A escolha do presidente da República será no dia 31 de outubro
Centro Sul - O segundo turno proporciona ao eleitor uma reflexão mais apurada, uma análise mais aprofundada, ou seja, nesse instante ele terá que avaliar apenas duas candidaturas de forma mais específica, ao contrário do primeiro turno.
Quem comenta sobre o assunto é o professor Emerson Rigoni, docente de Geografia na Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), e está cursando Mestrado em Geografia com a pesquisa “Geografia Política, Relações de Poder e Poder Local”, pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
“Para os candidatos esse momento representa a possibilidade de fazer uma releitura de seus discursos e suas ações. É no segundo turno que as propostas ganham mais importância, novas alianças são costuradas e o debate fica mais acirrado. Contudo, é nessa fase que os candidatos têm que tomar um pouco mais de precaução sobre a forma de aplicar suas estratégias de campanha, pois, não raro, alguns confundem o momento que a priori serve para a apresentação de propostas concretas, plano de governo com ataques improdutivos cujo reflexo pode ser danoso ao seu objetivo.
Rigoni espera que nesse segundo turno, o embate seja pautado exclusivamente nas idéias e propostas de ambos os lados. Essa fase da disputa se desenvolva de forma salutar e esclarecedora e não agressiva e demagoga.
Pesquisas
Segundo Rigoni, em um passado recente as pesquisas poderiam sim induzir o eleitor menos atento, principalmente aqueles que por princípio não gostavam de “perder o voto”. “Atualmente o que se pode perceber é que esse fato sofreu um processo evolutivo. Hoje o eleitor busca mesmo que de forma comum, analisar em quem depositar seu voto. O brasileiro discute mais a política, os prós e contras de cada candidato, avaliam e comparam as diferentes gestões. Nesse sentido, a questão “pesquisa” não proporciona grande influencia nos resultados eleitorais”, salienta.
Cabe lembrar três fatos históricos: o primeiro a reeleição do presidente Lula em 2006 onde as pesquisas demonstravam ampla vantagem para o petista e houve o segundo turno contra o Alckmin. Segundo, nessa mesma eleição, a nível estadual, as pesquisas davam a Roberto Requião a vitória no primeiro turno com grande votação e o que se viu foi um segundo turno extremamente equilibrado e disputado voto a voto. O terceiro é o atual pleito que no ápice da efervescência eleitoral apontava a candidata Dilma Roussef eleita e mesmo assim resultou em um segundo turno com o tucano Serra.
Partidos
De acordo com Rigoni, segundo os estatutos os dois partidos se apresentam da seguinte forma. O Partido dos Trabalhadores (PT) é uma associação voluntária de cidadãs e cidadãos que se propõem a lutar por democracia, pluralidade, solidariedade, transformações políticas, sociais, institucionais, econômicas, jurídicas e culturais, destinadas a eliminar a exploração, a dominação, a opressão, a desigualdade, a injustiça e a miséria, com o objetivo de construir o socialismo democrático.
Já o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), tem como base a democracia interna e a disciplina e, como objetivos programáticos, a consolidação dos direitos individuais e coletivos; o exercício democrático participativo e representativo; a soberania nacional; a construção de uma ordem social justa e garantida pela igualdade de oportunidades; o respeito ao pluralismo de idéias, culturas e etnias; e a realização do desenvolvimento de forma harmoniosa, com a prevalência do trabalho sobre o capital, buscando a distribuição equilibrada da riqueza nacional entre todas as regiões e classes sociais.
“Dentro de seus atributos, entende-se um PT mais pautado nas questões sociais, colocando-se como um partido de esquerda e o PSDB, devido a seus atores e seu desenvolvimento histórico, como um partido de centro-direita”, esclarece.
Eleições históricas
“Só o fato de termos não apenas uma, mas duas mulheres com expressiva votação no cenário político nacional já posiciona esse pleito como um fato histórico, ouso até dizer, ‘paradigmático’. Ao que tudo indica o brasileiro vem amadurecendo no que diz respeito às questões políticas, está se tornando senil. Isso é bom e extremamente salutar para o desenvolvimento da nação”, elogia.
Rigoni diz que até pouco tempo a política era privilégio apenas dos homens, logo, as mulheres conquistaram o direito ao voto e atualmente, conquistaram o próprio voto. “Que sejam muito bem vindas a esse meio, que tragam para dentro da política o que lhes é peculiar”, deseja.
Destaque
Para Rigoni, o momento político a nível nacional que merece apreciação foi a eleição de 1989. “Esse pleito tem sua importância expressa por ser nessa corrida eleitoral que os eleitores aptos tiveram a oportunidade de novamente determinar quem seria o presidente da República. Cabe lembrar que esse fato não ocorria desde a década de 1960. Assim sendo, para esse momento foram lançados 22 nomes que concorreram ao cargo”, lembra.
Dentre estes, destacaram-se os seguintes políticos: Fernando Collor de Mello (PRN), Luis Inácio Lula da Silva (PT), Guilherme Afif Domingos (PL), Leonel Brizola (PDT), Mário Covas (PSDB), Paulo Salim Maluf (PDS), Ulisses Guimarães (PMDB), Roberto Freire (PCB), Affonso Camargo Neto (PTB), Enéas Ferreira Carneiro (PRONA), Lívia Maria de Abreu (PN).
O resultado dessa eleição apontou como mais votados: Collor (28,52%) Lula (16, 08%), Brizola (15,45%), Covas (10,78%) e Maluf (8,28%). No primeiro turno, não houve um vencedor com maioria absoluta (50% +1), fato esse que levou ao segundo turno os dois candidatos mais votados. Dessa forma, Fernando Collor de Mello consolidou a vitória com 49,94% dos votos contra 44,23% de Luis Inácio Lula da Silva.
“Essa fase veio também consolidar essas duas personalidades como atores de destaque na construção histórica da política nacional”, observa.
Rigoni remete para a escala regional a eleição de 2006, quando a corrida para o governo do Paraná se mostrou extremamente acirrada. Nesse momento os principais postulantes ao cargo foram Roberto Requião de Mello e Silva (PMDB), Osmar Fernandes Dias (PDT), Flavio José Arns (PT) e Rubens Bueno (PPS).
“O fato marcante nessa eleição foi o equilíbrio. No segundo turno, o peemedebista venceu a eleição com 50,09% e Osmar Dias ficou com 49,90%, no primeiro, Requião conquistou 42,80% da preferência do eleitorado contra 38,60% do pedetista”, conclui.
Texto: Adriana Souza, Da Redação
Publicado na edição 541, em 20 de outubro de 2010
Centro Sul - O segundo turno proporciona ao eleitor uma reflexão mais apurada, uma análise mais aprofundada, ou seja, nesse instante ele terá que avaliar apenas duas candidaturas de forma mais específica, ao contrário do primeiro turno.
Quem comenta sobre o assunto é o professor Emerson Rigoni, docente de Geografia na Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), e está cursando Mestrado em Geografia com a pesquisa “Geografia Política, Relações de Poder e Poder Local”, pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
“Para os candidatos esse momento representa a possibilidade de fazer uma releitura de seus discursos e suas ações. É no segundo turno que as propostas ganham mais importância, novas alianças são costuradas e o debate fica mais acirrado. Contudo, é nessa fase que os candidatos têm que tomar um pouco mais de precaução sobre a forma de aplicar suas estratégias de campanha, pois, não raro, alguns confundem o momento que a priori serve para a apresentação de propostas concretas, plano de governo com ataques improdutivos cujo reflexo pode ser danoso ao seu objetivo.
Rigoni espera que nesse segundo turno, o embate seja pautado exclusivamente nas idéias e propostas de ambos os lados. Essa fase da disputa se desenvolva de forma salutar e esclarecedora e não agressiva e demagoga.
Pesquisas
Segundo Rigoni, em um passado recente as pesquisas poderiam sim induzir o eleitor menos atento, principalmente aqueles que por princípio não gostavam de “perder o voto”. “Atualmente o que se pode perceber é que esse fato sofreu um processo evolutivo. Hoje o eleitor busca mesmo que de forma comum, analisar em quem depositar seu voto. O brasileiro discute mais a política, os prós e contras de cada candidato, avaliam e comparam as diferentes gestões. Nesse sentido, a questão “pesquisa” não proporciona grande influencia nos resultados eleitorais”, salienta.
Cabe lembrar três fatos históricos: o primeiro a reeleição do presidente Lula em 2006 onde as pesquisas demonstravam ampla vantagem para o petista e houve o segundo turno contra o Alckmin. Segundo, nessa mesma eleição, a nível estadual, as pesquisas davam a Roberto Requião a vitória no primeiro turno com grande votação e o que se viu foi um segundo turno extremamente equilibrado e disputado voto a voto. O terceiro é o atual pleito que no ápice da efervescência eleitoral apontava a candidata Dilma Roussef eleita e mesmo assim resultou em um segundo turno com o tucano Serra.
Partidos
De acordo com Rigoni, segundo os estatutos os dois partidos se apresentam da seguinte forma. O Partido dos Trabalhadores (PT) é uma associação voluntária de cidadãs e cidadãos que se propõem a lutar por democracia, pluralidade, solidariedade, transformações políticas, sociais, institucionais, econômicas, jurídicas e culturais, destinadas a eliminar a exploração, a dominação, a opressão, a desigualdade, a injustiça e a miséria, com o objetivo de construir o socialismo democrático.
Já o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), tem como base a democracia interna e a disciplina e, como objetivos programáticos, a consolidação dos direitos individuais e coletivos; o exercício democrático participativo e representativo; a soberania nacional; a construção de uma ordem social justa e garantida pela igualdade de oportunidades; o respeito ao pluralismo de idéias, culturas e etnias; e a realização do desenvolvimento de forma harmoniosa, com a prevalência do trabalho sobre o capital, buscando a distribuição equilibrada da riqueza nacional entre todas as regiões e classes sociais.
“Dentro de seus atributos, entende-se um PT mais pautado nas questões sociais, colocando-se como um partido de esquerda e o PSDB, devido a seus atores e seu desenvolvimento histórico, como um partido de centro-direita”, esclarece.
Eleições históricas
“Só o fato de termos não apenas uma, mas duas mulheres com expressiva votação no cenário político nacional já posiciona esse pleito como um fato histórico, ouso até dizer, ‘paradigmático’. Ao que tudo indica o brasileiro vem amadurecendo no que diz respeito às questões políticas, está se tornando senil. Isso é bom e extremamente salutar para o desenvolvimento da nação”, elogia.
Rigoni diz que até pouco tempo a política era privilégio apenas dos homens, logo, as mulheres conquistaram o direito ao voto e atualmente, conquistaram o próprio voto. “Que sejam muito bem vindas a esse meio, que tragam para dentro da política o que lhes é peculiar”, deseja.
Destaque
Para Rigoni, o momento político a nível nacional que merece apreciação foi a eleição de 1989. “Esse pleito tem sua importância expressa por ser nessa corrida eleitoral que os eleitores aptos tiveram a oportunidade de novamente determinar quem seria o presidente da República. Cabe lembrar que esse fato não ocorria desde a década de 1960. Assim sendo, para esse momento foram lançados 22 nomes que concorreram ao cargo”, lembra.
Dentre estes, destacaram-se os seguintes políticos: Fernando Collor de Mello (PRN), Luis Inácio Lula da Silva (PT), Guilherme Afif Domingos (PL), Leonel Brizola (PDT), Mário Covas (PSDB), Paulo Salim Maluf (PDS), Ulisses Guimarães (PMDB), Roberto Freire (PCB), Affonso Camargo Neto (PTB), Enéas Ferreira Carneiro (PRONA), Lívia Maria de Abreu (PN).
O resultado dessa eleição apontou como mais votados: Collor (28,52%) Lula (16, 08%), Brizola (15,45%), Covas (10,78%) e Maluf (8,28%). No primeiro turno, não houve um vencedor com maioria absoluta (50% +1), fato esse que levou ao segundo turno os dois candidatos mais votados. Dessa forma, Fernando Collor de Mello consolidou a vitória com 49,94% dos votos contra 44,23% de Luis Inácio Lula da Silva.
“Essa fase veio também consolidar essas duas personalidades como atores de destaque na construção histórica da política nacional”, observa.
Rigoni remete para a escala regional a eleição de 2006, quando a corrida para o governo do Paraná se mostrou extremamente acirrada. Nesse momento os principais postulantes ao cargo foram Roberto Requião de Mello e Silva (PMDB), Osmar Fernandes Dias (PDT), Flavio José Arns (PT) e Rubens Bueno (PPS).
“O fato marcante nessa eleição foi o equilíbrio. No segundo turno, o peemedebista venceu a eleição com 50,09% e Osmar Dias ficou com 49,90%, no primeiro, Requião conquistou 42,80% da preferência do eleitorado contra 38,60% do pedetista”, conclui.
Texto: Adriana Souza, Da Redação
Publicado na edição 541, em 20 de outubro de 2010