Ginecologista alerta sobre os cuidados que as mulheres devem ter quanto à saúde íntima

No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera a adolescência, a faixa etária dos 12 até os 18 anos de idade completos. Quando a adolescência chega é normal as dúvidas surgirem acerca de tudo o que se refere à higiene e proteção dos órgãos genitais.
Em meio à vida agitada, é normal alguns jovens não darem a devida atenção para a saúde da região íntima. Devido a isso, os profissionais de saúde alertam que elas não podem descuidar da sua saúde e é importante visitar regularmente o ginecologista.

Silmara Andrade/Hoje Centro Sul
Conforme a médica ginecologista Marilia Celeste Matos Druczkoski, que trabalha há 32 anos no ramo, a saúde íntima feminina exige cuidados especiais, e um dos maiores erros que as mulheres cometem é ignorar sintomas como coceira, menstruação irregular e corrimento, que podem ser sinal de que alguma coisa está errada e precisam de atenção especial.

Marilia diz que uma das dúvidas das jovens, é sobre o absorvente interno. Segundo ela, pode usar, porém, preferencialmente durante o dia e, a noite usar um absorvente externo. “O ideal é trocá-lo cada 4 horas. Pode no máximo ficar com ele por 6 horas, mas, com maior risco de infecções porque o sangue é um meio de cultura de microorganismos e fica represado na vagina. Se ficar com ele 8 horas ou mais poderá ocorrer choque endotóxico devido às toxinas produzidas por bactérias; um evento raro, que pode levar à morte. Se for usado de forma adequada não haverá problemas. Prefira os absorventes internos com aplicadores e lave bem as mãos, antes de utilizá-los. Ainda oriento as mulheres que nunca tiveram relações sexuais a não utilizarem o absorvente interno porque observamos que o hímen tem diferentes tamanhos de orifícios e pode ocorrer ruptura dele na inserção do absorvente”, explica.
Absorvente diário não é recomendado, a menos que a mulher esteja fazendo tratamento com cremes vaginais, é o que diz Marilia.

“Muitas pacientes usam quando estão com corrimentos, o que é errado, porque deixam a região mais quente e sem ventilação e acumula as secreções, que ficam mais em contato com o corpo piorando o quadro de infecção. Erroneamente, são também chamados de protetores diários, mas, eles alteram a flora vaginal composta por lactobacilos que mantém uma acidez no local para evitar proliferação de microorganismos e favorecem a infecções. A região genital precisa ventilar e o absorvente impede essa ventilação. Lembrando, que nem todo corrimento é patológico: no ciclo menstrual, se a mulher não usa anticoncepcional hormonal, ela tem no período fértil o muco cervical sendo eliminado e algumas mulheres produzem maior volume de secreções genitais normais”, completa.

De acordo com Marilia, a higiene feminina é importante e deve ser realizada na vulva, parte externa composta dos pequenos e grandes lábios e clitóris. Na parte mais interna, a vagina, não há necessidade de higiene porque a região tem sua proteção garantida pelos lactobacilos da flora vaginal e qualquer substancia pode alterar a acidez local.

Saibam quais são as dicas dá doutora para a higiene íntima feminina: Evitar duchas vaginais e a lavagem da vagina com sabonetes ou jatos de água de chuveirinho; A limpeza da vulva deve ser realizada de 1 a 3 x dia  com água e sabonete  líquido de glicerina ou com pH ácido (os sabonetes íntimos, próprios para a região que tem  este pH) e com os dedos; Evitar usar sabonetes bactericidas porque destroem a flora protetora local; Evitar esponjas porque podem  provocar lesões locais; O clitóris acumula esmegma, resíduo branco  que deve ser retirado delicadamente; Limpar a vulva com movimentos leves e circulares direcionados para baixo; Evitar papel higiênico com perfumes ou coloridos porque, o perfume e o corante, podem ser agentes irritantes para a região; Fazer sempre a higiene ao urinar ou evacuar na direção vagina para anus.  O ideal seria lavar-se após urinar ou evacuar. Como nem sempre é possível, melhor usar um lenço umedecido do que um papel áspero, inadequado; Lavar-se, logo após a relação sexual, também evita infecções ou pelo menos, usar um lenço umedecido, se isto não for possível; O uso diário do lenço umedecido deve ser evitado; Calcinhas de tecidos leves e arejados devem ser usados; Usar saias e vestidos no verão porque o clima quente propicia a proliferação de bactérias e calças justas e de tecidos grosso, como o jeans, abafam a região; Enxaguar muito bem as calcinhas para que não haja resíduos químicos de sabão ou amaciante que possam ser agentes irritantes locais; Pode lavar no chuveiro a calcinha, mas, não a deixe no banheiro que é um local úmido que favorece a proliferação de fungos. Leve para secar em local seco (sol) no varal; Deve-se passar o fundo da calcinha; Excesso de limpeza também pode trazer problemas: uma vez por dia é suficiente; duas ou três vezes por dia em casos de menstruação.
Segundo Marilia, os cuidados para evitar doenças são: Evitar roupas apertadas; Fazer o uso de camisinha nas relações sexuais; Ter alimentação com fibras e muita água (6 a 8 copos/dia); Evitar stress ou depressões porque deprimem o sistema imunológico levando a infecções; Evitar permanecer com roupas molhadas por muito tempo em piscinas e praias.

Doenças

As doenças mais comuns são as infecções: vaginites e vulvovaginites por bactérias ou fungos, doenças sexualmente transmissíveis e infecções urinárias. 

Em seguida, aparecem as doenças benignas da mama (cistos e nódulos), do útero (miomas e endometriose), do ovário ( cistos)  e os cânceres de colo de útero e mama.

Sintomas

Os sintomas das infecções vulvovaginais podem ser coceiras, corrimento de cor amarela, cinza ou branca leitosa, ardência, queimação, dor na relação sexual e/ou no baixo ventre.
Os sintomas das doenças sexualmente transmissíveis são corrimentos amarelo, verde ou branco associado à infecção da uretra (gonorreia, clamídia). As infecções por papilomavirus humano (HPV) são as verrugas vulvares e lesões do colo uterino que hoje se sabe que, se não tratadas adequadamente, podem levar ao câncer.

A sífilis, cancro mole, herpes, donovanose, molusco contagioso tem lesões locais de caracteristicas próprias e necessitam de avaliação pelo médico para seu diagnóstico. Vale lembrar também a pediculose púbica (chato).

Hora de ir ao médico

Evite auto medicar-se. Além dos cuidados de higiene íntima, para evitar doenças, toda mulher deve ir periodicamente, ao ginecologista uma a duas vezes por ano e assim que aparecerem sintomas de anormalidades e deve evitar auto medicar-se.

Por Thaís Siqueira / Hoje Centro Sul