Tragédias podem ser evitadas

No país do jeitinho quase tudo é possível. O desrespeito às leis é tão grande que chega a haver inversão de valores no pensamento popular.  A denúncia de infrações classificadas como gravíssimas pelo Código Brasileiro de Trânsito  pode ser alvo de críticas por parte de alguns.

Todo mundo corre mesmo. É preciso ir nesta velocidade para chegar cedo e não perder o horário de consultas. Quem nunca ultrapassou em faixa contínua ou na curva? Estes foram alguns dos argumentos utilizados pelas pessoas que defenderam as manobras perigosas feitas por motoristas que conduzem o ônibus da saúde de Irati, registradas pelo  Hoje Centro Sul.

O fato de os motoristas serem simpáticos com os pacientes ou de prestarem favores a eles  não lhes exime do dever de conduzir o veículo dentro das normas estabelecidas pelo Código Brasileiro de Trânsito. É preciso sim respeitar o limite de velocidade e a sinalização das vias. As regras foram criadas por especialistas, para preservar a segurança no trânsito, para evitar acidentes.
Nesse contexto, temos a sensação do dever cumprido por não nos calarmos diante de  atitudes que colocam em risco a vida das pessoas -  mesmo que algumas nem se deem conta disso.

Quando faz um ano da tragédia que ocorreu na Boate Kiss e deixou o saldo de 242 mortes, enfatizamos que as regras de segurança têm de ser cumpridas. Não para agradar um ou outro, mas para a prevenção de acidentes. A fiscalização das casas noturnas passou a ser bem  mais rigorosa em todo o país depois do acontecido.

São necessárias tragédias próximas para incutir no imaginário popular a importância de respeitar as leis? Famílias precisam ser expostas à dor de perder entes queridos para assimilarem que é inadmissível que um ônibus que transporta pacientes a hospitais especializados trafegue em alta velocidade e faça ultrapassagens perigosas?

Esperamos que não. Talvez se alguém tivesse denunciado que a segurança na Boate Kiss era falha, não haveríamos presenciado a tragédia.  Infelizmente ninguém falou nada.
E, apesar da grande quantidade de elogios que recebemos pela produção da reportagem denunciando o excesso de velocidade do ônibus da saúde, sentimo-nos motivados  a tentar esclarecer  melhor o risco que a direção perigosa oferece, pois alguns não entenderam.  Por isto, nesta edição abordaremos uma série de questões relacionadas à segurança no trânsito.  A direção defensiva tem de ser praticada por todo condutor de veículo, seja ele condutor de ônibus, van, carro de passeio ou motocicleta. Somos responsáveis por nosso  destino e pela vida das demais pessoas, quando estamos no trânsito. É preciso tomar cuidado, ser prudente. Tragédias podem ser evitadas.

Texto: da Redação
Fotos: Ilustrativas