Unicentro de Irati sedia o II Congresso Internacional de Saúde Mental

O campus da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) em Irati será sede da segunda edição do Congresso Internacional de Saúde Mental durante os dias 07, 08 e 09 de agosto. De acordo com os professores Kátia Alexsandra dos Santos e Clayton Washington dos Reis, o 680_psico1evento “tem por objetivo reunir acadêmicos, profissionais e professores das áreas da psicologia e afins, com o intuito de criar espaços de discussão acerca de questões relevantes e desafios atuais no contexto da reestruturação da assistência em saúde mental em nosso país, enfatizando as dimensões clínico-políticas envolvidas nesse processo”. O congresso contará com participações de diversos pesquisadores brasileiros e estrangeiros que dialogarão com os participantes através de palestras, mesas redondas, oficinas, mostras de práticas e sessões de comunicação. Ao todo, o evento contará com 700 inscritos durante os três dias de programação. As inscrições foram encerradas no dia 01 deste mês.

A psicologia
De acordo com os professores, a psicologia “é uma Ciência que tem por finalidade a compreensão do ser humano em suas dimensões biopsicossocial, buscando melhorar a qualidade de vida das pessoas”. Kátia e Reis explicam que, mesmo atualmente, ainda existe um certo desconhecimento da população sobre o papel da psicologia na sociedade. “Assim, ideias como: “Terapia é só pra maluco"; "Só depressivos vão em psicólogos” constituem-se em mitos disseminados socialmente, mas que não se referem ao real papel do psicólogo. A psicologia é um campo muito mais amplo, que vai para além do cuidado com aqueles que apresentam um quadro psicopatológico, envolve o cuidado da saúde mental”, afirmam. Para o estudante do 5º de psicologia da universidade, Daniel Nazar Kengerski, ainda há um “um longo caminho ainda na desconstrução da ideia de que psicologia é ‘coisa para louco’”. Ele justifica esta afirmação pelo fato de que a “psicologia é uma profissão relativamente nova no Brasil (pouco mais de 50 anos) e que, durante muitos anos, ajudou a manter uma imagem da doença mental como algo ‘assustador’ ou ‘bizarro’”.
Vertentes
Uma das atividades do profissional em psicologia é a psicoterapia (ou terapia, pelo senso comum). Os professores explicam que este trabalho se resume numa “intervenção clínica que é respaldada por métodos e técnicas que se apoiam nas mais diversas teorias da psicologia”. A pre-missa deste processo baseia-se na “escuta qualificada” e no relacionamento entre o profissional e o paciente. Kengerski frequenta sessões de terapia semanalmente. “Escolhi fazer minha análise pessoal com uma profissional que atua na abordagem psicanalítica, na qual o resultado não é uma “cura”, mas a possibilidade do paciente de se conhecer e poder agir sobre suas relações. Ou seja, a terapia é um processo, que depende tanto do paciente, quanto do profissional, no qual o resultado é uma melhor qualidade de vida para o sujeito”, comenta.
Como qualquer Ciência, a psicologia também tem suas vertentes. No caso de Kengerski, ele escolheu um profissional que efetue uma abordagem específica. Porém, “independente de qual vertente teórica o profissional tenha optado, sua prática é embasada por pressupostos teóricos e metodológicos; e, além disso, respaldada por um Código de Ética que regulamenta as ações do profissional”, explicam os professores da Unicentro. Kátia e Reis acreditam que “a formação pessoal influencia positivamente na formação profissional”, por tanto, orientam os alunos do curso de psicologia à participarem de sessões de terapia durante os anos na universidade.

Campo de trabalho
O profissional de psicologia não tem que, necessariamente, trabalhar num consultório, segundo os professores. O campo de trabalho é amplo e abrange muitos ramos diferentes. Escolas, empresas (recursos humanos), comunidades, hospitais e fóruns são alguns exemplos de estabelecimentos que, geralmente, contratam profissionais da área. O estudante do 5º ano já descobriu onde quer trabalhar após atuar como estagiário. “Atualmente, o estágio na clínica-escola da Unicentro – que disponibiliza atendimento terapêutico gratuito para a comunidade – tem me interessado bastante. Minha vontade é atuar como psicólogo clínico mesmo”, comenta.
O psicólogo Felipe Moreira Vasconcelos atua no atendimento clínico há 5 anos. Ele afirma que, na maioria dos casos, os pacientes que já foram consultados por ele compareceram ao seu consultório por causas comuns, como por exemplo, a busca por uma orientação profissional. “Dificuldades no relacionamento interpessoal e a procura por autoconhecimento são, de longe, a maioria dos motivos pelos quais pessoas me buscaram como psicólogo”, afirma. Alguns destes pacientes, a princípio, desconhecem o real motivo pelo qual marcaram uma consulta. “Geralmente, essas pessoas vem por exigência de algum família, de um cônjuge etc. Só no decorrer das consultas, com auxílio do profissional, o paciente entende porque está lá”, completa. Vasconcelos finaliza dando um conselho para aqueles que estão na dúvida ou tem receio de se consultar. “Vá até um psicólogo. Conheça o trabalho desse profissional. Apresente suas dúvidas. Só assim as pessoas vão entender os processos do acompanhamento clínico e olhar o ofício com olhos mais esclarecidos”, diz.


Texto: Lucas Waricoda
Fotos: Arquivo