Bibinho começa a ser julgado pelos atos secretos na Assembleia

A defesa dispensou 46 testemunhas que falariam a favor do ex-diretor e o julgamento foi suspenso

Centro Sul – O ex-diretor-geral da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Abib Miguel, o, começou a ser julgado na última quinta-feira (09). Servidores da Alep confirmaram, em depoimento judicial, que pessoas foram contratadas de modo irregular. As declarações reforçaram a existência de atos secretos.

Ao todo, seis pessoas prestaram depoimentos. Thayse Gbur contou que trabalha em uma empresa que lava carrros e que foi informada pelo Ministério Público que esteve na lista de funcionários da Alpe. Ela também disse que cedeu cópias de documentos pessoais para um parente do marido, Alessandro Gbur, com a promessa de ser beneficiada por um seguro. Thayse acrescentou que não assinou documento algum nem abriu conta bancária. Dois permissionários de táxi confirmaram que Eduardo Gbur, que também já esteve na lista de servidores da Assembleia, é taxista pelo menos desde 2008.

Marco Antonio Marconcin, que presidiu a comissão de sindicância instalada pela Assembleia, disse que a investigação interna não encontrou prova de que o ex-diretor participou de qualquer ato ilícito, mas reforçou que toda a contratação de pessoal, necessariamente, passava pela diretoria-geral.

O atual diretor de pessoal, Antonio Carlos Gulbino, afirmou que era coordenador de recursos humanos até março e que encontrou arquivos incompletos de funcionários. Segundo ele, algumas pastas estavam sem o ato de nomeação, tinham número de ato incompatível ou não tinham a documentação assinada pelos responsáveis pela contratação. Gulbino ainda acrescentou que, em tese, tais pessoas não poderiam ser incluídas na folha de pagamento sem a documentação completa.

A funcionária Cleia Carazzai confirmou que era responsável pelo registro em livro da sequência dos atos de nomeação e que recebeu ordem do ex-diretor de pessoal Cláudio Marques da Silva de deixar espaços não preenchidos para serem completados quando necessários. Também admitiu que, em 2008, preencheu no livro uma sequência de atos referentes aos anos de 2003 e 2006.

O processo, que corre na 9ª Vara Criminal, é o primeiro que chega à fase de depoimentos. Bibinho, acusado de chefiar um esquema de desvio de recursos públicos por meio da contratação de funcionários fantasmas, é réu em mais uma ação judicial e alvo de uma série de investigações do Ministério Público.

A previsão inicial era de que o interrogatório levaria três dias. Mas a defesa – que avaliou que os depoimentos do dia não acrescentaram novidades ao processo e que o Ministério Público não apresentou ainda nenhuma prova cabal do envolvimento de Bibinho em ações ilícitas – decidiu dispensar as 46 testemunhas que falariam a favor do ex-diretor-geral. O julgamento, então, foi suspenso, até que a última testemunha de acusação seja ouvida.

Fonte: Gazeta do Povo

Publicado na edição 549, em 15 de dezembro de 2010