Casal comemora 60 anos de união

Você já pensou em viver ao lado de uma pessoa por 60 anos? Dormir, acordar fazer as refeições sempre juntos? Dona Dalvina Costa Batista e Altevir Batista completaram 60 anos de união no fim de ano e dessa união nasceram oito filhos, dose netos e cinco bisnetos que fazem a alegria dos bisavós.
Ela varria o pátio e ele estava sentado olhando o movimento da rua, foi assim que os encontrei quando cheguei e mais que depressa fui convidada a entrar. O seu Altevir um homem simpático. A dona Dalvina uma mulher encantadora, que já me recebeu com um abraço. Tudo estava arrumado, nas paredes fotos dos cinco bisnetos, na estante estavam expostas as fotos dos oito filhos e netos. Com muito orgulho, o casal me mostrou um pouco da sua família através das fotos.

Silmara Andrade/Hoje Centro Sul

Sentamos no sofá da sala para ter uma longa e boa conversa. Eu estava curiosa para conhecer e saber qual era o segredo para esse casamento durar tanto.

Meio envergonhados eles me contam sua história de casamento. Eram vizinhos de cerca, ele tinha 21 anos e acabara de voltar do Exército e ela uma menina cheia de charme e sonhos, com 15 anos de idade. Certa vez, Dona Dalvina saiu na janela e avistou um homem bebendo café. Ele, sem pestanejar, ofereceu café para a bela jovem. Assustada a menina correu para dentro de casa e comentou com sua mãe que tinha um soldado na casa da vizinha que lhe ofereceu café. No começo ela não gostou nada das cantadas do soldado.

Depois desse dia começaram as investidas do rapaz. Dona Dalvina comenta que era uma jovem muito bonita. Então, curiosa, perguntei para o senhor Altevir se ela realmente era bonita e mais do que depressa ele respondeu: “Sim era muito bonita”. Rimos um pouco e pedi para ver a foto de casamento.

A neta que vive com o casal veio até a sala, acompanhada por um quadro com moldura grossa. No centro desse quadro estava o jovem casal, ela vestida de noiva com véu e flores na cabeça, realmente uma jovem muito bonita, ele de terno muito elegante com um bigode fino - que pude constatar que usa até hoje.

De tanto que o jovem investiu ele conseguiu namorá-la e mais tarde veio o casamento. Dona Dalvina conta que o seus patrões da época não queriam que ela se casasse, queriam que estudasse e vivesse com a família para sempre. A festa não foi muito grande e foi realizada na casa da noiva, onde passaram a noite dançando e festejando o casamento.

Depois vieram os filhos. Muitas lutas foram traçadas para conseguir cuidar e educar as crianças. “A vida não foi fácil, a primeira foi uma menina e meu marido queria muito um menino, então, quando nasceu o segundo filho ele chorava muito e morreu com oito meses”, conta Dona Dalvina. Ela fica triste ao lembrar do episódio e fala que foi uma das maiores dores sentidas por ela.
Dia 29 de dezembro fez nove anos que o coração do casal está mais triste, pois Rosalina, a quarta de suas filhas, faleceu aos 45 anos. 

Continuamos a conversa e eles lembram que além dos filhos biológicos eles cuidaram com muito carinhos das crianças de seus vizinhos. “Elas estavam sempre aqui em casa, muitas até dormiam comigo”, conta Dalvina.

Depois de toda essa história, eu pude entender o porquê de tantos anos juntos: um foi o alicerce do outro, a compreensão sempre esteve presente no casamento. Ela trabalhava para ajudá-lo e ele fazia todo o possível para não deixar faltar nada.

Me despeço do casal com muita alegria, pois foi muito agradável conhecê-los. Quando já ia saindo do portão fui chamada novamente por dona Dalvina para ver todos os preparativos para a festa de 60 anos do casal. “Quando casamos não tivemos uma grande festa e agora os filhos resolveram dar essa festa para comemorar 60 anos de casados, eu nunca gostei de festa e nunca fiz nenhuma festa de aniversario para mim, pois nunca gostei de ficar mais velha, mais para os meus filhos sempre fiz questão de comemorar”, diz dona Dalvina, esbanjando orgulho da neta ao contar que foi ela que fez os arranjos de mesa para a festa.

Senhor Altevir

O Senhor Altevir, conhecido como “Tivico”, 81 anos, é um senhor muito simpático, desses que adoram contar histórias. Filho de costureira, sempre se interessou em aprender coisas novas e já teve diversas profissões, dentre elas: pedreiro, borracheiro e caminhoneiro. Quando trabalhou como pedreiro, fez muitas das calçadas da cidade. Ele conta que a Praça da Bandeira foi ele quem ajudou a fazer.Ele lembra com muito orgulho que já serviu o Exército e usou a farda da cavalaria.

Dona Dalvina

Dona Dalvina, 76 anos,nasceu em uma família muito pobre e teve que começar a trabalhar muito cedo. Aos 12 anos de idade, começou a trabalhar em uma casa de família onde pode aprender os ofícios de uma boa dona de casa. “Imagina eu com 12 anos, era um toco de gente, o meu patrão arrumou um caixote para que eu pudesse subir para alcançar a pia e assim poder lavar a louça”, fala dona Dalvina, recordando o seu passado. Além desse primeiro emprego, ela trabalhou em várias outras casas.Em muitas delas, era tratada como filha. Depois de um longo tempo realizando serviços domésticos, ela começou a trabalhar de zeladora no Provopar de Irati, onde permaneceu por anos, mas foi na escola Francisco Vieira de Araújo que ela trabalhou até se aposentar.

Silmara Andrade/Hoje Centro Sul