Padre de Portugal visita Irati em busca do resgate de histórias




Irati – No início do mês de dezembro, o Jornal Hoje Centro Sul recebeu a visita do padre Antônio Almeida Duarte, natural de Portugal e que veio à Irati resgatar a história do seu tio, o padre Sebastião Mendes. Este ajudou nas obras de construção da Escola Apostólica que foi inaugurada em 1928 e que encerrou suas atividades em 1948.

Sebastião Mendes chegou em Irati, no dia 15 de julho de 1925, aniversário do município. Padre Antonio conta que seu tio acreditava muito na Providência Divina, no ato de ser capaz de “ler sinais”, e por este motivo que acabou se fixando em Irati. Segundo o padre, foram dois sinais que fizeram seu tio acreditar que o município era o lugar certo.

Um deles, foi a história de uma senhora, devota fervorosa que estava enferma e pedia constantemente por uma unção de um pároco, mas não havia nenhum na cidade. Quando chegou em Irati, o padre Sebastião foi conduzido até a residência dessa senhora que, após receber a unção, pode descansar em paz.

O outro sinal aconteceu quando, na falta de luz elétrica, o padre e seu ajudante acenderam velas no altar e, ao término da missa, deixaram elas acesas acreditando que o sacristão retornaria mais tarde e apagaria as velas. Porém, ninguém voltou. Lembrando-se, tarde da noite, Padre Sebastião saiu a pé com seu ajudante nas ruas de lama após uma forte chuva e voltou para a igreja que ficava na Praça da Bandeira. Ao entrar no local constatou que a vela estava nos últimos resquícios e se não tivessem chegado a tempo, a igreja teria sido incendiada.

Uma história curiosa do padre Sebastião Mendes se deu na época em que angariava recursos para a construção da Escola Apostólica e precisou ia à Ponta Grossa de trem. Ao retornar para Irati, o maquinista se recusou a parar na estação, sendo assim necessário que o padre jogasse suas bagagens e saltasse do trem caindo às margens da estrada de ferro.

Atrás dessas lembranças que padre Antônio, agora aposentado e residente em Lisboa, veio manter contato com o historiador José Maria Orreda. Antônio trabalhou durante 13 anos em Moçambique, pela terceira vez no Brasil, é a primeira vez que vem a Irati. “Meu encanto pelo Brasil é muito grande, pelo valor da língua e da história daqui. Viajei o mundo e essa mobilidade me dá alegria, pois todo dia posso alimentar minha alma cultural”, ressalta o padre.

Texto: Marina Lukavy, da Redação

Foto: Sandra Mosson, da Redação

Publicado na edição 551, em 29 de dezembro de 2010