Festas movidas por músicas sertanejas fazem sucesso em Irati e região

Influente em muitas cidades brasileiras, o sertanejo se tornou, nos últimos anos, um dos gêneros de maior sucesso em todo Brasil. Na região Centro Sul, o ritmo tomou grande proporção e em Irati, agita a noite de quinta-feira, com a tradicional festa Quintaneja, realizada na casa noturna Empório São Luiz. Além disso, shows de grande expressão nacional também animam as noites do Park Dance, outra tradicional casa noturna de Irati. O gerente-proprietário do Empório São Luiz, Agnaldo Ivan Menon, conta que a proposta inicial do Empório São Luiz era a criação de um bar e a quinta com sertanejo existe desde a fundação da casa, em 2007. “Eu estudava em Curitiba e, então, através das saídas, conheci alguns lugares e tivemos a ideia de montar o Empório São Luiz em Irati, quando retornei à cidade", relembra. Segundo Agnaldo, inicialmente seria um barzinho, com funcionamento de terça a domingo, cada dia com um ritmo diferente. "Na quinta-feira, sem pensar no que ia acontecer, estipulamos a Quintaneja, a quinta com sertanejo”, diz.

Kyene Becker/Hoje Centro Sul
Ele explica que, no início, os shows eram simples e, com apenas três anos de funcionamento, o negócio teve de ser ampliado. “As atrações eram voz e violão, era um barzinho mesmo, com mesa e cadeira. Na primeira semana vieram 30 pessoas, na outra já vieram 50, na próxima 200. E de repente, já não cabia mais ninguém.  Diante disso, tivemos que fechar por um bom tempo, mais ou menos 1 mês, para reestruturar a casa, porque estava ficando mais gente para fora do que dentro”. O sócio-proprietário do Park Dance, André Pablo Vicente, explica que a primeira explosão nacional do gênero iniciou a mudança na casa noturna, que até então atendia um público direcionado ao funk e música eletrônica. Porém, segundo ele, naquela época o ritmo não conseguiu se consolidar, principalmente pela falta de investimento e altos valores dos shows. “O Park irá completar 21 anos agora em setembro. Em 93, quando foi inaugurado, até meados de 97, a música sertaneja no Brasil era muito enraizada no interior de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. De 97 a 2001, o sertanejo explodiu e as emissoras de rádio e TV abraçaram o ritmo. Porém, os escritórios que administravam o gênero não souberam criar raízes para que o ritmo permanecesse. Nessa época, nós fizemos alguns shows, mas nada de expressão nacional, porque eram valores impossíveis de você trazer os artistas para a cidade”, relembra.

André conta que após o sucesso mundial da música ‘Ai se eu te pego’, do cantor Michel Teló, em meados de 2009, o sertanejo ganhou maior destaque no Park Dance e a resposta do público foi positiva. “Eu sempre gosto de estar em contato com o público e quando surgiu a oportunidade de falar sobre o sertanejo, a aceitação foi clara. É gratificante a posição do público quando anunciamos algum show do gênero. Hoje em dia, não tem como tapar os olhos para o sertanejo. A reforma que ocorreu na casa recentemente não foi por acaso. Preparamos tudo para poder receber shows de grande porte do gênero”, completa.

Hoje em dia, o sócio proprietário do Park Dance afirma que o sertanejo já influenciou até o modo de se vestir do público e ressalta que grande parte do repertório das festas na casa atende o gênero.”O público, que antes vinha aqui para ouvir funk e música eletrônica, hoje já vem com uma botina, uma camisa xadrez, fivela. Na nossa grade de programação, se houver quatro finais de semana, dois são destinados ao sertanejo, porque é o que povo consome e pede. Antes dessa explosão, o sertanejo era apenas 10% do repertório da noite. Hoje em dia, chega a 50%”.

Público

O gerente-proprietário do Empório São Luiz afirma que grande parte do público da Quintaneja vem de cidades da região e destaca a participação de cantores do Centro Sul. “A maioria das pessoas que vem para a Quintaneja são de fora. O público que participa do evento tem essa interação conosco e isso é legal. Por exemplo, recentemente houve uma mudança, íamos abrir a casa quinzenalmente. Mas devido aos pedidos do público, vamos retornar semanalmente. Na questão de duplas, quase todas da região já tocaram no nosso palco. Isso é importante, porque também ajuda a divulgar o trabalho deles”, explica.

Por outro lado, o sócio proprietário do Park Dance ressalta que os universitários tiveram grande influência na disseminação do sertanejo na região. “Quando a Unicentro começou a expandir, aumentar cursos e mais alunos de outras cidades começaram a vir pra Irati, foi quando o sertanejo começou a aparecer na cidade. Eu fiz faculdade até 2008 e não existia esse apelo do sertanejo”, afirma.

Para o gerente-proprietário do Empório São Luiz, Agnaldo Ivan Menon, o sertanejo é um gênero fácil de ser trabalhado e ressalta a influência do ritmo na região. “O sertanejo é um gênero que existe há muito tempo, ele só foi se transformando ao longo dos anos. É um gênero que é fácil de trabalhar e eu acho que agrada todo mundo. Em questão de festas e shows, você tem que trabalhar outros ritmos também, não adianta você querer fazer uma noite só de sertanejo, porque as pessoas também querem ouvir outras coisas. Mas eu ainda acho que o sertanejo é um gênero muito influente e forte na nossa região”, completa.

Além disso, segundo André Pablo Vicente, o sertanejo consegue criar espaços de interação entre o público. “Acho que o sertanejo abre essa brecha pra você conversar com outras pessoas. Por exemplo, às vezes o homem é mais tímido e vai para a balada. Quando toca sertanejo, é muito mais fácil a outra pessoa aceitar dançar e, então, já começam a conversar. Por outro lado, também tem a questão das letras, que abrem um espaço para se discutir sobre situações cotidianas”, afirma.

Adriana Passos, técnica de enfermagem, conta que já ouviu muitos gêneros, mas o sertanejo ganhou um lugar especial. “Desde sempre ouvi sertanejo. Já passei por todos os gêneros, mas o sertanejo me domina. Adoro esse pelas letras de paixão, amor não-correspondido, porque a maioria das letras fala de relacionamentos e isso me fascina”. Ela explica que já foi em muitos shows e afirma que cada um tem sua particularidade. “Já fui em inúmeros shows de duplas famosas e outras nem tanto, mas acho que em uns 30 shows certamente eu já fui. Entre eles, Bruno e Marrone, Cristiano Araújo, Gusttavo Lima,  Rick e Renner, Daniel, César Menotti e Fabiano, Victor e Leo, Jorge e Mateus , Fernando e Sorocaba. Além disso, muitas e muitas Quintanejas com várias duplas de fama regional. Nenhum é igual. São sempre ótimos e diferentes um do outro”, diz.

Segundo ela, o sertanejo é o gênero de maior sucesso em Irati e garante que só tem festa se houver sertanejo. “Aqui em Irati faz sucesso sim e, na cidade, não tem festa sem sertanejo. Basta sair pra balada e observar, quando muda pro sertanejo, a pista ferve”, finaliza.

 Kyene Becker