A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural discutiu nesta quinta-feira (7), em Brasília, as dificuldades enfrentadas pelos produtores de vinho colonial de Irati. O município é de colonização italiana e preserva a cultura da produção familiar. A situação dos produtores de vinho de Irati se tornou pública após uma reportagem publicada pelo Jornal Folha de Irati.
O Jornal Iratiin fez a transmissão ao vivo da audiência. Veja a seguir:
De acordo com o autor do requerimento da audiência, o deputado federal, Evandro Roman, a discussão é necessária, diante das recentes ações de fiscalização na região, pois o produto não está dentro das normas exigidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Recentemente, as famílias que produzem a bebida foram obrigadas a descartar aproximadamente 5 mil litros, por não atenderem todas as exigências sanitárias. A venda era feita apenas no local da produção, com autorização da prefeitura.
“O produtor não sabe se colhe a uva ou se corre para eliminar as barreiras no Mapa. Acredito que seja importante fazermos um Termo de Ajuste de Conduta para que, junto com o sistema de fiscalização do Paraná, tenhamos o bom senso para resolver essa questão até fevereiro. Não sei se é viável juridicamente, mas esse seria um bom caminho”, disse o parlamentar.
O produtor local, Luiz Alcione Cosmos, contou como tem sido ruim a quebra da tradição passada pelos antecessores. “Antes da fiscalização, uma comunidade tinha 50 produtores. Após as exigências do órgão, agora só são cinco, mas com produção industrial. Muitos tiveram que desistir por conta da falta de dinheiro para adquirir equipamentos. Isso é impossível, pois muitas famílias dependem exclusivamente do vinho”, lamentou.
De acordo com o prefeito de Irati, Jorge Derbli (PSDB), a regularização da situação é importante para o turismo na região. “Não somos contra a Lei, mas não concordamos com o que aconteceu na fiscalização dos pequenos produtores. Fazemos um apelo ao Mapa: uma condição diferenciada para essa produção em pequena escala”, ressaltou.
“Os senhores {produtores} estão no lugar correto. A Câmara é o órgão responsável por regular a agroindústria brasileira. A solução à curto prazo não existe. Mas, precisamos construir, juntos, as soluções à médio e à longo prazo, com articulação institucional. O mais difícil está sendo feito, que é a organização”, afirmou o coordenador do Departamento de Desenvolvimento das Cadeias Produtivas e da Produção Sustentável do Mapa, Helinton José Rocha.
Encerrando a audiência, o deputado Roman disse estar otimista na possibilidade de se encontrar uma solução definitiva com prosperidade de desenvolvimento para a produção do vinho artesanal. “Estarei procurando o secretário de Mobilidade Social, do Produtor Rural e do Cooperativismo, José Dória, e José Roberto Ricken, do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) para montarmos uma pré-proposta, construindo com os produtores uma pequena cooperativa. Ficou claro que teremos que nos organizar e, até lá, buscarmos um termo de ajuste de conduta para termos este prazo”, concluiu.