300 milhões de pessoas no mundo poderão ter Diabetes até 2030

Em 26 de junho foi o Dia Nacional do Diabetes.  Conheça a história de Marciel Borges que descobriu a doença aos 10 anos de idade

@Arquivo pessoal

A prevalência de Diabetes no Brasil tem aumentado muito nos últimos anos. De acordo com  a médica endocrinologista, Cristina Marcatto Borazo, o percentual de pessoas com a doença era de 7,6% em 1980 e hoje chega a 13% na maioria dos estados brasileiros, inclusive no Paraná.

“Com a mudança no estilo de vida da população (muito sedentária e alimentação ruim), as estimativas são que a doença possa atingir até 300 milhões de pessoas no mundo até 2030”, expõe Cristina.

A empresa global de saúde - Abbott, em parceria com a Sociedade Brasileira de Diabetes, realizou um estudo que indicou que 62% dos brasileiros possuem pelo menos um fator de risco para o desenvolvimento da doença.

Marciel Borges, residente na cidade de União da Vitória (PR), é portador de Diabetes tipo 1. Segundo ele, descobriu a doença aos 10 anos de idade, quando fez exame de rotina, pois ao ir ao banheiro, percebeu que o vaso sanitário estava sempre com muitas formigas, um dos sintomas apresentado pela doença.

Atualmente utiliza dois tipos de insulina: no período da manhã usa: Lantus SoloStar, e de noite: Humalog “Lispro” para as refeições. "Hoje faço as aplicações na barriga, mas já fiz nos braços e pernas", comenta.

O Diabético deve sempre estar se cuidado com a alimentação, pois ao se alimentar, o nível de glicose no sangue pode subir e trazendo problemas futuros, como dores nas pernas, braços falta de visão, é o que revela Marciel.

Para Marciel, ser portador de diabetes incomoda um pouco, pois muitas vezes ao ter hipoglicemia “queda de nível de açúcar no sangue”, apresenta tonturas, dores no corpo e também fica um pouco “fora do ar”, prejudicando em algumas atividades cotidianas.

Porém, segundo ele, o dia-a-dia de um portador de Diabetes é igual de uma pessoa que não tenha a doença. Pode trabalhar, estudar, estar com amigos e familiares. Mas deve sempre estar atento com a medicação e alimentação a cada duas horas, para não ter hipoglicemia.

Entretanto, um os problemas da doença, de acordo com a médica Cristina Marcatto Borazo é que,  muitas vezes, há resistência por parte do paciente para iniciar o tratamento, que é contínuo e precisa ser feito com a injeção subcutânea de insulina.

Ela conta que hoje estão sendo desenvolvidas muitas pesquisas para que sejam lançadas no mercado insulinas via oral ou que pelo menos ela possa ser aplicada uma vez por semana ou na forma de implante subcutâneo, que libere gradualmente a insulina na circulação para que o tratamento seja menos incômodo para o paciente.

A médica enfatiza que o tratamento da doença é muito importante, pois como ela é uma doença silenciosa pode trazer complicações graves como: cegueira, amputações, insuficiência renal, infarto e outras complicações vasculares. "Quando tratada de maneira adequada, essas complicações são evitadas", comenta Cristina Marcatto Borazo.

Hiperdia: Programa de Controle e Prevenção de Hipertensão Arterial e Diabetes

O enfermeiro coordenador da Unidade de Saúde Rio Bonito e coordenador de Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde de Irati, Leandro Ditzel, explica que o Hiperdia é um programa de controle e prevenção de Hipertensão Arterial e Diabetes executado em todo o país.

De acordo com Leandro, o programa foi criado pelo Ministério da Saúde em 2002, tendo como objetivo ofertar de maneira contínua para a rede básica de saúde os medicamentos para Hipertensão e Diabetes e também a insulina, todos definidos e propostos  pelo Ministério da Saúde.

Visa ainda, reduzir os impactos epidemiológicos de mortes e complicações ocasionadas pela Diabete e Hipertensão, como por exemplo, o AVC, popularmente chamado de derrame, os infartos, insuficiência renal, cegueira, entre outros problemas que ocasionam enormes gastos para os cofres públicos.

Por isso, a importância do programa que visa à prevenção e reduz os gastos em saúde. "Sendo assim, não podemos dizer que os recursos utilizados em prevenção são gastos e sim, investimentos", afirma o enfermeiro.

Leandro explica que no caso da Diabete, especificamente, a importância do programa, é de se evitar  complicações que comprometam a qualidade de vida do indivíduo como, por exemplo, os sérios problemas visuais, problemas renais, no sistema nervoso e também nos pés, este último chamado de pé diabético.

Para o diabético, o programa hiperdia fornece gratuitamente os medicamentos hipoglicemiantes e insulina, que promovem o controle dos níveis de glicose no sangue, é o que relata Leandro.
Ainda, através do programa, o diabético tem a oportunidade de participar das atividades em grupo, onde são fornecidas palestras, orientações individuais, verificação dos níveis glicêmicos e de pressão arterial, troca de experiência entre os usuários do programa.

O programa deve oferecer ainda, consultas médicas e consultas de enfermagem.
Na unidade de saúde do Rio Bonito, Leandro diz que tem realizado reuniões sempre nas últimas quartas-feiras de cada mês.

“Na última reunião, iniciamos uma série de palestras sobre o corpo humano, onde o usuário conhece em linguagem simples, a estrutura e funcionamento do corpo humano, para que os participantes do grupo possam conhecer melhor a si mesmos e poder ter uma melhor qualidade de vida. Eventualmente, trazemos convidados para que os diabéticos possam receber orientações diversas acerca da sua doença”, revela.

Leandro aponta algumas das orientações dadas aos diabéticos: “alimentação saudável, atividades físicas, melhorar os hábitos de vida como deixar de fumar, reduzir o sal e o açúcar, entre outras orientações de grande importância ao diabético”, conclui.


Por Thaís Siqueira