Compradores de fora movimentam 20% do comércio iratiense

Com aproximadamente 60 mil habitantes, Irati é o município pólo da região Centro Sul do Paraná . Segundo o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Irati (Aciai), Rogério Luiz Kuhn, os compradores de municípios vizinhos somam cerca de 20% do mercado iratiense.

IMG_1018Pólo Regional
O secretário municipal de Indústria e Comércio,Estanislau Fillus, acredita que Irati se encaixa como principal cidade da região por ser a mais populosa do Centro Sul. Ele cita que além de receber muitas pessoas de outros municípios no setor comercial e industrial, as clínicas médicas também são bastante frequentadas por cidadãos residentes em outras cidades. “Tudo isso faz com que toda a região venha até Irati e isso é muito positivo, pois movimenta o nosso comércio, traz movimento para os restaurantes e demais prestadores de serviço de nosso município”, diz.

Rogério Kuhn também aponta enfaticamente que “sem dúvida nenhuma, Irati é um pólo comercial da região”. Para o presidente da Aciai, pessoas dos municípios vizinhos vêm até Irati não só por conta do comércio, mas também pelo fato da cidade ser sede de núcleos administrativos tanto em âmbito estadual, quanto nacional. “Isso tudo leva a que as pessoas optem por Irati para ter atendimento na área comercial, industrial e também nos serviços públicos”, explica.
Fillus ainda afirma que, em termos de comércio, Irati não deixa a desejar a União da Vitória, mas ainda não se iguala a Guarapuava e Ponta Grossa, por exemplo.
Isso, no entanto, não é motivo de desânimo para o secretário, pois estas cidades oferecem alguns serviços que não são obtidos em Irati. “Nós também podemos usufruir destas cidades maiores”, afirma. Ele até aponta que o recente desenvolvimento industrial em Ponta Grossa pode favorecer empresas prestadoras de serviço de Irati, como produção de peças, área metalúrgica, entre outros.

Uma das tentativas da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio é fortalecer cada vez mais o comércio iratiense para que os habitantes não precisem ir a grandes centros para realizarem suas compras. “Nesse sentido, os comerciantes têm se movimentado, melhorando suas lojas, deixando-as mais atrativas, com melhores preços e produtos”, afirma Fillus.

Essa questão, inclusive, é algo que já nem se discute na Aciai por ser um assunto passado, segundo Rogério Kuhn. Ele diz que há algum tempo eram realizadas campanhas para se evitar a evasão de compras, mas já não há necessidade de fazê-lo. “A evasão sempre vai existir, pois a classe A exige produtos e serviços que não se encontra no mercado iratiense como shoppings, cinemas, outras marcas. Mas essas evasão já não existe entre as classes B, C, D e E”, afirma.
Em relação à indústria, Kuhn cita o Condomínio Industrial que, segundo ele, “está se adequando lentamente”, como um fator positivo para Irati. “Empresários de outros municípios podem vir a se instalarem aqui”, diz. Outro ponto levantado pelo presidente da Aciai foi a questão urbanística do município. Para ele, a cidade também precisa ser atrativa visualmente para que chame a atenção de pessoas de fora.

O fato de cerca de 20% da arrecadação do comércio iratiense ser proveniente de visitantes de outras cidades pode até definir o sucesso ou não de uma empresa, de acordo com Kuhn. “Quando se abre uma empresa aqui em Irati é importante pensar em atender aos clientes de outros municípios”, conta.

Trabalhadores de fora
Como pólo, Irati também recebe diversas pessoas que moram nas cidades vizinhas e vêm todos os dia para trabalharem no município. Um dos exemplos é João Paulo Perussolo, gerente de uma grande empresa da cidade. Ele mora em Rebouças e há 11 anos vem todos os dias para trabalhar em Irati.

Perussolo explica que, por Rebouças ser uma cidade pequena – quase 15 mil habitantes – o mercado de trabalho se torna bastante restrito e, por isso, quando apareceu a oportunidade de trabalhar em Irati ele aceitou sem pensar.
Um dos principais motivos que faz com que ele permaneça morando em Rebouças é o custo elevado dos aluguéis em Irati. “O aluguel daqui é, muitas vezes, mais caro que de centros maiores”, afirma. Mesmo suas filhas estudando em escola particular em Irati e terem que vir de van todos os dias, Perussolo afirma que ainda assim fica menos oneroso morar em Rebouças.

Mão de obra
Quando questionado se o fato de pessoas de outros municípios virem trabalhar em Irati reflete a falta de mão de obra
especializada no município, o secretário da Indústria e Comércio, Estanislau Fillus aponta que esse não é um problema apenas de Irati, mas que esta é uma deficiência na maioria dos municípios.
“Nos últimos anos houve uma evolução na economia e nós demoramos a nos preparar, então falta mão de obra
especializada em todos os segmentos”, comenta.
Segundo pesquisa feita em 2012 pela Fundação Dom Cabral com 130 executivos de empresas de grande porte em todo o país, 92% deles têm dificuldades para empregar trabalhadores preparados para os cargos que oferecem.
Entre os principais obstáculos citados na pesquisa, 81% das respostas mencionaram a escassez de profissionais capacitados; 49% citaram a falta de experiência na função; e 42% reclamaram da deficiência na formação básica.
Um dos setores que mais há déficit de funcionários especializados em Irati é o setor madeireiro. Segundo Fillus, as fábricas de móveis do município têm dificuldade em contratar marceneiros de qualidade.


Texto: Guilherme Capello, da Redação


Foto: Sérgio Popo