Odilon Burgath expõe o que pensa e sente

O Jornal Hoje Centro Sul entrevistou o prefeito de Irati, Odilon Burgath.

Ao assumir o município haviam várias obras a serem finalizadas e contratos complicados com certa empresa. O debate judicial prossegue até hoje e o município está tendo dificuldade para finalizar essas obras. A questão ficou tão complicada que ocorreram até mesmo ofensas à pessoa Odilon Burgath e também à sua família. Como você encara tudo isso?

Foto: Ciro Ivatiuk/Hoje Centro Sul

De fato, nós assumimos o governo com várias obras iniciadas pela gestão anterior e que nós, de início, não podíamos retomá-las de pronto, porque não havia contrato. O contrato havia sido encerrado e o prefeito anterior não havia assinado nenhum aditivo de prazo ou de valor, mas principalmente de prazo, pra que não houvesse interrupção do contrato. Como o contrato tinha sido finalizado, nós seguimos a orientação do Tribunal de Contas do Estado e realizamos nova licitação, como era o caso mais emergencial da nova rodoviária.

Nós temos um governo de prioridades, então, nós realizamos aquilo conforme o orçamento que nós temos no município. Não adianta retomar todas as obras, que eram com dinheiro próprio do município e não ter recursos para concluí-las. Então, nós trabalhamos com prioridades e a prioridade número 1 é a retomada da rodoviária, como nós judicialmente conseguimos a liberação da obra.

As demais obras, como a nova prefeitura, que precisa ainda de toda a infraestrutura externa, aquisição de imobiliário, conclusão ainda de um percentual muito pequeno de obra física no seu interior, vai ficar já para um segundo momento. Nós trabalhamos pensando já nessa retomada da nova prefeitura na sequência. E a única obra que nós recebemos em relação a esta empresa, que tem protocolado diversos requerimentos e ações no judiciário, é o ginásio de esportes, uma obra financiada de um alto valor, de praticamente R$8 milhões o contrato. Nessa obra, havia um contrato vigente e a primeira situação que nós fizemos foi renovar com a empresa, demonstrando que aqui na prefeitura não há espaço para revanchismo ou retaliação política.

A empresa continuou tocando a obra do ginásio de esportes, até acontecer um erro na execução e também foi constatado erro de projeto em assentar o telhado nessa obra. Então, hoje está em fase final pelos técnicos de apontamento de soluções nessa obra. Por questão de segurança, a obra foi suspensa e agora, com todos esses dados, a intenção do município é, como já protocolou um pedido de rescisão do contrato.

Nós temos nos desdobrados para, mais rapidamente, entregar à população, como foi e está sendo a questão da rodoviária. Quando passou desta empresa, de um de seus proprietários realizar ofensas pessoais à minha pessoa, à minha honra e à minha família, nós tomamos a medida judicial cabível, nós entramos com uma ação e essa resposta é dada na esfera do judiciário. O meu maior patrimônio é a minha honra, é o que eu mais prezo e as críticas ao governo são perfeitamente compreensíveis.
O governo entende críticas construtivas e trabalha com as críticas para melhorar o seu desempenho e atender melhor o seu cidadão. Agora, quando passa para uma esfera pessoal, que demonstra que há um empobrecimento das relações, que de repente há uma vontade de atacar politicamente a minha pessoa, é algo que eu não vou aceitar, que eu não vou ficar utilizando de rede social pra me portar. Tudo o que eu tinha pra esclarecer, eu já esclareci. As vezes que eu me pronunciei em rede social, como este empreiteiro estava tentando realizar ofensas pessoais à minha pessoa, eu já expus que é o judiciário que vai analisar.  Existe um pedido de indenização por danos morais, existe um pedido de condenação tanto na esfera cível quanto penal e o judiciário entendendo, espero que se faça justiça e esse tipo de prática seja coibida.

Odilon, você foi o primeiro prefeito de Irati que pôde utilizar as redes sociais como instrumento de divulgação política durante a campanha em que foi eleito. Agora, ao longo do mandato,  há uma oposição articulada, que tem se utilizado das redes sociais não apenas para fazer críticas coerentes ao trabalho que vem sendo desenvolvido, mas também tentando desqualificar  a sua gestão e, alguns, até mesmo a sua pessoa .  Como você entende isto?

Os apontamentos que qualquer cidadão faça para melhorar qualquer governo do município e administração são bem entendidos. Agora, as ofensas à pessoa e à família, a gente repudia e combate no judiciário. Hoje estamos vivendo uma fase nova, que é o da informação instantânea e da manifestação imediata dos populares, principalmente na mídia eletrônica. O sentimento de qualquer administrador, principalmente de cidades do porte da nossa e cidades maiores, onde há um maior envolvimento da população em grupos e na realização de comentários, uma crítica injusta, uma ofensa, uma calúnia, ninguém tem sangue de barata. As pessoas têm sentimentos, não vou dizer que isso realmente não chateia. Mas é uma ínfima minoria. Da mesma maneira que há pessoas que se portam inadequadamente, que pensam que é um meio onde não tem lei. Eu já entrei no judiciário e a primeira medida do judiciário de combater algumas pessoas que tenham essa prática ilegal, então, tem que ser demonstrado pelo judiciário. Quando a presidenta Dilma encaminhou um projeto de lei e esse foi conduzido e apreciado pelo Congresso e aprovado pra questões de ter um marco civil pra regular essas relações é importante.

Qual foi o maior erro e maior acerto neste período de administração?

Eu considero que erros, você sempre está trabalhando pra acertar. Nunca passou, tenho certeza, por esta cadeira de prefeito alguém que pensou em errar. Todo mundo buscar acertar. Acaba cometendo erros, porque administrar uma cidade do tamanho de Irati não é uma tarefa nada fácil. Eu não vejo grandes erros na nossa administração, eu poderia substituir a palavra erro por arrependimento, porque nós fazemos uma administração absolutamente séria, uma administração comprometida, não gastamos mais do que nós arrecadamos, buscamos resolver problemas históricos, como a ação dos 35%, que há 18 anos se arrastava na justiça. Era um compromisso meu como candidato sentar com o Sindicato, porque eu também tenho uma origem no movimento sindical, e resolver esse problema. Ação essa que, por exemplo, filhos viram seus pais que trabalhavam na prefeitura falecerem sem receber.

Então, uma administração que procura valorizar o funcionalismo e, num acordo dificílimo, porque esse acordo impõe uma restrição financeira muito grande à Prefeitura. Nós tivemos, no ano passado, praticamente R$2 milhões pago para o acordo. Vai fechar o mandato com quase R$8 milhões e é um dinheiro significativo. Nós estamos buscando sempre compensar isso, correndo atrás de recursos, projetos a nível de Estado e pelo governo federal, que são várias conquistas que, agora nos últimos 2 anos e meio do meu mandato, vão começar a aparecer e serem concretizados.

Mas seu eu pudesse dizer de algum arrependimento, eu diria que nos primeiros dias de mandato, no começo do meu mandato, falando sobre essa empresa que está na justiça com a prefeitura, eu teria, de repente, sido mais objetivo com relação ao judiciário, pra que ele resolvesse. Nós gastamos algumas semanas dialogando com uma empresa que, no final, demonstrou não ter vontade nenhuma de dialogar. Que só ela acreditava na sua verdade, ela busca situações que não têm comprovação documental. Uma das situações que eu mais gosto no meu dia-a-dia é de conversar, dialogar e buscar as soluções, conciliando. Mas com essa empresa não foi. Não digo que foi um erro, mas a gente poderia, se soubesse que toda essa conversa de algumas semanas ia resultar em nada, eu já teria abreviado isso tudo.

Agora, os grandes acertos do meu mandato, eu já adiantei, que é resolver os problemas históricos. Eu fui eleito pra resolver problemas. Eu tive que algumas vezes me pronunciar, falando, quando me perguntaram se algumas decisões que a gestão anterior tomou, eu tomaria, eu diria que não. Que iniciar várias obras no último ano, obras de grande porte, com recurso próprio da prefeitura, eu faria uma coisa de cada vez, de acordo com o que o orçamento possibilita. Até porque, nós sabíamos que estávamos em uma eminência de resolver essa questão com o funcionalismo. Mas os grandes acertos são esses. Nós, administrativamente, realizamos desde o momento que nós identificamos, por exemplo, a nossa frota de veículos, instituímos controle de diário de bordo, pra controle de combustível. Nós equipamos as secretarias com mais equipamentos, com a contratação de pessoas via concurso público. Nós acertamos no sentido de ouvir mais as pessoas. Realizamos audiência pública pra taxa de coleta do lixo. Realizamos audiência pública pra constituir, no futuro, um novo espaço cultural na Frei Jaime. Realizamos audiências públicas pro plano plurianual e investimos. Eu acho que investimos naquilo que a população estava pedindo, que era um investimento maior em saúde.

O que temos a comemorar na área da saúde?

Você, em um ano e meio, inaugurar uma nova farmácia, que você vê as pessoas adequadamente esperando para serem atendidas, de uma maneira mais confortável, com mais medicamentos. Foi distribuído só no primeiro ano, mais de 5 milhões de unidades de medicamento. Um novo espaço pra consulta especializada, pra marcação só pra consulta especializada e tratamento fora do domicílio. Nós inauguramos o novo centro de especialidades odontológicas, porque só tinha a construção, mas a infraestrutura externa não estava feita, não havia gabinetes, todo o equipamento de lá é novo, contratamos também dentistas, auxiliar de dentista.
Colocamos pra funcionar o centro de especialidades, retomamos o atendimento odontológico no CAIC, que estava paralisado há mais de seis anos. O consultório odontológico do asilo Santa Rita, que não tinha profissional, lá apenas havia a cadeira do dentista e nada mais.
Saltar de 15% pra 21% é uma clara sinalização do nosso governo para a população. O que vocês nos pediram, que era pra investir mais na saúde, nós estamos investindo. E, agora, que as entregas começaram a ser realizadas, que é o Posto de Saúde do Rio do Couro, que foi entregue e o Posto de Saúde do Itapará, que vai ser entregue agora também no mês de Julho. Reformado e ampliado os dois. A UPA vai ser iniciada agora no segundo semestre, oito reformas também, que as licitações já foram realizadas. Três ampliações de posto de saúde. O Posto de Saúde do Pirapó, que nós, neste mês de Julho, também vamos lançar. Pedra fundamental, com licitação também já feita, com a empresa contratada.

O bom trabalho da sua gestão para alavancar o  desenvolvimento econômico do município está evidente. Apenas nesse primeiro semestre de 2014, as empresas Sul Agrícola, Supermercado New, Guadalupe e Calçados Schneider  anunciaram grandes investimentos em Irati, que repercutem na geração de muitos empregos. Isso lhe dá a sensação do dever cumprido? 


Eu estou tendo a sensação de devir cumprido e vou ter mais ainda, porque eu quero, agora que a gente tem esse mês de aniversário, deixar um legado. Enquanto eu estive aqui ocupando o posto de prefeito, de que enquanto eu fui gestor da minha cidade, nós trouxemos desenvolvimento econômico pra cidade. Esse desenvolvimento econômico, eu tenho certeza que com as políticas que nós realizamos de atendimento às pessoas, vai significar em atendimento e desenvolvimento social.

Foram as duas situações que a população mais nos pediram, investimento na saúde e emprego e renda. Em um ano e meio, emprego e renda nós constituímos um programa que dá certo, que já está sendo referência no Estado, que é o Programa Iratiense de Desenvolvimento Econômico, o Progride. Neste um ano e meio de Progride, nós já, de cartas de intenção e empresas de fora, nós trouxemos duas empresas de fora. Uma de Imbituva, no ramo de calçados e outra empresa do Rio Grande do Sul, num ramo também que nós somos fortes, que é o madeireiro, mas que utilizávamos apenas pra extração do produto e pra pouca transformação. Agora, nós vamos transformar e agregar valor ao produto aqui. E na frente, uma fábrica de estofados que eles também vão realizar. Então, são 300 empregos num primeiro ano, somando as duas empresas e, aproximadamente, 600 empregos em três anos.

São várias empresas e ramos diferentes. Nós tivemos investimento em uma área de expansão no município, que é a do Riozinho. Numa empresa que aposta também naquela região, que é a Sul Agrícola, na parte de armazenamento e secagem de cereais e venda de defensivos e insumos agrícolas. Nós tivemos a questão do supermercado na Vila São João, que vai gerar 130 importantes empregos na área da alimentação. Temos uma rede aqui do município que está protocolando junto ao Progride uma outra rede de supermercados, que também será um importante investimento. No condomínio da 277, nós tivemos investimento em empresas no ramo da marmoraria e também uma empresa de pré-moldados, ou seja, no ramo da construção civil. E no mês de Agosto, nós temos previsão de mais um empresa iratiense ser anunciada no investimento do condomínio.

Em um ano e meio de mandato, considerando os 300 empregos que é o compromisso dessas duas empresas, a Guadalupe e a Schneider Calçados, nós geramos em outros investimentos, mais 40 da Sul Agrícola, mais 130 do supermercado, nós vamos ter aproximadamente 770 empregos até agora. Nesse tempo de mandato, é um número significativo. E nós estamos buscando novas parcerias e novos grupos que queiram, sejam daqui ou de fora, investir na cidade.


Texto: Letícia Torres/Hoje Centro Sul