as empresas que compram a produção”, conta.
Conforme os números do IBGE, o Paraná mantém a posição de maior produtor nacional de grãos, superando Mato Grosso, e a região Sul. Em termos regionais, concentra a produção agrícola, com 62,2 milhões de toneladas (+18,7%); seguida do Centro-Oeste, 51,1 milhões de toneladas (+4,6%); Sudeste, 16,5 milhões de toneladas (-3,8%); Nordeste, 12,1 milhões de toneladas (+3,2%) e Norte, 3,8 milhões de toneladas (+1,1%).
Recomendações
A indicação básica é que o agricultor faça um bom preparo do solo. “Para quem trabalha com plantio direto, o indicado é que  faça uma boa adubação do solo, assim o produtor estará aumentando a matéria orgânica. Esse procedimento contribui para a resistência da plantação em um período de estiagem, também indicamos ao agricultor que faça uso de uma boa tecnologia”, comenta o técnico.
Josnei orienta que o agricultor acompanhe sempre as previsões, porque com a proximidade da época do plantio ela vai se definindo melhor. “O ideal é evitar que a floração coincida com a estiagem, mas o difícil é prever quando será a estiagem, por isso a importância de ficar atento às previsões climáticas”, recomenda.
Fenômeno La Niña
Segundo os meteorologistas, depois de um período de aproximadamente um ano com águas aquecidas (El Niño), se observa um processo de resfriamento das águas do Oceano Pacífico equatorial, indicando o Josnei diz que a previsão é de que o La Niña seja favorável à cultura do trigo. “Acredito que possa ser bom, porque é uma cultura que não precisa de chuvas, já para a plantação de cebola pode ser que falte chuva na formação dos bulbos, o que pode prejudicar um pouco a produção”, elucida.
O que ocorre é que, a partir da mudança na temperatura do Pacífico, as massas de ar úmidas da região amazônica não se deslocam para o Sul, permanecem na região ou seguem para o Nordeste. Dessa forma, estados como o Paraná passam a depender de chuvas que venham do Sul, nem sempre suficientes. Quanto maior o resfriamento das águas oceânicas, mais chances dessa alteração.
 Texto: Adriana Souza, Da Redação
 Publicado na edição 529, em 28 de julho de 2010