Golpe da pirâmide financeira tem atingido moradores da região

Promessa de dinheiro fácil, rápido e sem muito esforço? Cuidado! Pode ser fraude, ou seja, um esquema ilícito ou de má fé criado para obter ganhos pessoais. Assim como acontece em outros lugares do mundo, Irati e outros municípios da região Centro Sul  também apresentam casos de golpe do esquema de pirâmide, que infelizmente terminam em prejuízo financeiro.

Thaís Siqueira/Hoje Centro Sul
Após uma denúncia que o Jornal Hoje Centro Sul recebeu sobre o golpe, entramos em contato com uma moradora da região, que teve seu filho atingido por essa fraude, para saber mais sobre o assunto.
Conforme Renata*, seu filho e um amigo foram prejudicados em razão de terem caído no golpe. “Meu filho e um amigo dele perderam tudo. Só tomaram o dinheiro deles e não deu nada certo. Eu quero alertar a todos, para não entrarem nessa fria, porque eles só logram os outros, você dá dinheiro e depois perde tudo. Eles vão enrolando, dizendo que você vai ganhar muito dinheiro, só que no fim, vira em nada. A firma que eles enviaram dinheiro sumiu do mapa, não conseguimos mais entrar em contato com eles, o pior de tudo, é que era uma empresa do exterior. E além do meu filho, tem mais gente aqui, principalmente do interior que está caindo nesse golpe”, conta.

Segundo relatos, a pessoa que entra no esquema deve depositar dinheiro para a empresa, na expectativa de que esse dinheiro aumente e tem a ilusão de que ficará rico. “Meu filho vendeu o carro, e depositou o dinheiro para a empresa, e o amigo do meu filho chegou a vender até um terreno para depositar o dinheiro, pensando que teria um retorno financeiro maior do que o investimento”, diz Renata.
O delegado de polícia de Teixeira Soares, Rodrigo da Silva Cruz detalha como funciona o esquema. “A pirâmide vai recrutando pessoas que contribuem, normalmente, com dinheiro e a pessoa que está no ápice da pirâmide recebe o dinheiro das que estão imediatamente abaixo, e assim por diante. Chega um momento em que não há entrada de novos contribuintes na pirâmide, então ela quebra, gerando o prejuízo. Inclusive existe um caso no início do ano 2000, que um país no leste europeu praticamente quebrou em virtude da prática da pirâmide”, explica.

Denúncia

Conforme o delegado, o golpe da pirâmide financeira caracteriza o crime de estelionato, exibido no Código Penal Brasileiro (Título II, Capítulo VI, Artigo 171) como crime econômico, que é descrito como o ato de "obter, para si ou para outro, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento." A pena para a prática de estelionato pode ir de um a cinco anos, e multa.

“As pessoas devem ficar atentas, para inibir qualquer chance de cair nesse golpe. E se por ventura alguma pessoa entrar nesse golpe, eu indico a procurar imediatamente uma delegacia de polícia para registrar um boletim de ocorrência, para que a investigação seja iniciada o mais breve possível”, alerta o delegado Rodrigo.

O coordenador do Procon Municipal de Irati, Ronaldo Evangelista diz que nunca nenhuma pessoa que por ventura tenha sido lesada pela prática chamada pirâmide procurou o órgão. 
“Mesmo porque entendo não caracterizar relação de consumo, uma vez que a dita prática se trata de uma espécie de associação de pessoas que, segundo determinados critérios, se unem com o objetivo de obter vantagem pecuniária (lucro) elevada de forma fácil e a curto ou médio prazo. Portanto, tal circunstância não se enquadra dentro das tipificações estabelecidas no Código de Proteção e Defesa do Consumidor, que exige, prioritariamente a existência de um consumidor e de um fornecedor de produtos e serviços para que surja a relação de consumo”, comenta.

Por Thaís Siqueira/Hoje Centro Sul