Parto Normal ou Cesariana?


 Carla Ivana Araujo
Gestantes e profissionais do setor de saúde comentam sobre a escolha da forma de nascimento de um bebê, que pode ser até mesmo através do parto humanizado - há três meses uma moradora de Irati decidiu ter seu segundo filho em casa e conta como foi a experiência



No dia 6 de julho entrou em vigor a nova regra da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para estimular o parto normal nos planos de saúde. A Resolução Normativa nº 368 prevê, entre outras coisas, que a gestante tenha o direito de saber a porcentagem de partos normais e cesarianas de seu plano de saúde, de seu hospital e de seu médico.
Cesariana
Através dessa regra a ANS espera informar a gestante para que ela possa tomar uma decisão consciente sobre seu parto. Ela também deve receber o Cartão da Gestante, documento que traz os principais dados de acompanhamento da gestação. Ao apresentá-lo nos estabelecimentos de saúde em que for atendida, os profissionais saberão sobre o andamento de sua gravidez. Nesse cartão vão constar informações sobre o pré-natal, gestação e direitos das gestantes, como o de ter um acompanhante de sua escolha durante o parto.
A Normativa nº 368  tem como objetivo diminuir a porcentagem de cesáreas desnecessárias e aumentar a de partos normais nos planos de saúde. Em 2013, do total de 541.476 partos pagos por planos de saúde, 84,5% foram cesáreas, segundo informações divulgadas pela ANS. No SUS, segundo o Ministério da Saúde, esse índice é menor que 40%.
parto normal
Além da obrigatoriedade de fornecer o Cartão da Gestante, médicos também passam a ter de preencher o partograma. Trata-se de um documento que detalha o andamento do trabalho de parto. Se for necessário fazer uma cesárea ou recorrer a outras intervenções durante o parto, esse documento deve dizer por que esses procedimentos foram necessários. O que muda é que, agora, a operadora só vai pagar o médico pelo procedimento quando ele apresentar o partograma ou um relatório médico, quando não for possível fazer o partograma.
Planos continuam pagando cesarianas
Mesmo com essa normativa a gestante pode optar pela cesariana agendada, mesmo tendo condições de fazer o parto normal. O plano de saúde deve cobrir o procedimento. O que muda é que a gestante deve assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, em que declara que está ciente dos riscos associados à cesárea. Esse termo deve ser anexado ao relatório médico sobre o parto que será entregue à operadora de saúde no lugar do partograma.
Cesariana x parto normal
A enfermeira e responsável pelo pré-natal do SUS (Sistema Único de Saúde) na cidade de Irati Aline Mierzva explica as vantagens e desvantagens tanto da cesariana, como do parto normal. “A cesariana é um procedimento cirúrgico em que é preciso fazer uma anestesia, ela é realizada em uma hora, porém a gestante tem um risco maior de contrair infecções. À recuperação e lenta, a paciente sente dores pós-parto. Mas há aqueles casos em que a cessaria é necessária, isso geralmente acontece quando há complicações na hora do parto ou complicações no decorrer da gestação”, comenta Aline.
O parto normal envolve um trabalho de parto, com contrações sentidas na hora certa. "A partir disso, o médico avalia a dilatação do colo do útero, que deve chegar a 10 cm. Se o espaço for insuficiente para o bebê passar, é feito um corte cirúrgico na região perineal. Quando o colo estiver completamente dilatado e as contrações estiverem fortes, as paredes do útero farão uma pressão e, com a ajuda da mãe, impulsionarão a criança para fora. O parto normal pode durar ate 12 horas quando feito pela primeira vez”, explica a enfermeira.
Algumas mulheres têm medo de ter dores e acabam optando pela cessaria, entretanto o que muitas não sabem é que não precisam sofrer todas as dores do parto, ao escolherem o parto normal. "É possível dar uma anestesia e fazer com que a gestante continue participando do trabalho de parto”, ressalta Aline. De acordo com ela, a recuperação é rápida e a paciente não sente dor após o parto, além disso, o risco de infecções é muito menor.
Parto normal auxilia o bebê
“O parto normal é muito mais saudável inclusive para o bebê, já que durante a formação do feto, os pulmões se desenvolvem em um ambiente cheio de líquidos e, até o nascimento, esse órgão não tem um funcionamento efetivo. Com o parto normal e a passagem do bebê pela pelve, que é estreita e apertada, ocorre a retirada do excesso de líquido dentro dos pulmões. Isso acontece por conta da compressão torácica e o bebê se recupera melhor, tendo menos riscos de desenvolver problemas respiratórios”. Conta a enfermeira.
Emilí Iantas
Emilí Iantas vai ser mãe pela primeira, ela está com 28 semanas de gestação e espera o pequeno Emiliano, previsto para nascer no fim de setembro. Emilí planeja ter o filho de parto normal. “Tenho mais algumas consultas antes do meu filho nascer, preciso ter certeza que as condições são as melhores possíveis para que ele possa nascer bem, minha gravidez tem sido tranquila, então acredito que ele vai nascer de parto normal”, diz.
Emilí acredita que esse tipo de parto aproxima ainda mais o bebê da mãe e assim terá mais confiança, pois o bebê estará ali ao seu lado e poderá ter a sua primeira mamada na primeira hora depois de seu nascimento.

Parto Humanizado
Muito se fala sobre o parto humanizado e muita polêmica existe sobre ele, mas a maioria das  pessoas aceita que é aquele em que as decisões da mulher são levadas muito mais em conta do que em um parto convencional. Isso significa deixar a natureza fazer o seu trabalho, realizar um mínimo de intervenções médicas e apenas as autorizadas pela gestante, sempre levando em consideração a segurança e saúde dela e do bebê.
 A enfermeira e responsável pelo pré-natal do SUS (Sistema Único de Saúde) na cidade de Irati Aline Mierzva comenta que para isso acontecer, é preciso que ambos estejam bem e saudáveis, sem nada que exija cuidados extras. "Não importa se ele ocorre na cama, na água, em casa, no hospital. Em um parto humanizado, a ação é toda da mulher que segue o processo fisiológico do parto", finaliza a enfermeira.
Para passar por um parto Humanizado é preciso fazer um bom pré-natal para saber se a saúde da gestante a do bebê estão bem, só assim é possível realizar um parto sem intervenções. Carla Ivana Araujo viveu essa experiência há 3 meses, mãe de uma menina de 9 anos a qual nasceu de cesariana ela pôde ter uma grande experiência com o nascimento do seu filho mais novo. Em casa e com a ajuda de uma enfermeira, Carla teve seu filho embaixo do chuveiro. “Foi emocionante o nascimento do meu filho o contato que tive com ele, meu esposo e minha filha mais velha puderam acompanhar de perto a chegada do bebê, foi tudo muito natural”.
Existem muitas vantagens para a mãe e filho em ter um parto desse tipo. Como não há necessidade de recuperação da anestesia, nem de uso de medicamentos, além do maior conforto emocional, a tendência é de um restabelecimento mais rápido, além de uma percepção mais positiva da experiência do parto. Carla conta que sua recuperação foi muito rápida,  "depois do período cansativo de contrações até o nascimento do bebê me sentiu bem e pude aproveitar ao máximo aquele momento, sem dores e em casa junto de sua família".  

Silmara Andrade / Hoje Centro Sul