Há algum tempo escrevia aqui que achava que a campanha política deste
ano seria um pega pra capar sem precedentes. Penso que os acidentais
leitores podem ter concordado uns, duvidado outros, mas a coisa ta aí, a
mesa quase posta e a moçada com muita fome, de tudo. Antes que Jarbas
adentre o recinto para servir o prato principal, conto-lhes: campanha
política em um estado do norte, onde eu morava – e fazia parte da
campanha de um dos candidatos á governador -, corria aparentemente
tranquila (pros padrões locais), na superfície, mas nas encruzilhadas o
bicho tava pegando. E lá, quando o bicho tá pegando, o bicho tá pegando,
se é que me entendem. Uma noite, devia ser umas sete, sete e meia,
rádios e Tvs interrompem suas programações pra informar que o candidato e
provavelmente futuro governador havia sido assassinado. Prá pacíficos
cidadãos dos “sul maravilha” (obrigado Henfil), a sensação é estranha,
você começa a se perguntar o que que tá fazendo ali. Passa do impacto, a
resposta vem clara: provavelmente você meteu o bedelho onde não (?) era
chamado. Mas é engraçado, é igual a corrida de kart onde, antes da
largada, dá uma tremedeira geral; jogo de basquete, a mesma coisa, ou, a
primeira vez que você vai voar sozinho, e descubro que a tremedeira é o
alarme pra você tocar em frente. E a gente vai, sem saber muito pra
onde, vai. Na mesma região, um locutor de rádio – nesses programas do
meio-dia – resolve desancar um candidato a prefeito. O candidato foi á
rádio e literalmente desmontou o crítico “speecher”. Acalmados os
ânimos, o locutor foi levado a um hospital pra ser medicado, e o
candidato pra casa. Até o portão de sua casa, onde, depois que se foram
os salvadores, ele resolveu ir até o hospital pra terminar o que tinha
começado. E terminou. Esse cara, hoje, é senador. É verdade! Campanha
política é coisa pra gente de estômago forte, ou com grana pra consumir
digestivos altamente eficientes. O que essa gente (faz de conta que)
engole de sapos é uma glória. Por que faz de conta? Porque faz de conta.
Campanha em cidades pequenas é uma coisa muito pro, também, faz de
conta. Não dá pra se exercitar como faz esse pessoal de quem eu falei
aqui. É muito rabo preso, se tratam pelos nomes de família e nunca se
chamam pelos verdadeiros nomes, ladrão, por exemplo. Aí reina a lei da
covardia, do compadrio, do interesse, do pavor de encontrar na esquina,
no banco ou da impossibilidade de um acerto nas próximas eleições. Assim
mesmo, eles se dão o direito a folguedos – mais jogo de cena – pra
passar a impressão de que são…adversários políticos (juro, tô vendo a
cara dessa gente) inimigos, jamais. É divertido ou não é? Mas a minha
campanha é outra e eu quase esqueço dela. Vejo na Internet que o líder
da Câmara, Cândido Vacarezza (PT/SP) desancou o candidato à vice, de
José Serra, Índio da Costa, que disse: Todo mundo sabe que o PT é ligado
às FARC, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior. Não tenho
nenhuma dúvida disso”. Sei, esse trecho entrega uma estratégia de
campanha tão antiga como as campanhas políticas.
O vice, no caso Índio da Costa, no momento foi nomeado o “boi de piranha”. Ele vai ser o responsável por dar e levar porrada, enquanto a caravana passa. Já, o outro lado, não tá calçado numa posição acima do bem e do mal é só ver, os jornais de 31 de maio contava: MP cobra quinta multa de Lula e a terceira de Dilma. Como vocês podem ver Jarbas, o mordomo, ainda não adentrou (adentrou é terrível, né?) a sala para nos servir o prato principal.
Marco Leite
Publicado na edição 528, em 21 de julho de 2010
O vice, no caso Índio da Costa, no momento foi nomeado o “boi de piranha”. Ele vai ser o responsável por dar e levar porrada, enquanto a caravana passa. Já, o outro lado, não tá calçado numa posição acima do bem e do mal é só ver, os jornais de 31 de maio contava: MP cobra quinta multa de Lula e a terceira de Dilma. Como vocês podem ver Jarbas, o mordomo, ainda não adentrou (adentrou é terrível, né?) a sala para nos servir o prato principal.
Marco Leite
Publicado na edição 528, em 21 de julho de 2010