Anatel ou Babel?

Quem não passou pelo constrangimento de erguer o fone do gancho e, não ouvir nada. Pior, com as linhas alimentando a rede da internet, essa fica inacessível.
Pagamos caro para o uso desses bens de serviço. No Brasil, há um alto custo de impostos e taxas. Dizem os especialistas que atinge a 40% da conta. Os brasileiros pagam uma das mais caras tarifas do mundo.
Para protocolarmos a falha de uma linha, ligamos para a companhia telefônica, somos avexados por discar vários números, onde perdemos vários minutos e muitas vezes, a paciência. Prometem-nos que o problema será sanado em tantas horas. Passa-se esse período, sem podermos usar a internet e a comunicação via telefonia fixa. É evidente que o usuário arca com um prejuízo, seja econômico ou moral.
Outras vezes, temos que partir para o Procon, quanto incômodo isso nos causa. Quando vemos os funcionários, terceirizados, tentando sanar a falha, perguntamos a eles o porquê do atraso. Respondem que não há pessoal suficiente para suprir a demanda.
A privatização, ocorrida em 1988, trouxe um avanço substancial ao sistema, mas os investimentos não acompanharam o crescimento do número de usuário no país.
Com poucos segundos nos comunicamos com o mundo todo. Sabemos das ocorrências quase que instantaneamente. As linhas telefônicas, praticamente, ficaram acessível a toda população. Antigamente, havia até bolsa de telefones.
Com a modernização do Estado administrativo, dos conceitos relacionados aos seus deveres, em especial na prestação de serviço público adequado e de qualidade, surgiu o princípio da descentralização como hoje o conhecemos.
O fato é que as agencias reguladoras não tem cumprido o seu papel, pois sua atuação tem puxado muito mais para as empresas e os governos do que para os interesses dos consumidores. Também se verifica que as empresas que aqui atuam, diferentemente do que fazem em seus países de origem, tratam o mercado brasileiro, com prepotência. Isso acontece porque as entidades oficiais o permitem. Infelizmente, nessa suposta intermediação, das agencias, quem está na cúpula, nunca tem culpa.
Poder-se-ia implantar com mais afinco a educação via banda larga, se o sistema fosse confiável.
Inexplicavelmente, há escassez de antenas para telefonia móvel, contrapondo-se com o alto custo pago e ao imenso número de usuários. Principalmente ao longo das rodovias.
A inclusão digital pode ser medida de três formas: pelo uso do telefone (fixo ou celular), pela utilização de computadores e pela conexão dos computadores a internet. Mas, a internet depende do uso do computador e da telecomunicação.
Dever-se-ia sempre ser preservado o objetivo de harmonizar os interesses do consumidor, como preço e qualidade, com os do fornecedor, como a viabilidade.
Será que ninguém vai mexer nessa ferida?
O fato é que o sistema carece de um rigor na fiscalização, por parte das agências reguladoras e, da Anatel. Enquanto isso só nos resta: reclamar, reclamar e reclamar.Até quando?
Dagoberto Waydzik – Engenheiro Civil
Publicado na edição 530, em 04 de agosto de 2010