Unicentro entra em greve pela segunda vez no ano

Em assembleia realizada na tarde de quinta-feira, dia 23, ficou decidido pelos professores presentes, que pela segunda vez em 2015, a Unicentro passará por greve. Dessa vez, o único foco da reivindicação é acerca da Paranaprevidência, cujo  Projeto de Lei 252/2015, de autoria do governo do Estado, que propõe a reestruturação do Plano de Custeio e Financiamento do Regime Próprio de Previdência Social do Estado, está em tramitação na Assembleia Legislativa do Paraná e poderá ser votado na próxima semana.

@Raphael Gierez/Hoje Centro Sul
De acordo com o governo, o projeto tem como objetivo proteger o sistema previdenciário do Estado e equilibrar o caixa do Tesouro Estadual. O que se propõe é uma migração de 33 mil beneficiários com mais de 73 anos, do Fundo Financeiro para o Fundo Previdenciário, que está capitalizado em mais de R$ 8,5 bilhões em investimentos. Com isso, o caixa do Estado terá um alívio financeiro para novos investimentos em saúde, educação e segurança pública. Segundo informações oficiais, mesmo com a alteração, o Governo do Estado continuará arcando, mensalmente, com R$ 380 milhões para os benefícios de aposentados e pensionistas civis e militares.

Os professores da Unicentro e de outras instituições de ensino discordam do Projeto de Lei 252/2015.  “O governo desde o começo do Paranaprevidência [criada em 1998] não vem cumprindo o que foi combinado, que era a contribuição para o fundo, ou seja, todo o dinheiro que está lá é dos servidores, e agora ele quer tomar posse disso como se nada tivesse acontecido”, defende Glaucia Kronbauer, professora da Unicentro. Michele Fernandes, professora de pedagogia tem a mesma visão e acrescenta “essa decisão do governo não vai nos afetar agora, vai afetar quando nós e as futuras gerações quisermos nos aposentar e não ter o dinheiro arrecadado disponível”.  A greve vai ter início na segunda-feira, dia 27, e não tem data programada pelo término. A primeira ação dos grevistas será ir para Curitiba, pressionar os deputados na Assembleia Legislativa para que o Projeto de Lei 252/2015, não seja aprovado e seja retirado do regime de urgência. Após isso, vão tentar articular um novo projeto para o fundo previdenciário. Ações nas ruas centrais de Irati também devem fazer parte do cronograma dos professores em greve. “Os professores querem que a discussão sobre a previdência seja em longo prazo. Claro que o órgão precisa de reformas, mas não dá só para pensar no curto prazo como o governo quer, apenas para arrumar um problema que ele mesmo criou”, aponta  o professor do departamento de história Helio Sochodolak.

Além dos campi de Irati e Guarapuava, a Universidade Estadual de Maringá (UEM), a Universidade Estadual de Ponta Grossa(UEPG) e a Universidade Estadual do Oeste do Paraná(Unioeste) estão em greve. Segundo informações dos comandos de greve, todas essas instituições devem estar presentes em Curitiba na próxima semana. É esperado que a Universidade Estadual de Londrina (UEL) também ingresse no movimento.

Visão dos alunos
Apesar das dificuldades de calendário que surgem com as greves, parte dos alunos apóia o movimento. “Sabemos que vai complicar as aulas, com reposições em férias e esse tipo de coisa, mas é preciso pressionar o governador, se não entrar em greve fatalmente essa questão passará pelo legislativo e será mais uma derrota para o ensino público paranaense”, exclama o aluno João Henrique Santos, do curso de Psicologia.        

Lorena Rebesco é acadêmica do curso de Letras Português e se preocupa com o futuro da profissão. “O trabalho do professor já é desvalorizado e ações como essa reforçam a desvalorização, por isso apoio a greve, para que no futuro, eu que serei professora e outros tantos, sintam seus direitos respeitados”, explana.

Raphael Gierez/Hoje Centro Sul