Profissão futura: "Cada escolha é um ganho e uma perda"

A escolha da profissão é um assunto que causa dúvidas e para muitos jovens e adolescentes, a decisão pode ser tornar um verdadeiro desafio. Segundo uma pesquisa, realizada em 2013 pela Universidade Anhembi Morumbi com quase 19 mil jovens, 59% dos entrevistados afirmaram já terem decidido seu futuro profissional. Apesar disso, apenas 46% dos entrevistados já tiveram algum contato com a profissão dos sonhos.

Thaís Siqueira/Hoje Centro Sul
Com o objetivo de sanar dúvidas e auxiliar no processo de escolha, a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) realizou no último dia 3, quarta-feira, em Irati, a Feira das Profissões 2014. Cerca de 900 alunos de toda região participaram do evento e puderam conhecer os cursos ofertados pela instituição. A equipe do Jornal Hoje Centro Sul conversou com alguns adolescentes que estiveram na Feira e descobriu como está sendo o processo de decisão profissional desses jovens. 
A estudante Nathalie Andrade, 15, do Colégio Estadual São Vicente de Paulo, conta que essa é a primeira vez que visita a Feira e ainda está em dúvida sobre o que fazer profissionalmente. “Eu não sei direito o que eu quero, estou bem confusa, na verdade. Eu não gosto muito de exatas, gosto mais de humanas. Então, eu pensei em Psicologia ou Letras com ênfase no inglês, porque é mais fácil e seria interessante ser professora. Eu vim para a feira para tentar tirar as minhas dúvidas e saber como funcionam as duas profissões”, explica.

Ao contrário de Nathalie, Shirley Thaís Krupczak, 15, do Colégio SESI, está bem decidida e explica que decidiu fazer Administração por causa de um curso que participou em 2013, onde percebeu que suas habilidades se encaixavam com o perfil da profissão. Ela aproveitou a Feira para conhecer mais sobre o curso que escolheu.

“Eu já fui preparada. Quando visitei a Feira, o meu objetivo era saber mais sobre a área, como a minha profissão iria ser. Então, já fui direto ao estande do curso que eu queria. Chegando lá, tive a certeza que era isso mesmo que eu queria fazer. Os acadêmicos me explicaram tudo muito bem e me passaram segurança”, afirma.

Para Shirley, estar em contato com a profissão escolhida é de extrema importância, pois permite que a pessoa conheça os prós e contras do trabalho. “É muito importante que você esteja em contato com a área que você quer seguir, porque às vezes, você pode até mudar de opinião e tem tempo de escolher outro curso”, completa.

A também estudante do Colégio SESI, Crislaine Elis Filipak, 17, conta que optou pela Agronomia após conversar com um profissional da área. “No início do primeiro ano, eu queria fazer direito. Meu pai é agricultor e em uma conversa dele com um agrônomo, eu pude participar e comecei a perguntar a ele sobre a profissão. Eu fui me interessando e fui em busca de mais informações sobre a área. Eu acho que é isso que eu quero pra mim, porque acho muito fantástica essa área”.
Crislaine está em ano de vestibular e, inclusive, já realizou uma prova no mês de julho. Porém, ainda não obteve resultado positivo. Ela explica que prestará mais três vestibulares ainda esse ano e caso não consiga a classificação, tentará uma vaga para o curso de Engenharia Ambiental.
“Lá na Feira, eu pude conhecer outros cursos também. Se eu não passar em Agronomia, vou fazer Engenharia Ambiental, que está na mesma área e me interessou como segunda opção. Esse ano, ainda vou fazer os vestibulares da Unicentro, UEPG e UFPR”, completa.

Participação da escola

O número de jovens em dúvida sobre o futuro profissional não é pequeno. Por causa disso, muitas escolas desenvolvem projetos e programas que visam auxiliar o aluno a tomar essa decisão de forma consciente. Exemplo disso é o Colégio SESI, de Irati, que possui em sua grade curricular o projeto de orientação vocacional e profissional.

A pedagoga do Colégio SESI, Thaís Gnatkoski, explica que o futuro profissional é uma questão delicada para muitos alunos. “Quando nós abordamos a questão da escolha profissional, é uma angústia para eles, porque a maioria quer fazer o vestibular, mas a oferta é tão grande, que eles não sabem o que fazer. Quando eles vão fazer a inscrição para o vestibular, mesmo o aluno do terceiro ano, pega a lista de opções de curso e pensa: eu não sei o que fazer”, diz. Thaís conta como o tema é trabalhado em aula e explica que todos os alunos podem participar do programa. “Essa orientação é ofertada do primeiro ano ao terceiro ano do ensino médio. No total, são 145 alunos. Nas aulas, a psicóloga aplica dinâmicas direcionadas ao autoconhecimento. Muitas vezes, o aluno não se conhece, não percebe suas habilidades e acaba optando por uma profissão que não seja sua área. Por exemplo, eu tive um aluno que começou enfermagem, mas desistiu, porque desmaiou na primeira aula de laboratório, por causa do sangue”. Ela também destaca que as principais dúvidas dos alunos sobre a Universidade são em relação às cotas e ao ENEM.

Além da orientação aos alunos, Thaís afirma que o colégio também trabalha o assunto com os pais e ressalta a importância desse envolvimento. “Percebemos que muitos pais já conversam sobre o assunto com eles. Essa interação é importante. Porém, orientamos os pais a respeitarem a decisão e a vontade dos filhos. Normalmente, os pais colocam muitas expectativas sob o filho. Por exemplo, ‘eu não tive e quero que o meu filho tenha, eu não estudei e quero que o meu filho estude’, mas às vezes, o pai quer que o filho faça o curso que ele queria, mas não pôde cursar. Então, nesse impasse, acaba gerando um conflito e o filho fica frustrado. Temos que aceitar que cada pessoa tem uma competência e uma habilidade, coisas que ela gosta de fazer mais e coisas que ela gosta de fazer menos”, completa.

Apesar do trabalho, a pedagoga afirma que a maioria dos alunos ainda faz a escolha na última hora. “A maioria deles ainda tem muitas dúvidas. São poucos os que já sabem o que querem fazer, que estão realmente decididos. A maioria decide na hora de fazer o vestibular”, ressalta.

Kyene Becker