Semana do Aleitamento Materno alerta para os benefícios da amamentação

Muitas mães têm dúvidas sobre a amamentação e, após deixarem o hospital, acabam retornando em busca de orientações - oportunidade em que a equipe da Santa Casa incentiva a continuidade do aleitamento materno

Semana do Aleitamento Materno começou  dia 1º de agosto e encerra-se no dia 07. Segundo dados do Ministério da Saúde, a média brasileira de amamentação exclusiva é de apenas 54 dias. Já a média amamentação combinada com outros tipos de alimentos é de 342,6 dias.  A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que até os seis meses, a criança só receba o leite da mãe.

@Kyene Becker/Hoje Centro Sul
Em Irati, um projeto na UTI Neo-Natal da Santa Casa de Misericórdia está mudando esse quadro e incentivando o aleitamento materno por mais tempo. A enfermeira coordenadora da UTI Neo-Natal, Salete Vieira de Melo, explica que o projeto surgiu da necessidade de diminuir o uso do leite artificial e incentivar o contato mãe-filho. “Esse projeto surgiu a partir do pensamento que sempre estamos buscando novos caminhos. Eu estou trabalhando em um outro projeto e a nutricionista de lá me contou sobre essa possibilidade de amamentação. Nós fomos vendo o que poderia ser feito e decidimos começar, pois isso beneficiará não só o bebê, mas também a mãe”, afirma.

O projeto consiste na retirada do leite das mães das crianças internadas na UTI Neo-Natal. Através desse trabalho, o leite retirado é fornecido para o bebê quando as mães não estão no hospital.  Salete explica que esse processo segue um protocolo operacional e tem fiscalização rígida. “A equipe foi treinada para que tudo ocorresse direito. O leite fica armazenado por até 12h na geladeira e os bebês são alimentados de três em três horas. As mães retiram esse leite e, durante o tempo que elas não estão aqui na UTI e não podem amamentar – que geralmente é o período da noite –, nós repassamos o leite para o bebê”, completa.

O município de Irati ainda não possui banco de leite e nem posto de coleta próprios. Segundo Salete, a Santa Casa de Irati entrou em contato com a cidade de Ponta Grossa, porém, não obteve sucesso. No momento, a intenção é se associar ao banco de leite de Guarapuava ou implantar o banco e posto de coleta em Irati.

A coordenadora da Sala de Atendimento ao Recém-nascido (Sarem) da Santa Casa de Irati, Jenilce Aparecida Holtman, explica que muitas  mulheres procuram o hospital para fazer a doação do leite materno. “A gente tem uma procura muito grande de mães que têm excesso de leite e querem doar, ajudar as que não podem amamentar. Por não ter o posto de coleta e nem o banco aqui, essas mães acabam desprezando o leite, que poderia ser útil para outras mães. E essa é uma situação triste, pois essas mães poderiam ajudar muito”, afirma. Jenilce conta que a prioridade é o aleitamento materno, porém, em alguns casos, o uso do leite artificial é necessário. “Aqui no alojamento, nós tentamos oferecer apenas o aleitamento materno, mas lógico que em algumas situações, você acaba utilizando o leite artificial também. Por exemplo, quando a mãe não tem leite suficiente. Às vezes, as pessoas pensam que só porque o Hospital é Amigo da Criança, ele vai oferecer o leite materno e mais nada. Se a mãe não possuir leite, o bebê precisa se alimentar de alguma forma. Mas sempre damos prioridade ao aleitamento materno e, com esse projeto, já conseguimos diminuir bastante o uso do leite artificial”, completa.

A coordenadora da Sarem diz que apesar de ser novidade para as mães, o projeto teve uma resposta positiva. “Nós ainda estamos no início desse projeto, então, para as mães ainda é novidade. Elas saíam aqui do Hospital e achavam que, a partir de então, os bebês só usariam o leite artificial. Mas elas percebem que a recompensa de amamentar é maior e estão apoiando bastante”, explica. Mesmo após a saída do hospital, as mães ainda recebem orientação e apoio das coordenadoras da Sarem. Jenilce afirma que muitas mães retornam com dúvidas e com o desmame precoce. “Muitas têm problemas com excesso de leite ou porque a criança não consegue pegar a mama, então, orientamos e incentivamos que elas continuem com a amamentação. Em muitos casos, as mães chegam aqui fragilizadas pelas opiniões de outras pessoas, se devem ou não continuar amamentando. Muitas têm dúvidas e acabam retornando ao hospital, então, fazemos todo esse trabalho e conseguimos resgatar essa prática e incentivar para que continuem amamentando”, finaliza.

Benefícios da amamentação

A nutricionista da Santa Casa de Irati, Ivina Mara Cordeiro da Silva, afirma que a amamentação é a melhor forma de alimentação para o bebê e, se possível, deve continuar até os dois anos de idade. “O aleitamento materno é de extrema importância, porque é o único leite completo, que nós temos a garantia de que suprirá todas as necessidades do bebê”, diz. Ivina alerta para o uso de outros alimentos ou tipos de leite durante os seis primeiros meses de vida do bebê. Segundo ela, essa prática pode trazer problemas para as crianças, como alergias, diabetes ou doenças renais. “Muitas mães, ao saírem do hospital, já entram com o leite de vaca ou com formas industrializadas, que é o errado. O bebê pode desenvolver algum tipo de alergia, porque seu organismo não está preparado para receber esse tipo de leite. Além disso, o leite de vaca não é completo em todas as vitaminas e contém muito sódio”, afirma.

A amamentação traz vários benefícios para a criança, dentre eles estão a melhora da imunidade e desenvolvimento e proteção contra infecções. Ivina ressalta que a alimentação com o leite materno deve ser exclusiva até os seis meses e essa prática pode evitar a desnutrição e anemia. “O leite materno é de fácil digestão. Com isso, a criança aumenta o peso, melhora o crescimento, o desenvolvimento neuropsicológico e a imunidade, pois ele possui muitos anticorpos. Além disso, ele sempre está na temperatura correta, então não tem risco da criança se queimar ou beber leite gelado. Dependendo de como é a higienização da mamadeira, a criança pode contrair algum tipo de infecção. Com o aleitamento materno, esse risco diminui”, finaliza.

Kyene Becker  / Hoje Centro Sul